Em dezembro de 2023, dois meses após o início da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, liderada pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), “Israel” determinou que uma pequena fatia de terra na costa de Gaza, chamada Al-Muwasi, seria tratada como uma “zona segura”. No entanto, em maio, sete meses depois do 7 de outubro, “Israel” viria a atacar a última região até então não atingida por suas bombas: Rafá, onde fica Al-Muwasi. O resultado foi inacreditável: as bombas em Al-Muwasi atingiram tendas de deslocados, que acabaram morrendo carbonizados.
As chamadas “zonas seguras” são, no geral, regiões sem qualquer tipo de desenvolvimento, onde dezenas de milhares de refugiados montam barracas simples, amontoados um sobre o outro pela falta de espaço, e sofrem com fome, sede e falta de remédios. Há muito tempo, “Israel” empurra os civis e os concentram em regiões minúsculas, como faziam os nazistas com os judeus poloneses nos guetos e nos campos de concentração, para em seguida dar início ao extermínio com bombardeios e tentativas de incursões terrestres.
A realidade é que não existem zonas seguras. “Israel” destaca essas zonas seguras e se aproveita disso para promover de forma concentrada o genocídio que tem perpetrado até então, como nos demonstra a investida da entidade sionista contra Rafá, como nos mostra a imprensa independente, e como não tem sucesso em esconder a imprensa imperialista.
Segundo uma pesquisa feita pelo portal NBC News, o bairro Tal Al Sultan, de Rafá, que foi designado como seguro em panfletos lançados pelas forças sionistas de ocupação em 18 de dezembro, foi alvo menos de um mês depois, em 9 de janeiro. Em 12 de fevereiro, um ataque atingiu o campo de refugiados de Al Shaboura, que também havia sido listado como uma zona segura em um panfleto das forças de ocupação. Filmagens mostrando diversos corpos de crianças e mulheres foram produzidas por uma equipe da NBC.
Bashi, da Vigia dos Direitos Humanos, disse que os palestinos tentaram seguir as instruções israelenses. “As pessoas evacuam, usam as estradas que foram orientadas a usar, vão para o lugar que lhes foi indicado e então são atingidas por um ataque aéreo ou por uma invasão de forças terrestres,” disse. “Não há lugar seguro em Gaza,” acrescentou.
Nas últimas semanas de maio, “Israel” iniciou a incursão por terra e os bombardeios com armas incendiárias aos campos de refugiados de Rafá, região que abriga mais de um milhão de palestinos. Os ataques trouxeram à tona gravações de cenas cruéis, de corpos carbonizados, crianças mortas, mutiladas e decapitadas.
Eyad Qadeeh, um oficial de relações-públicas do Ministério da Saúde de Gaza, disse ao Mada Masr, órgão árabe de imprensa, que “as forças de ocupação perpetraram o massacre hediondo”. Setenta por cento dos feridos sofreram queimaduras após o bombardeio causar incêndios em suas tendas enquanto dormiam, de acordo com Qadeeh.