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Brasília

Punição para os “financiadores”, impunidade para os militares?

Moisés Mendes esquece quem são os principais responsáveis pela invasão das sedes dos Três Poderes

Em artigo intitulado Sem apaziguamentos com os criminosos do 8 de janeiro, publicado pelo Brasil 247, o articulista Moisés Mendes, citando discursos de figuras verdadeiramente medonhas, como Paulo Gonet e Alexandre de Moraes, afirma que “é a hora do sistema de Justiça apressar o passo”. Referindo-se à invasão das sedes dos Três Poderes, ocorrida em 8 de janeiro de 2023, Mendes defende que “apaziguar seria encorajar grupos extremistas à prática de novos atos”. Ou seja, é preciso punir aqueles que participaram da manifestação daquele dia.

Mas quem exatamente Moisés Mendes quer colocar atrás das grades? Ao dizer que “a impunidade não é o único objetivo perseguido pelos criminosos do 8 de janeiro e seus líderes”,  o autor dá entender que todos os manifestantes seriam “criminosos”, assim como aqueles que teriam organizado e financiado a manifestação. Se de fato Mendes considera todo mundo “criminoso” por ter participado de uma manifestação, estamos diante de uma aberração completa. Afinal, manifestar-se não é crime, defender um golpe militar não é crime, contestar eleição não é crime, nem mesmo invadir um prédio público como parte da manifestação é crime.

A única coisa que pode ser considerada crime é o dano ao patrimônio público, o que é previsto por lei. Assim, caso o Estado comprove que uma determinada pessoa tenha quebrado uma vidraça, por exemplo, essa pessoa poderia ser punida. Do contrário, não. Nada justifica a prisão temporária de mais de 1,3 mil pessoas.

E os “líderes”? Poderiam ser punidos? Sim, a depender do que de fato fizeram. Vejamos o que propõe Mendes:

“A etapa ainda inconclusa, para que o passado não ressuscite e nos vença, é a do desfecho de investigações e processos contra os poderosos inalcançados, dos altos chefes aos endinheirados que subsidiaram o golpe”.

Moisés Mendes quer, portanto, prender as pessoas que teriam contribuído financeiramente para que ocorresse a manifestação. Esses seriam, portanto, os “lideres”. Mendes erra duplamente.

Em primeiro lugar, também não é crime financiar uma manifestação. O Estado não poderia prender uma pessoa por financiar uma manifestação, ainda que ela desse lugar a atos de vandalismo, pois o financiador não teria, em tese, a obrigação de saber exatamente o que iria acontecer durante o ato público. A menos que ficasse comprovado que o objetivo do financiamento era o de cometer algum crime, não é cabível a punição.

Mas há outro problema aqui. Ao considerar como problema central punir os “financiadores do golpe”, o articulista está isentando completamente os verdadeiros responsáveis pelo 8 de janeiro. Responsáveis que não apenas devem ser combatidos, pois são uma ameaça ao povo brasileiro, mas também que poderiam, de acordo com a Lei, serem punidos.

Os responsáveis, todos sabem – talvez à exceção de Moisés Mendes -, sãos os militares. Foram eles quem organizaram a manifestação e, mais importante de tudo, foram eles que garantiram que a invasão à sede dos Três Poderes acontecesse. Eles, portanto, sabotaram abertamente o governo brasileiro, que ficou desmoralizado, com fins explicitamente políticos. A sabotagem dos miliares, isso sim, poderia e deveria ser julgada. No entanto, não há qualquer sinal de que isso aconteça.

O artigo de Moisés Mendes, portanto, não contribui para evitar que outras manifestações como a de 8 de janeiro aconteça. Muito pelo contrário: serve apenas de cobertura para que os militares continuem agindo impunimente.

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