Em meio à avalanche de mentiras e falsificações propagadas pela imprensa burguesa, pela direita e pelo imperialismo no que diz respeito à Venezuela, a questão da posição do presidente Lula é uma das mais discutidas. Até o momento, o presidente do Brasil adotou um posicionamento ambíguo. Embora ele não denuncie o golpe da extrema-direita na Venezuela de forma absolutamente categórica (o que seria o certo), ele também não defendeu a posição golpista da direita, que diz que Maduro teria fraudado as eleições. O que Lula afirmou é que o processo eleitoral no país vizinho teria sido normal e que a oposição tem o direito de contestá-lo, assim como o governo tem o direito de provar que está certo.
A posição ambígua de Lula, no entanto, não foi suficiente para o Partido da Imprensa Golpista brasileiro. Eliane Cantanhêde, colunista do jornal Estado de São Paulo, publicou uma coluna na edição de domingo (4) do veículo com o título “Lula atrai um tsunami de críticas por um Maluco, quer dizer, Maduro, sem luz no fim do túnel.”
Cantanhêde, como boa golpista que é, ignora a realidade e as evidências de que Maduro foi eleito democraticamente na Venezuela e afirma que a situação no país caribenho se encontra num impasse: “Nenhuma estratégia está funcionando, não há luz no fim do túnel tenebroso da Venezuela, e Nicolás Maduro, isolado e alucinado, é como uma bomba-relógio de um massacre da oposição”, diz a colunista. A afirmação cínica vem após o governo de Maduro apresentar as atas das eleições, tão requisitadas pelo imperialismo e pela direita, reiterando sua vitória – embora isso não fosse realmente necessário.
O governo Maduro também convocou todos os candidatos da oposição a participarem de uma auditoria das eleições, mostrando que não tem nada a esconder. No entanto, o Guaidó 2.0, Edmundo Gonzalez, se recusou a participar dessa auditoria – mostrando que tem muito a esconder, pois se trata de um vigarista financiado pelo imperialismo para se apresentar como novo presidente autoproclamado da Venezuela.
Para a serviçal dos EUA travestida de colunista brasileira, no entanto, nada disso importa. Ela procura retratar Maduro como um ditador sanguinolento genocida, comparando-o a Putin e, na maior desfaçatez, a Netaniahu (o qual ela apoia juntamente com o jornal para o qual trabalha). Ela diz: “Insanos não têm limite e, quanto mais encapsulados, mais livres para destruir. Do outro lado, do que adianta ‘manter o diálogo’?”. Embora todo o planeta esteja vendo que o apoio popular a Nicolas Maduro é gigantesco e que abundam provas e evidências da legitimidade de sua eleição e liderança política na Venezuela, ela segue falando em “insanidade” e em “destruição”. No entanto, há de se convir que o regime venezuelano é, na verdade, muito comedido no que diz respeito ao esmagamento dos golpistas. Um exemplo é a situação da própria Maria Corina Machado, uma cúmplice do imperialismo norte-americano que deveria estar na cadeia, mas aparece em todo lugar fazendo uma campanha golpista contra o governo.
Cantanhêde, então, se questiona da validade de se “manter o diálogo” com o governo venezuelano (coisa que o imperialismo não está fazendo de forma alguma, haja vista as ações truculentas dos fascistas em seu país e toda a articulação golpista da oposição). Numa evidente conclamação às forças reacionárias a assumirem uma atitude ainda mais brutal e criminosa contra a esquerda e o povo na Venezuela.
No que diz respeito a Lula, Cantanhêde afirma que ele “atrai um tsunami de críticas internas por um Maluco, quer dizer, Maduro, que desdenha do esforço e não quer soluções, quer guerra”, também deduz que ele estaria “emburrado” e o acusa de “se recusar a atender telefonemas”. Tiradas que parecem provenientes de uma revista de fofocas. As críticas internas às quais ela se refere não são, evidentemente, as que vêm do movimento popular e dos setores combativos da esquerda, que querem que Lula denuncie o golpe contra Maduro, mas as críticas vindas da burguesia e seus órgãos de imprensa, que procuram pressionar o governo Lula a apoiar esse golpe.
A maior desfaçatez se mostra agora, diante das atas demonstradas pelo governo venezuelano. Sem apresentar nenhuma prova de sua invalidade, Cantanhêde afirma que “Exigir as atas de votação foi prudente no início, mas Maduro não irá mostrar atas que confirmam sua derrota e não se pode esperar nada da Justiça, servil à ‘democracia’ de Maduro”. No entanto, o governo mostrou toda a apuração e as atas das eleições, numa prova de que sua vitória foi absolutamente justa. Cantanhêde simplesmente diz que as atas não são válidas, sem realmente explicar por quê. É evidente, no entanto, que o ônus de comprovar a suposta fraude está com a oposição, que não apresentou quaisquer provas, pois elas simplesmente não existem.
Cantanhêde conclui dando uma contribuição a uma campanha de terror contra o governo Maduro, dizendo que “Os opositores, de uma coragem impressionante, estão entregues à própria sorte, ou a um Maduro enlouquecido. Trancados numa arena, com a fera pronta para um mar de sangue”. Demagogia maior não existe. Não há nenhum indício de violência excessiva por parte do governo venezuelano, muito pelo contrário. A violência parte dos guarimberos e da direita e extrema-direita, que já chegaram ao ponto de queimar estudantes vivos. Nesse sentido, é preciso denunciar incessantemente o golpe da direita na Venezuela e apoiar as medidas do governo Maduro para combatê-lo.