Em mais um artigo dedicado a criticar as posturas mais esquerdistas do presidente Lula, o jornalista Elio Gaspari escreveu O lulopetismo tem um problema: Lula 3.0, publicado pela golpista Folha de S.Paulo. O texto, de maneira cínica, busca atribuir a queda de popularidade de Lula, registrada na última pesquisa, a sua atuação na política externa, e não nos problemas internos do País.
Por um lado, Gaspari embeleza a atuação criminosa da direita brasileira, tentando mostrá-la como civilizada e inofensiva para o governo. Por outro, faz uma defesa explícita do imperialismo, justo nos momentos em que o governo brasileiro entra em contradição com ele. Em resumo, o artigo de Gaspari é uma defesa dos grandes inimigos do povo.
Em seu início, o artigo afirma que “alguma coisa está funcionando mal no governo Lula 3.0. Não se pode dizer que seja a economia. Anda-se de lado, mas anda-se. Também não é a política, pois, em mais de um ano de governo, aprovou-se a reforma tributária e levou-se o andor sem escândalos”.
Trata-se do exato oposto. A economia não vai nada bem. O governo não foi capaz, em quase um ano e meio, de tomar nenhuma medida de impacto, que diminuísse substancialmente o desemprego e que aumentasse o poder de compra dos trabalhadores. Não há melhora sensível na economia, e justamente aí reside o problema.
A dificuldade na economia, por sua vez, não significa necessariamente que a política econômica de Lula seja ineficiente. Significa, na verdade, que ela não está sendo aplicada, justamente por causa da dificuldade de fazê-la tramitar no regime político. Não há, por exemplo, como levar adiante uma política econômica focada no desenvolvimento nacional com a sabotagem do Banco Central. Assim como não há como fazer o mesmo tendo sabotadores dentro do próprio governo, como os ministros identitários e de partidos como o União Brasil e o PSD.
Em resumo, na política, o governo vai muito mal. Isso porque a sua política no Congresso pode ser resumida ao “toma lá, não dá cá”. Isto é, muitas concessões e praticamente nenhum retorno. E o exemplo de Gaspari é a prova disso: mesmo a reforma tributária, que era de interesse da burguesia, só foi aprovada após a liberação de muitas emendas.
A queda de popularidade, portanto, pode assim ser explicada: é o resultado da fraqueza do governo diante da sabotagem da direita. A conclusão óbvia, portanto, é a de que o governo precisaria enfrentar essa direita.
Mas é justamente isso que Elio Gaspari é contra:
“Afora esse enguiço, Lula tem verdadeira paixão por duas cascas de banana. Uma é a falecida Operação Lava Jato, coisa de dez anos atrás. Outra são as encrencas internacionais, uma logo ali, na Venezuela, outra, a milhares de quilômetros, na Faixa de Gaza”.
Lula, portanto, não deveria enfrentar o sionismo, o bolsonarismo e o imperialismo. Deveria abanar o rabo para Joe Biden, como faz o jornalista.