Oriente Próximo

Presidente do Irã morre em circunstâncias suspeitas

Pouco após um mês do ataque iraniano a “Israel”, helicóptero iraniano cai no Cáucaso

Na tarde deste domingo (19), o helicóptero em que estava uma delegação do governo do Irã caiu após viagem à província iraniana do Azerbaijão, localizada na fronteira entre o país persa e o país do Cáucaso que tem o mesmo nome, Azerbaijão. Estavam presentes membros do alto escalão do governo, dentre eles, o presidente Ebraim Raisi, e o ministro das Relações Exteriores, Amir Abdolahian. Após mais de 12 horas de procura na região montanhosa do Cáucaso, a aeronave foi enfim encontrada por um drone turco. Todos os tripulantes estavam mortos.

Durante a procura, diversos países e organizações se solidarizaram com o Irã. O Hamas publicou um comunicado oficial: “nós, do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), estamos acompanhando com grande preocupação as notícias sobre o pouso de emergência do helicóptero que transportava sua excelência, o presidente da República Islâmica do Irã, Ebraim Raisi, o ministro das relações exteriores, Dr. Hussein Amir Abdolahian, e sua delegação acompanhante no noroeste do Irã, e a perda de contato com eles”.

Outras organizações da resistência também se solidarizaram. A Frente Popular Para a Libertação da Palestina: “nós nos solidarizamos com o povo do Irã. A FPLP está acompanhando com grande preocupação e interesse o trágico incidente envolvendo o Presidente Iraniano Ebraim Raisi e seu MRE, Hussein Amir Abdollahian. A Frente reafirma sua solidariedade com o povo iraniano e expressa seu total apoio à República Islâmica do Irã – sua liderança, governo e povo. Estamos ao lado do povo iraniano e seu governo, esperando que os esforços para encontrar o Presidente Raisi e seus companheiros sejam bem-sucedidos e que eles retornem em segurança”.

Mas não foi apenas a resistência que se pronunciou. Diversas nações se colocaram ao lado do Irã, inclusive com ajuda material. Tanto os turcos quanto os russos disponibilizaram equipes de resgates para auxiliar na procura o helicóptero. O Presidente Putin convidou o embaixador iraniano Jalali para seu escritório no Kremlin no domingo à noite e afirmou que os russos estavam prontos para fazer o que fosse necessário para ajudar o Irã. O governo da Rússia preparou dois aviões para voar com uma equipe de resgate e socorro de 50 pessoas para a capital da província de Azerbaijão Oriental, Tabriz, a fim de auxiliar os socorristas iranianos.

O Iraque, vizinho do Irã, também auxiliou na busca. O porta-voz do primeiro-ministro al-Sudani afirmou: que o governo “emitiu diretrizes para o Ministério do Interior, o Crescente Vermelho Iraquiano e outras autoridades relevantes para apresentar todos os recursos disponíveis à República Islâmica do Irã para auxiliar na busca pelo avião do presidente iraniano”.

Outro vizinho, a Turquia, também disponibilizou ajuda e conseguiu encontrar o ponto de impacto do helicóptero. O ministério da defesa nacional da Turquia enviou o veículo aéreo UAV Akinci e um helicóptero tipo Cougar com capacidades de visão noturna para participar das atividades de busca. O Akinci identificou uma fonte de calor na segunda-feira (20) de madrugada e compartilhou suas coordenadas com as autoridades iranianas. Assim as equipes foram capazes de encontrar o helicóptero.

Durante esse processo, a notícia já causavam um grande impacto na política do Irã e do mundo. O povo saiu às ruas para rezar pelo retorno do presidente. O chefe de Estado e líder da revolução aiatolá Ali Khamenei se pronunciou: “esperamos que o Todo-Poderoso Deus devolva o respeitado e estimado Presidente e sua comitiva aos braços da nação. Todos devem orar pela saúde dessas pessoas que estão servindo a nação iraniana. A nação não precisa ficar preocupada ou ansiosa, pois a administração do país não será interrompida de forma alguma”.

Horas após encontrarem o local da queda do helicóptero, as equipes de busca chegaram. O Crescente Vermelho do Irã indicou que não havia nenhum sinal de vida. Ebraim Raisi e Amir Abdolahian, duas figuras de muito destaque no governo revolucionário do Irã, se tornaram mártires da luta contra o imperialismo. E, como em toda queda de helicóptero, logo surgem suspeitas. A comitiva incluía três aeronaves, mas foi justamente a mais importante foi a que caiu.

Quem era Ebraim Raisi?

Atualmente com 63 anos, o aiatolá Ebraim Raisi foi eleito presidente do Irã em 2021. Nascido em 1960, participou da revolução em sua juventude, adentrando rapidamente ao novo sistema judiciário, que surgiu do desmantelamento do aparato de repressão da ditadura do Xá Reza Pahlevi. Foi promotor de Karaj e Hamedan, vice-promotor de Teerã a partir de 1985, promotor de Teerã de 1989 a 1994, chefe do Escritório de Inspeção Geral de 1994 a 2004, primeiro vice-chefe do Judiciário de 2004 a 2014 e procurador-geral do Irã 2014 a 2016.

Nas eleições de 2021, ganhou com 72% dos votos no primeiro turno, recebendo o apoio de 18 milhões de pessoas. A imprensa burguesa o calunia como “ultraconservador”. Ele na realidade é um nacionalista radical, da linha do próprio chefe de Estado do Irã, aiatolá Ali Khamenei. Um ávido defensor da Palestina e do Eixo da Resistência, alguns dizem até que ele seria um candidato forte para suceder Khamenei, que já está com 85 anos.

Raisi é uma figura muito popular no Irã e em todo o mundo islâmico. Ele se destacou quando em 2023 na Assembleia Geral da ONU levou um livro do Corão e afirmou “o Corão nunca queimará, ele é eterno”. O ato foi uma resposta à campanha fascista na Europa, principalmente nos países nórdicos, de queimar o Corão para intimidar a população de imigrantes muçulmanos. O gesto pode ser simbólico, mas é uma expressão da política combativa de Raisi.

No Irã, o presidente não é o chefe de Estado do país, ele ocupa uma posição mais diplomática. Com a morte do presidente o seu vice irá assumir e em breve o país passará por novas eleições. Diante da conjuntura revolucionária da região, é muito possível que alguém tão, ou ainda mais combativo, seja eleito à presidência da República Islâmica do Irã.

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