A polícia em Istambul, no dia 6 de abril, atacou manifestações de forma violenta e prendeu 43 manifestantes turcos exigindo o fim do comércio entre a Turquia e “Israel”, em meio à guerra dos sionistas contra Gaza.
Vídeos da polícia turca forçando os manifestantes com violência para dentro de vans policiais perto do famoso distrito comercial na Rua Istiklal se espalharam nas redes sociais com a hashtag “#israilleticaretedurde”.
Um vídeo divulgado por militantes turcos após os protestos afirmou: “mais de 30 de nossos amigos foram torturados e detidos pela polícia. O estado de ocupação de ‘Israel’ continua um genocídio nas terras palestinas.”
Os manifestantes estão revoltados porque, apesar das condenações públicas do presidente Recep Tayyip Erdogan ao genocídio contínuo de “Israel” em Gaza, o governo turco contina permitindo que empresas turcas exportem alimentos, petróleo, energia e aço para “Israel”.
O vídeo dos militantes acrescentou: “mos reunimos para marchar na frente da diretoria de comércio de Istambul para expor esse comércio. Aqueles que dizem que não podemos interferir no comércio do setor privado estão mentindo.”
O Ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya, divulgou uma declaração reconhecendo as prisões.
“Após o término do protesto, os manifestantes se dispersaram, mas um grupo não se dispersou apesar de todos os avisos; eles resistiram às forças de segurança insultando funcionários estatais”, escreveu ele na rede social X.
“43 pessoas foram detidas em conexão com o incidente, 38 delas foram liberadas após verificação de identidade, e procedimentos judiciais foram tomados contra cinco pessoas depois que suas declarações foram feitas”,concluiu
Yerlikaya acrescentou que dois policiais envolvidos na detenção dos manifestantes foram suspensos, e um inspetor civil foi imediatamente designado para revisar o incidente.
O presidente Erdogan já comparou Netaniahu a Adolf Hitler, mas não ordenou a interrupção do grande comércio de Istambul com Tel Aviv.
A Trading Economics informou que a Turquia exportou quase US$ 319 milhões em mercadorias para “Israel” em janeiro.
Segundo o Banco de Dados de Estatísticas de Comércio Exterior do Instituto Turco de Estatística, os itens exportados para “Israel” incluem metais preciosos, produtos químicos, inseticidas, peças de reatores nucleares, pólvora, explosivos, peças de aeronaves e armas e munições.
O jornal Karar relatou em março que a atividade comercial turca com Israel é impulsionada principalmente por empresas afiliadas à Associação dos Industrialistas e Empresários Independentes conhecida por apoiar o presidente turco.
O relatório do Karar cita empresas que continuam a exportar para Israel, como Evyap Holding, ICDAS, Pamukkale Kablo, Eren Holding e Tosyali. Os setores envolvidos incluem têxteis, energia, materiais de construção e produtos relacionados à defesa.
A derrota de Erdogan nas eleições
Na última semana, o partido de Erdogan sofreu sua maior derrota história, desde que assumiu o poder no início dos anos 2000. Ele foi vitorioso com uma campanha de massas em 2023, pois se colocou como o candidato de oposição ao imperialismo. A União Europeia organizou uma campanha gigantesca para vencer Erdogan nas eleições.
No entanto, pouco após sua vitória eleitoral, começou a guerra na Faixa de Gaza. Toda a retórica anti-imperialista se mostrou apenas discurso. Se ações reais de defesa da Palestina, Erdogan foi derrotado nas eleições municipais. Agora ele reprime protestos. Esse é o caminho para o desastre.
O interessante é que o caso Erdogan se assemelha muito ao do presidente Lula. Após as eleições está fazendo uma política conservador que não engaja as massas. A diferença é que Erdogan não ocupa esse papel tradicionalmente, as eleições de 2023 foram uma exceção. Já Lula depende totalmente disso, ou seja, a tendência é que a derrota do PT nas eleições municipais seja ainda maior.