Desde maio, o Hesbolá está expandido cada vez mais usas operações contra “Israel” e impondo uma série de derrotas militares. Neste último, um mês e meio, os libaneses conseguiram derrubar um balão espião, destruir a base aérea do balão, derrubar um drone Hermes, inaugurar a defesa aérea e fazer jatos recuarem, destruir baterias do Domo de Ferro, incendiar o norte de “Israel”, fazer um ataque aéreo por meio de drone, sobrevoar “Israel” por horas sem ser detectado, dentre outras vitórias. “Israel” ficou completamente paralisado diante desse avanço. Por que então o Hesbolá não encerra a fatura?
Os motivos são simples. O primeiro é interno. A guerra atual de atrito com “Israel” está contida no sul do Líbano, ou seja, na principal base do Hesbolá, onde o partido é na prática o governo e, além disso, é muito popular. A guerra total contra “Israel” envolveria todo o Líbano, ou seja, levantaria as contradições do país, que não são pequenas. Há os setores maronitas, os sunitas, os drusos e a própria divisão regional. O governo central é fraco e sofre mais pressão do imperialismo. E obviamente a guerra total destruiria grande parte do Líbano, apesar do dano gigantesco que aconteceria em “Israel”.
O segundo motivo é da estratégia política. O Eixo da Resistência opera com um plano desde o 7 de outubro. Escalar cada vez mais a guerra contra “Israel”, mas sem a tornar uma guerra regional. Assim, o imperialismo tem menos margem de manobra par auxiliar os sionistas. Ao mesmo tempo, a vitória final será uma vitória do Hamas, que é quem está em guerra com “Israel”, ou seja, uma vitória gigantesca para os palestinos que ganharam com auxílio da resistência.
Vejamos o caso do Hesbolá. A guerra total arriscaria escalar a luta em diversos países, o Irã poderia adentrar diretamente no confronto como fez na Síria. Isso porque os EUA poderiam adentrar diretamente a guerra para auxiliar “Israel”. Ou seja, a luta deixaria de ser a luta de libertação nacional da Palestina, que é apoiada pelo mundo inteiro. Ela se tornaria uma guerra regional confusa do Oriente Médio. Politicamente isso é pior para os palestinos. O Hesbolá e todo Eixo da Resistência compreendem isso muito bem.
Por isso eles operam como uma panela de pressão. Vão cozinhando “Israel” lentamente até que o país exploda, mas explodirá onde a pressão é maior, justamente na Faixa de Gaza. Quando “Israel” for derrotada em Gaza, será a sua derrota mais humilhante, uma derrota que ameaça sua própria existência. O Hesbolá pressiona pelo norte, o Iêmen pelo sul, o Iraque pressiona de longe, mas todos pressionam.
A estratégia do Hesbolá foi clara, diante do massacre monstruoso em Rafá a partir de maio foi aumentando as operações. Mas eles se depararam com um inimigo muito fraco. E por isso puderam ir progredindo rapidamente até a situação atual. “Israel” basicamente perdeu o controle do norte e agora discutem se devem largar a guerra em Gaza para invadir o Líbano. Mas a guerra em Gaza ainda é politicamente muito mais importante que o norte, ou seja, sair de Gaza é uma derrota em qualquer circunstância.
Ou seja, a estratégia do Hesbolá está funcionando. Alguns podem não compreender porque é uma batalha demorada, mas para padrões de decadência do imperialismo esse processo é muito rápido. O problema é que a derrota para “Israel” será gigantesca, então tentam manter a guerra ao máximo. Mas as últimas declarações das forças armadas abertamente desafiando Netaniahu são um sinal de que a crise militar jé está quase insustentável.
O Hesbolá nesse sentido fez o melhor possível para o povo palestino. Após o 7 de outubro demoraram um dia para se decidir e tomara a posição correta. Desde 8 de outubro, o norte de “Israel” está cada vez mais se tornando o norte da Palestina.