Nessa quinta-feira (08/08), a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão e outros oito de busca e apreensão com o objetivo de conseguir provas que justificassem a chamada Operação Trapiche, que se iniciou em novembro do ano passado, quando a Polícia Federal prendeu algumas pessoas por uma suposta ligação com o Hesbolá e a suposta preparação de atos terroristas no Brasil, em que prédios de judeus e sinagogas seriam alvo.
Os acusados podem, caso sejam condenados, levar 75 anos e 6 meses de cadeia pelos crimes de contrabando, integração de organização terrorista, atos preparatórios de terrorismo, financiamento ao terrorismo e lavagem de dinheiro. No entanto, até agora, nada foi comprovado e nenhuma prova para os supostos crimes foi apresentada.
Os supostos crimes que seriam cometidos não têm cabimento algum. Em lugar nenhum do mundo o Hesbolá está explodindo sinagogas, nem mesmo em seus ataques contra o norte de ‘israel’ há relatos de sinagogas que foram destruídas. Muito pelo contrário, o partido libanês da resistência no Oriente Médio tem atacado muitos alvos militares e, mesmo tendo a possibilidade de deflagrar uma guerra generalizada contra ‘Israel’ e a de destruir escolas, hospitais, casas de civis e também sinagogas, não tem feito. Por que é que o Hesbolá escolheria atacar os judeus que vivem no Brasil e não os de nenhum outro lugar do planeta? No entanto, sabemos que é o estado de ocupação sionista quem realiza todos esses crimes, não só contra os palestinos, mas contra todos os povos da região.
Fica evidente que há uma armação do sionismo para aumentar ainda mais a repressão dentro do Brasil com o intuito de não permitir uma resposta verdadeira por parte da população, dos movimentos sociais e dos partidos políticos de esquerda contra o genocídio na Palestina. Tudo fica ainda mais evidente depois que, no final de junho, a Polícia Federal impediu a entrada do cidadão palestino Muslim M. A Abuumar, que vinha ao país para visitar sua família. Os motivos apresentados foram os de que o nome de Muslim aparecia em listas de pessoas ligadas ao Hamas mantidas pelo FBI.
No caso de agora, trata-se de uma expansão das atividades da Polícia Federal contra a população brasileira a mando do Mossad e das agências de inteligência do Imperialismo, principalmente as agências dos EUA. As acusações contra os “terroristas” brasileiros, além de não terem sido apresentadas, apontam para uma perseguição judicial contra um cidadão que não passa de um músico de pagode, expondo que todos podem ser perseguidos pela PF simplesmente para que se cumpram os objetivos do Imperialismo de defesa do genocídio em Gaza.
Nunca houve nenhum ato terrorista no Brasil por parte da população, mas sim por parte dos órgãos de repressão do país, que, além de promoverem chacinas contra as pessoas nas periferias, de possuir unidades policiais como a Rota e o Bope, que nada mais são do que grupos de extermínio legalizados, já planejaram inclusive a morte de mais de cem mil pessoas durante a ditadura, como no caso da explosão do Riocentro. Além disso, o Hesbolá não é uma organização terrorista, mas sim, um partido que luta pela emancipação do povo árabe e islâmico das mãos do imperialismo em todo o Oriente Médio. Dito isso e levando em consideração que ‘Israel’ treina as polícias de todo o mundo com métodos terroristas contra os povos, o que inclui a polícia brasileira, o Hesbolá, então, é um partido que luta contra o terrorismo.
Mohamad Khir Abdulmajid foi um dos principais alvos da Polícia Federal na quinta-feira. Ele, que é dono de três tabacarias, é acusado de utilizar o dinheiro ganho com suas empresas para custear o trabalho terrorista no Brasil. Uma das “provas” de seu envolvimento com o Hezbollah é uma foto com um tanque de guerra tirada quando viajou ao Líbano em 2016. A própria viagem ao Oriente Médio é tratada como uma prova de seu envolvimento com o terrorismo no Brasil; no entanto, além de Mohamad ser Sírio, o que justifica plenamente qualquer tempo que passe no Oriente Médio, nenhuma viagem pode servir de prova para um crime que nem mesmo aconteceu.
A perseguição a um árabe que vive no Brasil e que possui um comércio no país parece aponta para uma perseguição aos árabes em nosso País, como o que vem acontecendo desde o começo da semana na Inglaterra, em que a extrema direita saiu às ruas com o intuito de atacar árabes e muçulmanos, além de destruir seus empreendimentos, propriedades e pertences.
Ao mesmo tempo em que a Polícia Federal trabalha contra os interesses brasileiros dentro de nosso país, organizações como a CONIB procuram fazer o mesmo levando ao judiciário qualquer opinião contrária a ‘Israel’ dentro do Brasil, atuando como uma extensão do estado israelense aqui, atacando nossa soberania e todos os direitos dos brasileiros.
A expansão das atividades do sionismo e do imperialismo no Brasil só apontam para uma direção: uma ditadura completa. O próximo passo é conseguir colocar na cadeia pessoas que se coloquem contra o genocídio na Palestina, como já vem acontecendo em outros países, principalmente nos da Europa.