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Estados Unidos

‘Presidente dos EUA pacifista’, um delírio da esquerda 

O presidente dos EUA no fim da década de 1970 foi responsável por dois dos maiores ataques aos povos do Oriente Médio, os acordos de Camp David e a guerra contra o Irã

A morte de Jimmy Carter teve um impacto inesperado na esquerda mundial. Um grande setor elogiou o ex-presidente dos EUA, ou seja, o homem que dirigiu a máquina genocida que é o governo norte-americano por 4 anos da década de 1970. Um dos grupos que teceu diversos elogios ao membro do Partido Democrático foi o Partido Comunista da França que publicou um texto em seu jornal L’Humanité “Mort de Jimmy Carter, improbable pacifiste” (Morte de Jimmy Carter, um pacifista improvável). Esses elogios a Carter são mais uma capitulação diante do imperialismo “democrático”.

A tese é que Carter seria o presidente defensor de uma suposta paz: “certamente, ele foi o que mais dedicou sua vida à paz, algo raro, é preciso dizer, quando se trata dos ocupantes do Salão Oval. Essa longa trajetória foi coroada com o Prêmio Nobel da Paz em 2002”. Aqui o PCF mistura a conjuntura política dos EUA com um suposto idealismo de Carter. Ele foi presidente a partir de 1977, ou seja, logo após a derrota militar gigantesca dos norte-americanos no Vietnã. O governo dos EUA após essa derrota só se aventurou em grandes operações militares novamente na década de 1990 com o Iraque. Ou seja, Carter não era pacifista, o que acontecia é que o imperialismo se recuperava da derrota militar.

Os grandes feitos de Carter seriam na verdade o que ele fez após a presidência: “sem se intimidar pelo título de ex-presidente, assumiu posições extremamente impopulares em seu país. Opos-se às duas guerras contra o Iraque, em 1991 e 2003, e, ignorando qualquer ‘dever de reserva’, tornou-se um dos críticos mais ferozes do governo Bush, acusando ‘W’ (Bush). de mentir sobre a tortura. Em 2002, visitou Cuba, discursou na televisão estatal, denunciou a violação dos direitos humanos pelo governo cubano e defendeu o fim do bloqueio econômico à ilha”.

O homem servia como uma espécie de membro do Partido Democrata que ainda apresentava alguma posição menos agressiva. Mas qual foi a sua relevância? Ele era uma figura aceita pelo regime imperialista, fundou uma ONG para intervir internacionalmente. Esta ONG, inclusive a Carter Foundation, esteve envolvida na tentativa de golpe de Estado contra Nicolás Maduro em 2024. Algo que precisa ser destacado é que o texto afirma que se opor a guerra do Iraque era impopular, algo absurdo, o povo dos EUA não tem interesse em participar de guerras do outro lado do mundo. Isso é uma política impopular que o governo impõe.

Então o texto chega ao ponto mais baixo, Carter seria um suposto defensor da Palestina: “o último grande compromisso de sua vida foi a luta pelos direitos dos palestinos. Já em 2006, ele afirmou em um livro que Israel é um ‘Estado de apartheid’. Suas declarações foram condenadas pela quase totalidade dos congressistas, incluindo os democratas. O artífice dos Acordos de Camp David lamentava a impossibilidade, nos Estados Unidos, de criticar as ações dos líderes israelenses: ‘há neste país uma intimidação formidável que reduz nossos concidadãos ao silêncio’, constatava. Um silêncio observado por ‘indivíduos ou candidatos a cargos eletivos, bem como pela imprensa’. Desde então, a situação mudou: o consenso em favor de um apoio incondicional às políticas dos governos israelenses tem se deteriorado cada vez mais”.

Carter na verdade foi o homem dos criminosos acordos de Camp David, uma das maiores derrotadas dos árabes no Oriente Médio. Estes foram os acordos entre o Egito e “Israel” que neutralizam o Egito, o mais poderoso país árabe e vizinho de “Israel”, como uma força que lutava contra o sionismo. Carter na verdade deu um gigantesco golpe na luta de libertação nacional do povo palestino. Ele está na foto com o fascista Menachen Begin e Anuar Sadat nos acordos. Isso deveria levar a uma crítica eterna ao presidente dos EUA, mas por ter feito comentários quando já era velho e pouco relevante ele está sendo exaltado.

Mas o texto chega a ponto de considerar os acordos como algo positivo: “Os Acordos de Camp David, assinados em 17 de setembro de 1978 pelo presidente egípcio Anwar Sadat e pelo primeiro-ministro israelense Menachem Begin, fizeram brilhar sua estrela como ‘fazedor’ de paz, embora tenham rompido a unidade dos países árabes sem nunca serem plenamente implementados”. Ou seja, o próprio artigo afirma que não houve nada de positivo além da propaganda da “paz”. Essa é a definição perfeita do governo Carter, propaganda de “paz” e “democracia” sendo mais um agente do imperialismo.

E depois ele cita um caso importantíssimo, o evento mais importante do mundo durante o governo Carter, a Revolução Islâmica do Irã em 1979. “A crise dos reféns no Irã, durante a qual cinquenta e dois diplomatas e civis norte-americanos permaneceram sequestrados entre o final de 1979 e o início de 1981 por ‘estudantes’ iranianos na embaixada dos Estados Unidos em Teerã, foi usada por seus oponentes republicanos para retratá-lo como um presidente fraco, incapaz de garantir a segurança dos cidadãos norte-americanos”.

Ele cita o evento da embaixada dos EUA ignorando completamente que houve uma revolução operária no maior país do Oriente Médio. Nessa conjuntura, o que fez o presidente Carter? Começou o processo de contra revolução no Irã, os norte-americanos lançaram o Iraque contra o Irã em uma das guerras mais brutais do século XX. Essa guerra é identificada com o governo de Reagan, mas ele se iniciou no ano de 1980 durante o governo de Carter. Ou seja, o ex-presidente foi um agente ultra reacionário no Oriente Médio e ainda assim é elogiado por este setor da esquerda.

O que está por detrás disso é a campanha da “democracia” contra a ditadura. Carter é uma figura muito importante para essa política. Para apoiar a “democracia” dos EUA é melhor que o esquerdista tenham em mente um presidente imaginário, defensor da paz e dos oprimidos. O presidente democrata real, Joe Biden, o homem responsável pelo assassinato de mais de 20 mil crianças na Faixa de Gaza é uma pessoa muito dificil de ser engolida. Relembrar a imagem de Carter, nesse sentido, é tentar limpar a barra do Partido Democrata atual, partido com o qual um enorme setor da esquerda mundial quer fazer uma aliança.

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