Na noite de 27 de agosto o senado do Chile aprovou uma resolução, com votos de 21 senadores dos 50 eleitos, pedindo que o presidente Gabriel Boric peça ao Tribunal Penal Internacional a prisão do presidente eleito da Venezuela Nicolás Maduro, que na opinião deles é um ditador, por crimes contra a humanidade.
“Pedimos que seja emitida a ordem de detenção contra Maduro. As torturas, a perseguição e a proibição que Maduro gerou para que os venezuelanos possam viver em liberdade nos dão, hoje em dia, a obrigação moral de que o senado do Chile solicite ao presidente Gabriel Boric que não apenas reconheça a vitória de Edmundo González, mas também que o Tribunal Penal Internacional possa prender Maduro”, diz a resolução.
O Chile, como assinante do Estatuto de Roma, que originou a criação do TPI, teria a obrigação de denunciar os crimes contra a humanidade. Boric então pediria ao procurador chefe do TPI, Karim Khan, que desse seguimento a condenação de Maduro que ele já está sendo investigado nesta corte por crime contra a humanidade e agora se acrescenta a repressão contra a população depois das eleições em 28 de julho.
O senador de direita Felipe Kast do partido Evolución Política, pede ao presidente Boric que apoie o pedido de prisão de Maduro por “crimes contra a humanidade”, e manifesta contentamento com a resolução do Senado. Esse senador participou do governo de Sebastián Piñera como ministro de Estado e é conhecido por seu fascismo. Manifestou no Instagram que “sonha com uma Venezuela e Cuba livre”.
Recentemente o Presidente Boric afirmou que “não tinha dúvidas que o governo de Maduro tentou cometer fraude” e é crítico do “ditador chavista”.
Pelas acusações sem provas por parte de Boric e agora a resolução do Senado do Chile, dizendo que Maduro é um ditador e que reprimiu a população depois das eleições, podem muito bem ser resultado da pressão que o imperialismo e os EUA fazem contra os governos da América do Sul e Caribe devido à crise sem precedentes que atravessa o mundo e assim manter seu “quintal” em ordem devido à proximidade de uma guerra generalizada principalmente no sudeste da Ásia.
É de espantar o cinismo desses senadores quando dizem que não podem deixar de denunciar os crimes contra a humanidade, quando estão sentados em pilhas desses crimes e não fazem denúncia. Por exemplo, o genocídio que o estado sionista faz na Palestina, pediram prisão do genocida presidente? Não. As centenas de presos políticos do governo Sebastián Piñera, em seu país, continuam presos sem que o senado interfira.
O próprio Boric se elegeu em uma manobra política que envolveu partidos de direita e esquerda, numa coalisão que apresentou o candidato como um esquerdista reformista, por consequência da insurreição de 2019, e agora se revela a verdadeira face do lobo, um defensor ferrenho do imperialismo e contra o povo de seu próprio país.
Essa aberração de governo levou à reação da Venezuela muito lúcida, onde o ex-ministro das Relações Exteriores e atual vice-presidente do Partido Socialista Unificado da Venezuela, Jorge Arreaza, redigiu uma carta demolidora ao presidente do Chile, Gabriel Boric, já transcrita na matéria deste jornal no link a seguir:
A correção com que se dirige ao presidente Boric se expressa na expressão “senhorito” que significa pessoa frívola e ociosa, enfatiza o notável desrespeito às instituições venezuelanas, se refere a ele como “quinta coluna” desrespeitando seu povo, se fazendo passar por rebelde juvenil da pequena burguesia traindo o espírito das manifestações de 2019 e das lutas do povo de Salvador Allende para dar continuidade às políticas de Pinochet, à Concertación e a UDI de Sebastián Piñera, se abraça com os líderes do fascismo venezuelano e nazismo ucraniano.
Desrespeita a Carta das Nações Unidas, a Constituição Venezuelana e se esconde sob a proteção dos Direitos Humanos, enquanto viola os direitos mais elementares de seu povo e dos povos originários de seu país, e outras verdades sobre Boric, profundamente acertadas.
Lembremos que o Boric foi o primeiro presidente da América do Sul a contestar a vitória legítima de Maduro, tão logo foi publicado o resultado. Os movimentos que ocorreram após a eleição, são notadamente feitos por grupos de extrema direita e aparece os dedos do imperialismo, dos EUA, que logo trataram de reconhecer o candidato de extrema direita Edmundo Gonzalez, como vencedor.
Ao mesmo tempo, mais de 50 países já reconheceram o governo Maduro como o legítimo presidente eleito da Venezuela, e somente os governos aliados do imperialismo nazifascista rejeitam a vitória de Maduro. Isso demonstra a intenção de manter os países do continente americano sob severa ditadura para inibir os enormes levantes que estão para vir devido a tantas perdas gigantes dos direitos sociais da população.