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Argentina

Privatização do Banco de la Nación, mas um ataque de Milei

Golpe na Argentina tende a piorar ainda mais a situação de fome e miséria da população no país que neste momento sofre com uma inflação de quase 300%

Na última sexta-feira (26) o ministro do interior da Argentina, Guillermo Francos, disse que o governo pretende privatizar o Banco de la Nación, o banco estatal argentino. A administração federal argentina pretende listar 49% das ações da instituição financeira na bolsa de valores.

Francos também disse que, caso parte do Banco de la Nación seja privatizado, as transações na instituição se tornarão mais transparentes e eficientes. “Toda esta coisa que hoje se faz um pouco escondida: a quem é dado o crédito, de vez em quando ouvimos um escândalo, que foi dado a uma empresa que faliu. Tudo isso, quando uma empresa está listada em bolsa, é absolutamente controlado e transparente”, declarou.

O Banco Nación conta com um quadro de 18.057 funcionários em todo o país e 238 funcionários no exterior. Ao mesmo tempo, tem uma imagem profundamente consolidada na Argentina, graças à existência de um total de 739 agências e 2.793 caixas eletrônicos em um grande número de cidades e vilas em todo o país. Desta forma, mesmo em cidades relativamente pequenas, a Filial da Nação é um dos principais edifícios que normalmente se localiza próximo à praça central. Nesse sentido, se assemelha muito ao Banco do Brasil.

Consequência da política ultra-neoliberal de Milei, a pobreza cresce de maneira acelerada no país. Saindo de 30% para 40% da população argentina durante o governo de Mauricio Macri, nos quatro anos do Fernández o percentual de argentinos vivendo na pobreza subiu quatro pontos percentuais. Já nos 100 dias de Milei, mais de 57% dos argentinos vivem na pobreza, um crescimento de impressionantes 13 pontos percentuais.

Desde que Milei assumiu em dezembro, os medicamentos aumentaram 40% acima da inflação, que, com, 254% em 12 meses, é das mais altas do mundo, enquanto o país chega a um nível de pobreza superior a 50%. A queda das vendas de 10 milhões de medicamentos em janeiro, 70% deles receitados, revela outra face da crise, na qual cuidar da saúde se tornou um luxo.

Ruben Sajem, diretor do Centro de Profissionais Farmacêuticos Argentinos, explicou à AFP que, “até o ano passado, havia um acordo entre o governo e os laboratórios para que os preços fossem moderados”. Mas esses acordos foram abandonados, bem como “as regulamentações e controles que a Secretaria de Comércio fazia”.

A aposentada de 73 anos, Graciela Fuentes, afirma estar passando por muita dificuldade. “Tomo cinco remédios, dois me dão de graça, gasto 85.000 pesos por mês (cerca de R$ 500), quase um terço da minha aposentadoria. Não tenho dinheiro”, diz com ironia, parafraseando Milei quando este justifica o ajuste feroz dos gastos públicos, entre os quais as aposentadorias e pensões, que foram os que mais caíram em janeiro, 33%, segundo um relatório do Instituto Argentino de Análise Fiscal.

O objetivo deste governo é mais do que claro, afundar de vez o país argentino e colocar a população na fome e na miséria para entregar as riquezas nacionais para o imperialismo por meio de um governo reacionário e ditatorial aqui na América Latina. É preciso que as organizações sindicais e toda e esquerda argentina se mobilizem nas ruas para derrotar o golpe e colocar Milei para fora. 

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