Na próxima quarta-feira (30), partirá de Istambul, na Turquia, com destino à Faixa de Gaza, a Flotilha da Liberdade, uma coalizão composta por organizações e ativistas de mais de 30 países. A expedição visa enfrentar o bloqueio ilegal imposto por “Israel” na Faixa de Gaza e entregar auxílio humanitário à população palestina, que desde o dia 7 de outubro, sofre com um cerco genocida, responsável por impedir a entrada de medicamentos e comida (entre outros itens essenciais, como água potável e eletricidade) no território palestino. Um crime cometido pela ditadura sionista contra o povo árabe à luz do direito internacional, que também condena a punição coletiva que sofrem os palestinos.
Antes mesmo da ação revolucionária da Resistência Palestina em outubro do ano passado, as restrições impostas por “Israel” ao território impedia a entrada de equipamentos médicos, alimentos, materiais escolares e também itens como vestidos de noiva e óculos de mergulho (“Ativistas tentam levar 5 toneladas de alimentos a Gaza; ICL vai cobrir ação“, ICL, 22/4/2024). Representante do Brasil na expedição, Thiago Ávila denuncia que a fome é usada pelos sionistas como arma de guerra para os fins políticos dos invasores da Palestina.
O cerco imposto por “Israel” resultou na restrição drástica da entrada de ajuda humanitária, levando à insegurança alimentar e a uma tragédia humanitária sem precedentes, com milhares de mortes, incluindo muitas crianças. Segundo ele, a situação em Gaza é alarmante, com índices de catástrofe comparáveis aos de regiões da Somália e do Sudão do Sul em crises humanitárias passadas.
“Antes da intensificação do cerco, 500 caminhões entravam diariamente em Gaza com ajuda humanitária e já existia insegurança alimentar. Há quase 200 dias, Israel restringiu a entrada para 0 a 200 caminhões diários, sendo a média dos últimos dias de 181 caminhões. O que já era um campo de concentração, se tornou um campo de extermínio, com mais de 34 mil pessoas assassinadas, entre elas mais de 14 mil crianças, e com a fome se tornando um risco de morte ainda maior que as bombas de Israel”, informa Ávila.
A Flotilha da Liberdade envolve uma coalizão internacional suprapartidária que, desde 2010, realiza expedições com objetivo de romper o bloqueio a Gaza em solidariedade aos apelos dos palestinos e contra os crimes israelenses. No mesmo ano de 2010, barcos da coalizão foram atacados por “Israel”, por meio de helicópteros e lanchas rápidas.
Dez ativistas foram mortos na ocasião, que terminou ainda com os barcos e todas as mercadorias destinadas à ajuda humanitária roubadas. Os demais membros da expedição foram presos, sendo levados para a capital de “Israel”, Telavive, onde permaneceram sob custódia até a deportação para seus países de origem. A Flotilha continuou sua jornada em direção a Gaza nos anos posteriores, desafiando constantemente o bloqueio ilegal imposto pelo sionismo.
“Tanto em águas internacionais quanto no território marítimo palestino de Gaza, Israel não tem direito de atacar nossa delegação (e cometeu um grave crime de guerra todos os anos que o Estado sionista o fez). Acreditamos que dessa vez será diferente, pois o mundo finalmente percebeu que Israel pratica genocídio e limpeza étnica há mais de 76 anos, que estruturou seu Estado de colonização e apartheid com base em uma ideologia racista e supremacista, que é o sionismo. As mais de 1000 pessoas que hoje se colocam em risco possuem, em sua retaguarda, as milhões que estão indo às ruas há mais de 6 meses em todo o mundo e que não nos abandonarão, assim como não abandonaram o povo de Gaza”, destaca Ávila (“Ativistas de mais de 30 países navegam rumo a Gaza com toneladas de ajuda humanitária para romper o cerco”, Brasil 247, 22/4/2024).
O ativista critica ainda a inação dos governos, que assistem à barbárie sem tomar medidas efetivas para por um fim ao monstruoso genocídio do povo palestino. Até o último dia 21, o Ministério da Saúde do governo no exílio da Palestina informara que o número de palestinos mortos na Faixa de Gaza superava 34.151. As vítimas dos ataques israelenses incluem mais de 77.084 feridos.
Apenas no último domingo (21), os sionistas cometeram seis massacres contra famílias palestinas em Gaza, matando 54 e ferindo 104, informou o Ministério, acrescentando que algumas vítimas permanecem sob os escombros e nas ruas, outro crime cometido pela ditadura sionista, que dificulta as missões de busca e resgate, impedindo que as ambulâncias e as equipes de defesa civil se aproximem das áreas afetadas. “Quando os governos falham”, diz, “as pessoas comuns precisam dar um passo à frente.”
“A Flotilha da Liberdade denuncia a inação dos governos e organismos internacionais para deter o genocídio. O que essas mais de mil pessoas estão fazendo colocando suas vidas em risco era papel dos governos e organismos multilaterais internacionais. Mas, se os governos não fazem, as pessoas comuns terão que deter o genocídio contra o povo palestino através de seus próprios meios”, conclui Ávila.
De fato, mas há governos que ao menos estabeleceram contato com o governo palestino no exílio, liderada pelo partido Movimento Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), como fizeram a Turquia, China e Rússia. Outros, como o brasileiro, ainda devem à Resistência Palestina ao menos esse apoio político aos que enfrentam a ditadura sionista de armas na mão, contra o martírio do povo palestino e pelo fim do genocídio.