Na quarta-feira (20) a 14ª Delegacia de Polícia, de Gama, deflagrou a segunda fase da operação Sifrá e Puá para prender um homem de 57 anos investigado pela venda ilegal de medicamento abortivo. Um dos remédios não tem registro na Anvisa e o outro é de uso restrito em ambiente hospitalar. Neste caso a vítima da criminalização do aborto não foram só as mulheres, mas também um homem que acabou sendo preso.
A criminalização dos remédios abortivos é crucial para reprimir as mulheres, pois o procedimento é de fácil realização. Por isso a direita impôs penas altas de 10 a 15 anos de prisão. A política de reprimir a venda de medicamentos é tão impopular que a polícia se viu obrigada a criar uma história muito triste para justificar suas ações.
O delegado William Ricardo explicou que as investigações tiveram início após uma mulher de 31 anos engravidar, tomar abortivo e suicidar-se por não conseguir conviver com o fato de ter abortado. Ou seja, caso a sociedade tratasse a questão do aborto de forma aberta e com auxílio do Sistema Único de Saúde, esse suicídio provavelmente não teria acontecido e o delegado não teria a história triste para contar.
Além dessa operação já foram cumpridos três mandados de busca e um de prisão − sendo dois mandados cumpridos nas residências dos investigados e outro em uma farmácia no Gama. Durante as buscas, os investigadores encontraram receitas médicas de uso controlado, carimbadas por médico, mas sem o nome do paciente. Todo o escarcéu tenta esconder que o aborto, é algo muito simples, que pode ser feito por meio de receitas médicas e farmácias.
A direita faz uma enorme campanha pela criminalização do aborto, pois isso é uma das principais bases da opressão da mulher. A mulher não pode ter a autonomia de escolher como e quando construirá sua família, ela deve ser sua serviçal. O aborto, portanto, é um direito que garante uma maior liberdade às mulheres e por isso é algo demonizado pela direita.
No fim, essa operação policial é um grande desperdício. Perseguem pessoas que vendem medicamentos que são legais em diversos países do mundo e são usadas para questões de saúde. A conclusão é que mais uma pessoa será levada para as masmorras que são os presídios brasileiros e as mulheres do Distrito Federal terão mais dificuldade de exercer os seus direitos.