O governo Bolsonaro trabalhou abertamente para os bancos e para os especuladores, promovendo um enorme confisco popular. Dentro dessa política, transformou o Banco Central (BC) do Brasil numa instituição juridicamente independente.
Na prática, essa “independência” não existe. A influência e o enorme poder dos bancos permitiram a nomeação do presidente e dos diretores do COPOM para executar a política das mais altas taxas de juros do planeta, transferindo cerca de 46% de todo o Orçamento Federal para pagamento de juros e encargos da “dívida pública”.
A discussão do momento é sobre a escolha do novo presidente do Banco Central. Os banqueiros e especuladores novamente se movimentam para indicar um representante de confiança, para continuar com a mesma política.
Esses setores criaram uma campanha divulgando a ideia de que o novo presidente deve ser alguém “de confiança do mercado” para evitar crises. Um argumento totalmente falso, uma forma de chantagem sobre o governo e a população. Sendo “do mercado”, ou seja, a serviço da especulação financeira, tal presidente atuaria contra o crescimento econômico do País, contra a geração de empregos, contra a construção de moradias e novas empresas.
De maneira mais explícita, a campanha em questão é para que o governo Lula indique, por exemplo, Gabriel Galípolo, atual Diretor de Política Monetária, com o argumento de que seria “de confiança do governo”. Ele se apresenta como “economista heterodoxo”, ou “desenvolvimentista”, mas sua trajetória profissional indica o contrário. Iniciou sua carreira como assessor do governador José Serra (PSDB). De 2017 a 2021, foi presidente do Banco Fator, especializado em parcerias público-privadas e em programas de privatização e conduziu o processo de privatização da CEDAE, a Companhia de Águas e Esgotos do RJ, um setor essencial para o governo e a sociedade. Além disso, recentemente, votou com Campos Neto e toda sua equipe pela manutenção da taxa de juros em 10,5%.
Não adianta trocar seis por meia dúzia. Trocar um presidente neoliberal por outro, de nada adianta. É preciso outro presidente e outra política.