O dia da Nakba, dia da catástrofe palestina, foi mais um dia de luta na cidade de São Paulo. O 15 de maio é tradicionalmente um dia de mobilizações no mundo em defesa da Palestina, no Brasil, atos foram convocados em diversas cidades. Na capital paulista, o Partido da Causa Operária (PCO) e outras organizações da esquerda e de defesa da Palestina convocaram o ato no MASP que começou às 17:30. Foi mais um dia de importante mobilização, o PCO se destacou mais uma vez por ter a maior quantidade de materiais e a mais coesa defesa da luta do povo palestino.
Às 15:30, já havia começado a concentração do Partido. A tenda de materiais e a loja foram montadas debaixo do vão do MASP. Pouco depois, a Bateria Popular Zumbi dos Palmares começou a fazer seu ensaio. O ato começou, eventualmente, a crescer, estiveram cerca de 300 pessoas, sendo o PCO um dos grandes blocos. No entanto, a repressão da Polícia Militar foi grande e se dirigiu especificamente ao Partido.
Primeiro, a polícia proibiu o carro de som próprio do PCO. Em todos os atos, há um carro de som que o Partido usa para expressar sua política e que também é aberto para a fala de todos. Isso é importante, pois deixa o ato mais organizado e também o bloco mais organizado, no entanto, tem uma relevância muito grande devido ao comportamento da esquerda pequeno-burguesa. É muito comum que os carros de som controlados por esse setor da esquerda simplesmente proíbam o PCO de falar, o carro de som próprio garante que o Partido não será censurado.
E isso leva ao segundo momento de repressão, que tem relação direta com o comportamento da esquerda pequeno-burguesa. A PM tentou impedir que a grande bandeira do PCO, que tem mais de 10 metros de comprimento, fosse colocada na rua. Eles ameaçaram com violência dirigentes do Partido caso colocassem a bandeira na rua em frente ao MASP. Eventualmente, o Partido contornou a repressão e o bandeirão desfilou até a Praça Roosevelt. Mas o que isso tem a ver com a esquerda? Essa proibição, na realidade, veio diretamente do ato do 8 de março, quando o carro de som chamou a PM a reprimir o PCO.
No Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, a esquerda, sob controle das ONGs, convocou a política para atacar a bandeira do PCO. Os militantes que seguravam a faixa foram atacados com cassetetes, e a faixa foi roubada pela política. O PCO enviou militantes para buscá-la na delegacia e os policias haviam desaparecido com o bandeirão. O argumento, naquele momento, foi de que a bandeira foi usada para agressão, algo claramente impossível dado o seu tamanho e difícil manejo. Ou seja, a esquerda pequeno-burguesa deu a cobertura que a PM precisava para reprimir o Partido.
Dessa vez, os policiais inventaram que a faixa seria proibida, pois ela bloquearia sua visão. A equipe do Diário Causa Operária (DCO) filmou o momento e publicou em sua conta do X (antigo Twitter):
🚨AGORA: após roubar a faixa do PCO (@PCO29) no ato do Dia das Mulheres, a PM de São Paulo inventou outra desculpa para impedir que o Partido se manifeste.
Dessa vez, como pode ser visto no vídeo abaixo, os policiais de Tarcísio alegam que a faixa vai bloquear a sua visão e que,… pic.twitter.com/fFMYVBgtwJ
— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) May 15, 2024
Depois, a PM tentou intimidar João Jorge Pimenta, membro da Executiva Nacional do PCO, perguntando se ele “já teve problemas com a Justiça”. Mas o troglodita não esperava por sua resposta: “não tive problema na Justiça. Eu adoro quando a polícia decide fazer tática de intimidação como essa, pergunta se já tive problema com a Justiça. Eu não só não tive problema com a Justiça, sou ficha limpa e vou ser até candidato a prefeito esse ano. O senhor vai poder votar em mim se quiser“. O policial, então, afirmou que o fará a depender das propostas apresentadas por Pimenta, ao que ele responde: “isso seria tarefa do governador, mas uma [proposta] que eu gostaria muito é a dissolução da Polícia Militar“.
O policial, então, tentou contra argumentar, afirmando que a Polícia Militar era uma instituição que está na Constituição Federal como cláusula pétrea. João Jorge, então, afirmou: “não é cláusula pétrea a criação da Polícia Militar. A Polícia Militar é criação da ditadura militar, antigamente, o policiamento era civil“.
🚨ATUALIZAÇÃO: após impedir o PCO de abrir sua faixa no ato de hoje na Avenida Paulista, em São Paulo, um dos soldados da PM intimidou João Jorge Pimenta, membro da Executiva Nacional do Partido, perguntando se ele "já teve problemas na Justiça".
Sem hesitar, Pimenta denuncia a… pic.twitter.com/q2iSfqSX0M
— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) May 15, 2024
Em meio ao confronto com a Polícia Militar, a Bateria Zumbi dos Palmares começou a tocar e os manifestantes começaram a puxar as palavras de ordem “fora, PM!” e “chega de chacina, polícia na favela e ‘Israel’ na Palestina”. A PM impediu a faixa de entrar na rua, mas poucos minutos depois, o bloco do PCO se distanciou da PM e abriu a faixa até o fim da manifestação.
Já na Praça Roosevelt, Antônio Carlos, que também é membro da Executiva Nacional do PCO, se pronunciou no carro de som. Ele começou: “eu queria começar fazendo uma denúncia, a PM assassina do Tarcísio tentou mais uma vez tirar a faixa-bandeirão do PCO. O problema não é que a faixa é nossa ou de outra organização. A questão é que quem tem que mandar no ato são os manifestantes, não podemos aceitar que a PM mande na manifestação”.
Depois, fez questão de destacar a vitória da Palestina: “hoje é um dia para celebrar a vitória que o povo palestino está celebrando nesse momento. Hoje, ao contrário de 1948, ‘Israel’ não pode esconder do povo do mundo o que está fazendo, hoje o mundo inteiro está ao lado do povo palestino, da luta revolucionária do povo palestino”.
Por fim, ele lembrou das demais derrotas do imperialismo: “‘Israel’ está cada vez mais próximo de seu fim. E essa vitória se conjuga com outras vitórias, como a vitória espetacular do povo russo contra os nazistas da Ucrânia. Viva a luta do povo palestino, viva a vitória contra o imperialismo!”.