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ABIN

PF libera conversas gravadas entre Bolsonaro e Ramagem

Gravações teriam sido feitas com autorização do próprio ex-presidente

Nessa segunda-feira (15), o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou o sigilo sobre o áudio de uma reunião gravada em 2020 pelo ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Alexandre Ramagem (PL). Na reunião, além de Ramagem, participou também o ex-presidente Jair Bolsonaro, o então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) General Augusto Heleno e duas advogadas de Flávio Bolsonaro, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach. 

Ramagem afirmou que a gravação de uma hora e oito minutos foi feita escondida com o aval do ex-presidente visando “registrar um crime e proteger o então presidente”. Segundo o ex-diretor da ABIN, “havia a informação” de que viria no encontro uma pessoa próxima do então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, com uma “proposta nada republicana”. Setores progressistas, por outro lado, denunciam a tentativa de acobertar a participação de Flávio na rachadinha.

O áudio, cujo sigilo foi derrubado nesta segunda-feira pelo ministro Alexandre de Moraes, faz parte do inquérito que investiga o uso da Abin para espionagem ilegal de desafetos de Bolsonaro.

Segue abaixo a transcrição do áudio, divulgado pela Polícia Federal (PF): 

 

  • JAIR BOLSONARO: É o caso de conversar com o chefe da Receita. Ele tá pedindo é um favor.
  • LUCIANA PIRES (advogada): Não é favor não, presidente.
  • JAIR BOLSONARO: Ninguém tá pedindo favor aqui. [inaudível] é o caso conversar com o chefe da Receita. O Tostes.
  • LUCIANA PIRES: E não, não tem chance dele, sai disso aqui não, né [inaudível]?
  • JULIANA BIERRENBACH (advogada): Não.
  • JULIANA BIERRENBACH: Não, o Tostes não.
  • ALEXANDRE RAMAGEM: [inaudível] é o secretário da receita. É o zero dois, não é isso?
  • AUGUSTO HELENO Não. O zero um.
  • JAIR BOLSONARO: É o zero um dos caras. Era ministro meu e foi pra lá. Sem problema nenhum. Sem problema nenhum conversar com ele. Vai ter problema nenhum conversar com o Canuto.
  • LUCIANA PIRES: Serpro?
  • LUCIANA PIRES: Então ótimo.
  • JAIR BOLSONARO: Eu caso conversar com o Canuto?
  • LUCIANA PIRES: Sim, sim.
  • LUCIANA PIRES: Com um clique.
  • LUCIANA PIRES: Olha, em tese, com um clique você consegue saber se um funcionário da Receita [inaudível] esses acessos lá.
  • AUGUSTO HELENO: Tentar alertar ele que, ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível].
  • JAIR BOLSONARO: Tá certo. E, deixar bem claro, a gente nunca sabe se alguém tá gravando alguma coisa. Que não estamos procurando favorecimento de ninguém.

Bolsonaristas negam ilegalidade no áudio vazado 

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou ainda na segunda-feira que a divulgação do áudio não mostra qualquer ilegalidade:

“Mais uma vez, a montanha pariu um rato. O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não “tem jeitinho” e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente”, disse.

Em nota, o senador continuou: 

“O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família”

O político carioca saiu em defesa do ex-presidente e afirmou:

 “Só reforça o quanto o presidente ama o Brasil e o seu povo”. 

Além de fazer a denúncia da divulgação do áudio “ilegalmente”: 

“A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não ‘tem jeitinho’ e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente.”

Ramagem também defendeu que não houve ilegalidade no áudio vazado: 

“Essa gravação não foi clandestina”, afirmou Ramagem, e continuou: 

“Quando o presidente se manifestou, ele sempre informou que não queria favorecimento, sempre se manifestou que não queria jeitinho muito menos tráfico de influência” — ressaltou Ramagem.

Outros envolvidos na conversam negam algumas das denúncias. O ex-governador, por sua vez, negou que tenha prometido “resolver” o caso de Flávio em troca de uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), como afirma Bolsonaro em outro trecho do áudio.

 “Jamais ofereci qualquer tipo de ‘auxílio’ a qualquer um durante meu governo”, disse o governador.

 

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