Há oito anos, no dia 17 de abril de 2016, a Câmara dos Deputados iniciava a maior sessão de sua história para um duro ataque ao povo brasileiro: o golpe de Estado que, naquele dia, iria derrubar a presidenta democraticamente eleita do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff. Articulado pelo imperialismo, o golpe seria a mais expressiva derrota da classe a trabalhadora desde o fim da Ditadura Militar (1964-1985).
Secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo na época, o atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi um entusiasta do golpe, que alçaria Michel Temer à Presidência da República e levaria o organizador da repressão paulista ao Ministério da Justiça, sob a tutela de Temer, e, um ano depois, ao STF.
Apresentado hoje como um “bastião da democracia”, Moraes exibia a mesma sanha fascista dispensada hoje aos bolsonaristas contra a esquerda. Comentando uma manifestação ocorrida contra o golpe, o homem da cabeça lustrosa não economizou hipérboles ao caracterizar como “atitude criminosa” o evento ocorrido na capital paulista, chamando-o ainda de “atos de guerrilha”:
“‘Eu não diria que foram manifestações. Foram atos que não configuram uma manifestação porque não tinham nada a pleitear. Tinham, sim, a atrapalhar a cidade. Eles agiram como atos de guerrilha. Nós vamos identificar [as pessoas], porque há atitudes criminosas, inclusive colocando em risco outras pessoas, como no caso da 23 de Maio e em outros locais onde pneus foram queimados’, disse o secretário do governo Alckmin (PSDB)” (Protestos pró-Dilma foram ‘atos de guerrilha’, diz Alexandre de Moraes, Reynaldo Turollo Jr., Folha de S.Paulo, 10/5/2016).
Inadvertidamente tornado “defensor da democracia” pela esquerda pequeno-burguesa (tendo também se notabilizado pela repressão à mobilização dos estudantes secundaristas no mesmo ano), Moraes disse ainda ter “absoluta certeza que [a luta contra o golpe] é fogo de palha isso, até porque o pequeno número de manifestantes demonstra isso, e, se eles se tornarem violentos, serão tratados como criminosos, não como manifestantes”.
O “democrata” aproveitou, por fim, para elogiar nada menos do que a polícia paulista pelo “trabalho” realizado. “Para o secretário, ‘a PM agiu rapidamente, desobstruindo as vias em pouco mais de uma hora’“.
Em outra matéria sobre as colocações do hoje isolado ministro do STF, esta, publicada do Estado de S. Paulo, Moraes defende a intimidação da PM paulista em ato ocorrido na cidade de Diadema, região do ABC paulista, quando agentes invadiram um ato privado armados. Sempre apoiador da repressão e do verdadeiro fascismo, o então secretário defendeu a invasão cometida pelos PMs, atribuindo o escândalo a “a algumas pessoas do PT” para “se contrapor” a uma manifestação da direita ocorrida.
“‘No próprio dia nós já verificamos o que ocorreu. Na verdade, algumas pessoas do PT querem criar fatos inexistentes para tentar se contrapor, infelizmente, à grande manifestação que houve ontem (domingo)’, disse o secretário da gestão Geraldo Alckmin (PSDB)”. “Não há nada, nada que tenha ocorrido de anormal”, disse o “petista” Moraes.
Reforçando sua ligação com os golpistas que derrubaram Dilma Rousseff e impuseram o neoliberalismo ao País à força, já como ministro do STF e em discurso proferido no último dia 3, na sessão da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que concedeu a Michel Temer o título de cidadão honorário de Brasília, Alexandre de Moraes prestou loas a um dos principais golpistas da trama que derrubou Rousseff, chamando-o de “trabalhador”, “competente” e manifestando “um grande orgulho de ter participado do seu governo”:
“Todas as injustiças dolosas que foram feitas contra o governo do presidente Michel Temer não apagaram o sucesso de seu governo. As reformas aprovadas, que até hoje fazem a diferença, as privatizações aprovadas, a modernização na administração.”
“Foi um grande presidente. Presidente sério, presidente trabalhador, um presidente que transitava como presidente e continua transitando pelos Três Poderes. Se nós formos olhar na história dos presidentes da República, nós não temos nenhum presidente que se equipara com o presidente Michel Temer na qualidade de diálogo com todos os Poderes”, disse ainda Moraes.
Sua ligação umbilical com o ataque ao País perpetrado pelo imperialismo no golpe de 2016, o reacionarismo e a sanha repressiva do ministro fascista fizeram o PT apresentar Moraes como tudo, menos democrata. No último dia 8, o direitista portal Poder 360 mostrou uma série de publicações no X feitas pelo partido, com uma avaliação muito mais próximo da natureza política de Moraes do que a falsificação atual de “defensor da democracia” e que tornou o partido o único ponto de apoio do juiz, agora descartado pelo imperialismo.