Nesta quarta-feira (19) o porta-voz do exército israelense, Daniel Hagari, afirmou que o Hamas não poderia ser eliminado. A declaração provocou uma reação imediata do primeiro-ministro Netaniahu, mostrando claramente também uma divisão interna dentro do governo em relação à questão.
“Hamas é uma ideologia, não podemos eliminar uma ideologia. Dizer que vamos fazer o Hamas desaparecer é jogar areia nos olhos das pessoas”, declarou o contra-almirante Daniel Hagari à emissora israelense Canal 13. “Se não oferecermos uma alternativa, no final, teremos o Hamas no poder em Gaza”, acrescentou Hagari.
O gabinete do primeiro-ministro israelense reagiu afirmando que sua ofensiva em Gaza não terminará até que o Hamas seja derrotado. “O gabinete político e de segurança liderado pelo primeiro-ministro Netaniahu definiu como um dos objetivos da guerra a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas”, manifestou em um comunicado. “As FDI [Forças de Defesa de “Israel”, o exército] estão, obviamente, comprometidas com isso”, acrescentou.
Nas palavras Hagari, “o Hamas é uma ideia, o Hamas é um partido. Está enraizado nos corações das pessoas – qualquer um que pense que podemos eliminar o Hamas está errado”. Essa fala vinda de uma pessoa ligada diretamente às forças de ocupação de “Israel” desmente toda a mentira que é circulada na imprensa ligada ao imperialismo, que diz que muitos palestinos na Faixa de Gaza seriam contra o Hamas.
Por outro lado, mostra que o 7 de outubro, a operação Dilúvio de al Aqsa, foi muito mais que um mero ataque contra as forças de ocupação e deixa claro que o que está em movimento é uma verdadeira Revolução Palestina contra o sionismo e o imperialismo de conjunto.
Durante entrevista feita no Catar pelo presidente do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, o doutor Bassem Naim, ex-ministro da Saúde da Faixa de Gaza e um dos membros do birô político do Hamas, foi perguntado sobre as relações da população em Gaza e a resistência armada palestina. Naim acredita que a maior parte do povo palestino apoia a resistência.
“Olha, talvez se eu disser que sim pode ser visto como tendenciosos, mas temos pesquisas feitas por órgãos neutros, apoiados por instituições ocidentais. Uma delas ficou muito famosa, feita dois meses depois de 7 de outubro, mostrou claramente que 80% apoiam a totalmente resistência. Algumas pequisas dizem que é acima de 90% que apoiam a resistência e a veem como a única maneira de alcançar nossos objetivos nacionais.” – afirma o Doutor Naim.
Na sequência, a liderança do PCO, pergunta se Bassem Naim “acredita que a causa palestina está a caminho da vitória”. Naim responde: “100%, sim. Primeiro, infelizmente, fomos enganados, traídos durante 30 anos pelo chamado ‘processo de paz’. E não foi mais que um ‘processo’.”
A cada dia que passa fica mais difícil esconder a grande crise que entrou o estado sionista no enfrentamento contra as forças de resistência na região. Há o caso do Hebsolá, que apoia decididamente a causa palestina. E está disposto a enfrentar o exército israelense, o que pode acontecer a qualquer momento, uma vez que o governo de “Israel” anunciou que tem um plano de ofensiva ao Líbano.
Em várias oportunidades já foi comprovado que o exercito israelense não consegue combater a resistência. Atacam através de mísseis e bombardeios, matando mulheres, crianças e civis, já o extermínio do Hamas está muito longe de acontecer. Sobre a declaração do porta-voz do exército israelense, Rui Costa Pimenta escreveu em seu “X”: “nada como a realidade”.