O folclórico Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) é autor de feitos realmente inacreditáveis. Hoje conhecido como “ursinho carinhoso do morenismo”, devido à sua frente aberrante com o imperialismo na defesa do golpe militar no Egito (2013) e do golpe fascista na Ucrânia (2014), o PSTU já mostrou ser capaz de qualquer coisa para receber um tapinha nas costas do Tio Sam.
A nova presepada do ursinho do morenismo aconteceu no dia 15 de maio, em Recife, durante a mais recente manifestação de apoio ao povo palestino. O ato, que teve início na Praça do Derby, no centro da capital pernambucana, saiu em passeata até a rua do Consulado Geral dos Estados Unidos, mas acabou sendo impedido de se aproximar do prédio ocupado pelo governo norte-americano por causa de um bloqueio policial.
A manifestação era uma homenagem aos 76 anos da Nakba, a catástrofe palestina. Uma data para lembrar o sofrimento de todo um povo que sofre um processo criminoso limpeza étnica. Mas para o PSTU, não era o povo palestino quem merecia solidariedade. Os morenistas tentaram fazer da manifestação um ato de apoio aos policiais militares do estado de Pernambuco!
Quando a passeata chegou à Rua Gonçalves Maia, Bruno Otoni, integrante do PSTU, era quem estava responsável por chamar os inscritos para fazer sua fala no carro de som. Otoni era, por assim dizer, o moderador do ato. Mas para ele, limitar-se a chamar os inscritos não era suficiente. Com o microfone na mão, Otoni, a todo momento, ficou chamando os fascistas da Polícia Militar de “companheiros”. Ao mesmo tempo em que tratava os agentes da repressão com todo carinho, Otoni também tentava impedir que militantes de outras organizações, como o Partido da Causa Operária (PCO), falassem. Otoni chegou a anunciar o fim das inscrições, antes de o PCO ter falado, obrigando, então, que um grupo de militantes do Partido subisse no carro de som e garantisse que seu direito à fala fosse respeitado.
Antes desse entrevero, no entanto, Otoni fez a sua fala em nome do PSTU – que, curiosamente, seria a última fala. E conseguiu meter ainda mais o pé na jaca. Não bastasse apelar aos “companheiros” da Polícia Militar, Otoni ainda fez questão de dizer que os agentes da repressão eram “oprimidos”. Isso mesmo, em um ato contra o assassinato monstruoso de mais de 35 mil palestinos em sete meses, em um ato que tinha como objetivo lembrar os mártires de mais de sete décadas de luta, o ursinho do morenismo lembrou a “opressão” que “sofrem” os animais fardados da Polícia Militar.
Se há algo no Brasil semelhante ao sionismo, é justamente a Polícia Militar – que é, inclusive, treinada e equipada por “Israel”. É a polícia que matou mais de seis mil pessoas apenas no ano de 2023. É a polícia que torturou e executou mais de 60 pessoas em uma única operação na Baixada Santista. É a polícia que, em Pernambuco, abriu fogo contra manifestantes durante ato “Fora Bolsonaro” em 2021. E é, por fim, a polícia que foi enviada para reprimir os manifestantes que estavam ali para defender o povo palestino.
Quem é o oprimido da história, uns animais armados até os dentes que ameaçaram usar de violência física contra um grupo de manifestantes para defender o governo do país mais poderoso do mundo ou justamente o grupo de manifestantes que não têm sequer o direito de protestar contra um genocídio? Para o PSTU, os oprimidos são a polícia. Devemos concluir, portanto, que também são oprimidos os integrantes das forças de ocupação de “Israel” e também são oprimidos os coitados dos “colonos” que assaltam os caminhões com ajuda humanitária…
O comportamento do PSTU, ainda que absurdo, é, no entanto, esperado. No dia 29 de outubro de 2023, a agremiação morenista já havia dado uma demonstração de que sua bússola para determinar quem é oprimido e quem é opressor segue critérios únicos. Naquela data, quando o povo paulistano saía às ruas em apoio ao povo palestino, o PSTU impediu um manifestante de prestar o seu apoio ao Movimento de Resistência Islâmica (Hamas). Afinal, opressor é o Hamas, e não o Estado de “Israel”! O curioso é que, de tanto gostar da polícia, o PSTU se comportou, naquele ato, como uma verdadeira força policial, tomando à força o microfone do manifestante, conforme registrado em vídeo.
O que foi surpreendente, contudo, foi a reação às barbaridades faladas pelo PSTU no Recife. Quando começou a falar que os policiais eram “oprimidos”, Bruno Otoni foi interrompido por uma sonora vaia e por gritos como “PSTU, vai tomar no c*”. Em outro momento, em uníssono, os manifestantes gritaram “chega de caô, policial não é trabalhador”.
O ursinho do morenismo conseguiu de fato um grande feito. No ato do Recife, o PSTU conseguiu unificar toda a esquerda pernambucana. A manifestação inteira se insurgiu contra aqueles que tentaram fazer do ato de apoio ao povo palestino uma homenagem à repressão policial.