Faltam nove dias para o segundo turno das eleições. Segundo a última pesquisa Datafolha, Ricardo Nunes lidera as intenções de votos 18 pontos à frente de Guilherme Boulos, 51% contra 33%. Mesmo levando em conta que as pesquisas podem ser manipuladas, fato é que a vitória do psolista é quase impossível.
Lula e o PT abriram mão de ter candidato própria na principal cidade do País. São Paulo não é importante apenas por ser a maior e mais rica cidade do Brasil, mas porque sempre foi um reduto militante e eleitoral do PT e da esquerda. Abrir mão de lançar candidato ali, é quase como um atestado de falência do partido.
Lula e o PT fizeram uma manobra horripilante para apoiar Boulos, colocando como vice Marta Suplicy, uma traidora do próprio partido e do povo, que abandonou o PT para entrar no MDB golpista de Michel Temer, não por coincidência o mesmo partido de Ricardo Nunes.
Tudo isso em si já era um verdadeiro desastre. Mas a coisa pode sempre piorar.
No meio desse desastre eleitoral e político, o PT destinou para a candidatura do psolista Boulos a maior verba.
No segundo turno, o PT destinou R$15 milhões de reais para a campanha de Boulos, mais do que o dobro do que foi destinado ao candidato do próprio PT em Fortaleza, Evandro Leitão (R$7,3 milhões). Em Porto Alegre, de longe a principal cidade em que o PT disputa o segundo turno, Maria do Rosário, militante tradicional do partido, recebeu apenas R$3,5 milhões.
Mas isso não é tudo. No primeiro turno, o PT já havia destinado R$ 30 milhões para Boulos, o que significa quase 40% das doações do partido para as disputas nas capitais.
Em suma, Lula e o PT deram R$45 milhões para uma candidatura derrotada e hostil ao próprio partido.
Qualquer pessoa que convive minimamente com a esquerda pequeno-burguesa sabe a hostilidade da maioria dos paulistas contra Lula e o PT. O PSOL apenas começou a se reaproximar do PT, pegando carona no eleitorado de Lula, quando percebeu que seria muito impopular continuar defendendo a Lava Jato, como fizeram algumas de suas alas.
Guilherme Boulos, antes mesmo de ser do PSOL, era hostil a Dilma Rousseff nas vésperas do golpe de Estado. Não convém aqui falar toda a história de hostilidades do PSOL e particularmente de Boulos contra o PT.
Fato é que o PT deu para um grupo hostil a ele a principal vitrine do País. O candidato a prefeito é um elemento impulsionado por setores da burguesia que defenderam o golpe e são anti-petistas, como a Folha de S. Paulo, isso sem contar o histórico que citamos anteriormente. A candidata a vice é uma traidora do próprio PT e retornou ao partido de forma postiça, Marta já não tem nada a ver com o partido.
Se Boulos ainda tivesse alguma chance de vencer, ainda seria possível entender tamanho investimento numa chapa inimiga. A ânsia por cargo da esquerda oportunista explica muita loucura. Mas nem isso. É quase certa a derrota da Boulos.
Se é assim, todo o investimento e esforço do PT e de Lula só serviram para fazer propaganda de elementos hostis a eles mesmo. É como se a Coca-Cola financiasse a propaganda da Pepsi e ainda aparecesse falando que o bom mesmo é tomar Pepsi.
O oportunismo eleitoral leva a essas grandes espertezas. Como se não fosse o bastante, o perfil do PT de São Paulo no X fez uma arte com a estrela vermelha e o 50 do PSOL.
Estaria o PT com algum tipo de tendência suicida?