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Leste Europeu

PSTU conseguiu ficar à direita de Biden na questão da Ucrânia

Autoproclamados 'trotskistas' brasileiros demandam mais empenho do imperialismo norte-americano na defesa do regime de Zelenski

Assinado por Taras Shevchuk da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) e publicado no órgão Opinião Socialista, do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o artigo Mil dias de guerra na Ucrânia: Putin joga “roleta russa” com ogivas nucleares?, renova o grau da submissão política dos morenistas ao imperialismo, em especial à sua ala mais poderosa, o Partido Democrata. Ambos defendem a política de jogar a Ucrânia na fogueira pelos interesses criminosos dos monopólios, o que é expresso sem meias-palavras em frases como “a Ucrânia obteve de Biden a demorada ‘permissão limitada’ para poder atingir alvos em território russo com armamento de fabricação ocidental”.

Concretamente, o PSTU não apenas defende a manutenção da política que reduziu a Ucrânia a um campo de batalha da OTAN (a aliança militar imperialista) contra a Rússia, como demanda à Casa Branca (sede do governo dos EUA) maior celeridade na aprovação de uso de armas norte-americanas contra o gigante eslavo. Isso significa, portanto, que o partido brasileiro conseguiu um posicionamento à direita do próprio Joe Biden e do Partido Democrata. Como se isso não fosse o bastante, o artigo assinado por Shevchuk diz:

“Além dos alarmes e duelos retóricos de um e de outro lado, em essência, a política do governo dos EUA não mudou qualitativamente: restringir o fornecimento de armas ofensivas à Ucrânia.”

Oficialmente, até setembro de 2024, os EUA já tinham fornecido cerca de US$183 bilhões em ajuda à Ucrânia. Se para o PSTU isso ainda é “restringir o fornecimento de armas”, oremos para que os morenistas jamais tenham qualquer influência sobre a política da Casa Branca. É digno de nota, no entanto, que a política do partido não se dedique a outra coisa além de demandar mais intervenção e não de qualquer grupo, mas do imperialismo norte-americano, o mais poderoso do mundo.

O que o texto efetivamente defende é uma maior participação dos EUA na guerra, a título da defesa da Ucrânia, o que é apresentado sob uma retórica esquerdista e de suposta defesa da soberania ucraniana.

A soberania ucraniana depende, em primeiro lugar, da queda do regime de subordinação do país, oriundo do golpe do Euromaidan, em 2014. No momento em que ditadura nazista ucraniana manifestou interesse em submeter o país à União Europeia e à OTAN, o que está sob ameaça é outra soberania: a russa.

O artigo nem por acaso menciona a posição geográfica da Ucrânia, sua proximidade com a Rússia e em especial a capital, Moscou, o que, finalmente, não é de todo surpreendente. A pecha de “imperialista” é colada à Rússia com o único propósito de acuar um esquerdista mais desinformado e que não conheça a teoria marxista sobre o tema do imperialismo, e que, portanto, não seja capaz de perceber a contradição frontal entre ser uma economia exportadora de matérias-primas (caso da Rússia) e, ao mesmo tempo, um país onde o capitalismo se desenvolveu a ponto de evoluir para a consolidação dos monopólios. A posição defendida pelo PSTU é, acima de tudo, um apelo à ignorância, o que é reforçado no trecho: 

“Denunciamos os defensores encobertos de Putin, que com argumentos ‘pacifistas’ buscam isolar a resistência ucraniana para sua libertação nacional!”

Duas considerações devem ser feitas sobre a frase acima. A primeira é que “denunciar os argumentos ‘pacifistas’” é também a posição do imperialismo por uma razão muito simples: a paz não interessa aos monopólios.

Os russos estão em busca de garantias de que, ao contrário do que ocorreu a dezenas de ex-repúblicas soviéticas, a Ucrânia não será convertida em um país fantoche da ditadura mundial, além de uma cabeça de ponte para futuros ataques contra o país. O imperialismo despreza o pedido porque, finalmente, quer retalhar o território russo. Para isso, necessariamente precisa usar todos os países ao redor da colossal nação, como bases de apoio à ofensiva contra a Rússia.

A segunda é o papel do PSTU de apoiar a política de Biden. O partido morenista fantasia uma “resistência ucraniana”, uma farsa facilmente comprovada pelos registros que pululam na Internet e demonstram que a verdadeira resistência é da população ucraniana contra o alistamento militar obrigatório.

É verdade que “a classe trabalhadora ucraniana está na linha de frente” na guerra e também “na retaguarda, fazendo sacrifícios para sustentar a economia”. O que o cinismo do PSTU esconde é que os operários ucranianos não estão, como diz o artigo, “oferecendo sua vida pela soberania e integridade do país” de bom grado, mas pelo terror de grupos nazistas dedicados ao policiamento das cidades, como os famigerados Batalhão Azov e o Pravyy sektor.

A posição do PSTU, ao atacar aqueles que defendem o fim da guerra, não apenas ignora as aspirações mais elementares da classe trabalhadora ucraniana, mas colabora diretamente para que ela continue sendo empurrada para um verdadeiro moedor de carne. Longe de representar uma defesa da “soberania” ou “libertação nacional”, como eles alegam, essa postura reforça o papel de peões que os trabalhadores ucranianos desempenham em uma guerra que só interessa ao imperialismo. É o imperialismo, e não o povo ucraniano, que precisa dominar a Ucrânia e usá-la como base militar para destruir a Rússia, garantindo sua ditadura global.

Ao se posicionar contra o que chama de “pacifismo” e a favor da escalada militar, o PSTU age como um braço auxiliar da política imperialista mais agressiva. Isso significa apoiar que operários sejam arrancados de suas famílias por bandos nazistas, forçados ao alistamento e enviados à morte em um conflito que não é deles.

No final, sua política se alinha aos interesses de Biden e da OTAN: quanto mais sangue, melhor. Essa posição, que coloca os socialistas à direita do imperialismo. Sob o pretexto de “solidariedade internacional”, o que promovem efetivamente é a submissão consciente aos piores inimigos da humanidade, algo que não pode ser aceito por verdadeiros representantes dos trabalhadores.

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