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Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e faz parte da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

Por uma campanha salarial de emergência para os bancários

É uma realidade sentida e vivida pelos trabalhadores bancários de que, com os atuais salários recebidos por eles, não é possível continuar

O sindicato tem de ser um instrumento de luta para conquistar e atender às reivindicações e necessidades dos trabalhadores. Quando o patrão toma conta do sindicato, por meio de seus “representantes” da burocracia sindical, como vem acontecendo sistematicamente na categoria bancária, os trabalhadores perdem a sua união e, portanto, a sua força. Um trabalhador sozinho não tem força, mas a categoria toda unida no sindicato derrota a política de rebaixamento salarial, as demissões, o assédio, os descomissionamentos, etc. Por isso, é preciso combater as tendências da política de colaboração da burocracia sindical dentro das entidades de luta dos trabalhadores.

É uma realidade sentida e vivida pelos trabalhadores bancários que, com os atuais salários percebidos por eles, não é possível continuar.

Como diz o ditado popular: sobra cada vez mais mês no fim do salário.

Não há como esperar até setembro de 2026 (fruto da política de capitulação dos acordos bienais), na data-base da categoria, com a miséria que os bancários recebem a cada mês e que mal dá para os gastos elementares com a sobrevivência, como alimentação, sem falar de outros itens que um salário digno deveria assegurar: habitação, saúde, educação, vestuário e transporte. Deixamos de lado o lazer porque este, há muito, é um luxo que pouquíssimos podem desfrutar.

Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), para que uma família de trabalhadores de quatro pessoas obtivesse suas necessidades mínimas para sobreviver hoje, e não em setembro de 2026, seria necessário um salário de R$ 6.769,87. Ou seja, o salário do bancário deveria ser reajustado em pelo menos 100%, já que o salário atual de ingresso na categoria é de apenas R$ 2.916,30.

Mas qual é o número de bancários que recebem esse “mínimo” calculado pelo Dieese que, mesmo estimado por um instituto mantido pelos sindicatos, é visivelmente baixo e não corresponde à realidade, ficando muito aquém das necessidades de uma família? (Enquanto isso, os “representantes” do povo, que aprovam salários miseráveis para os outros, se autopresenteiam com reajustes que fazem seus parcos vencimentos alcançarem a bagatela de R$ 80 mil…).

Enquanto a situação dos bancários se deteriora e o seu poder aquisitivo, como o do conjunto dos trabalhadores, bate no fundo do poço, os banqueiros continuam nadando em dinheiro, superando recorde atrás de recorde em relação ao aumento de seus lucros. E o governo, que perde por completo o controle da situação política, cede à pressão de seus “amigos da onça” da direita neoliberal, dita “democrática” (frente ampla), dentro do próprio governo com, por exemplo, a gestação de planos econômicos de “corte de gastos” que sempre acabam no corte da carne da classe trabalhadora: inflação que continua alta, reajustes sucessivos nos preços de tudo, desemprego em massa, etc.

É preciso dar um basta a toda essa situação e lutar pelo que é dos trabalhadores por direito. Mais do que nunca, é urgente e necessária uma Campanha Salarial de Emergência que, por meio da mobilização unitária da categoria, quebre a política reacionária dos banqueiros de arrocho salarial e barre as demissões.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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