Com o Rio Grande do Sul castigado por uma das maiores catástrofes vistas no País no período recente e mais de 581,63 mil pessoas desabrigadas, o governador Eduardo Leite (PSDB) anunciou na última quinta-feira (23) a construção de 538 casas para atenuar a gravidade da crise social no estado sulista. Antes que alguém esperançoso seja tomado pela ideia de que serão casas imensas, capazes de abrigar centenas de milhares de infelizes, o jornal golpista Folha de S. Paulo destaca que “as residências terão 44 m² divididos em 2 dormitórios, banheiro e sala e cozinha conjugadas e serão construídas em painéis de concreto pré-fabricado” (“Eduardo Leite anuncia a construção de 538 casas para desabrigados no RS“, João Pedro Capobianco, 23/5/2024).
Ainda segundo os porta-vozes do imperialismo, “cada casa custará R$ 192,2 mil” e “o prazo para o término das obras é de 120 dias, contados a partir da preparação dos terrenos”. Por fim, Folha destaca que “o governo não disse quando a construção deverá começar”, como que para deixar claro a farsa da medida anunciada pelo governador tucano.
Mais de dois terços do RS estão submersos devido à política criminosa empreendida pelos sucessivos governos gaúchos, que ao longo dos anos, saquearam os recursos públicos para a ditadura dos monopólios contra o estado e o País. Chefe do Palácio Piratini (sede do governo estadual) desde 2018, Eduardo Leite é um agente destacado da última parte da rapina contra a população local. Anunciar agora meras 538 casas para atenuar o drama dos gaúchos é um verdadeiro escárnio de Leite contra as massas.
O episódio mostra, ao mesmo tempo, que o povo gaúcho encontra-se completamente desamparado e também, que mesmo diante de uma catástrofe, não devem esperar nenhuma mudança na diretriz política que causou a crise humanitária no estado. Após empurrar o povo sulista para a situação desesperadora atual pela via da expropriação, o governo Leite tampouco mobilizou o estado para atender a população, empreender o resgate dos atingidos, garantir abrigos adequados às famílias e a entrega de itens essenciais, como alimentos e remédios.
Agora, como que para coroar seu completo desinteresse por tudo o que passa o povo gaúcho, o governador faz um anúncio que facilmente poderia ser confundido com uma piada, não fosse a catástrofe tão grave. Justamente pela gravidade, no entanto, a “piada” de Leite deve ser respondida de maneira enérgica pela vanguarda dos trabalhadores e estudantes do RS, que precisam organizar a campanha política pelo fim desse governo criminoso.
A manutenção desse mandato ferozmente anti-popular e inimigo do povo não pode ser aceita pelos setores mais conscientes das massas gaúchas. Os Comitês de Luta contam com um programa dedicado a superar a crise atual, que deve ser levado às amplas massas para impedir a piora da já grave situação do RS, sem esquecer da importância de se travar a luta política pelo fim imediato do governo Leite e também dos governos municipais, igualmente serviçais dos bancos e demais monopólios, os principais responsáveis pela catástrofe.