Ao contrário da ditadura burocrática que controla a quase totalidade dos partidos políticos, o PCO tem como regra de funcionamento a ampla discussão interna. Esse princípio opera o tempo todo, com as discussões nas células que reúnem os militantes sendo o espaço mais constante para consolidação da política do partido. Nas situações que envolvem decisões pontuais como definição de candidatos nas eleições, por exemplo, a militância é convocada para conferências. Este é o caso da conferência para a definição do posicionamento do PCO no segundo turno das eleições, que será realizada nos dias 12 e 13 de outubro em São Paulo.
Essa dinâmica é fundamental para o funcionamento de um partido operário. Dessa forma, o Partido fala a mesma língua. Após as discussões internas, qualquer militante atua na defesa da política estabelecida, destoando do padrão observado na política burguesa, onde mesmo partidos de esquerda acabam empurrando goela abaixo da sua militância as decisões tomadas por um pequeno grupo. Nas eleições para a prefeitura de São Paulo, o PT fez justamente isso, impondo a candidatura de Guilherme Boulos. Uma figura fomentada pela burguesia durante a campanha golpista que culminou com a derrubada do governo de Dilma Rousseff.
Como convencer os militantes que lutaram contra o golpe de que seria uma boa ideia abrir mão de candidatura própria para dar palanque para o líder do Não Vai Ter Copa, que foi financiado pela Fundação Ford? A estratégia é nem tentar convencer, apenas informar que o candidato do PT nem faz parte do partido e quem não apoiar está ajudando a direita. Esse tipo de funcionamento é profundamente desmoralizante para os militantes de qualquer partido, especialmente os mais ativos, aqueles que atuam nas ruas. Expõe que a opinião da base do partido não importa para a direção, que negocia acordos e decide os rumos da política do partido longe daqueles que constroem e tornam o partido relevante na sociedade.
No Psol, as coisas parecem ser até piores. Funcionando na prática como uma plataforma eleitoral, o partido não tem qualquer coesão. Não são poucos os exemplos de candidatos recém filiados que o partido lança em eleições. O próprio Boulos entrou no partido em 2018 e já saiu candidato à presidência, naquelas eleições marcadas pela fraude eleitoral que impediu a participação de Lula, que estava preso em Curitiba.
Nos partidos de direita, nem há muito o que se comentar, pois nem militância de verdade eles têm. Mesmo na cúpula desses partidos, o que existe é disputa de poder ao invés de discussão política. Finalmente, a direita obedece aos interesses da burguesia. Os partidos de direita não elaboram uma política, eles apenas executam as ordens dos seus patrões. Por isso, não faz sentido discutir e decidir coletivamente como se posicionar diante dos acontecimentos políticos.
Na contramão da política burguesa, o PCO convoca sua militância para discutir a situação política nas cidades onde haverá disputa de segundo turno para a prefeitura e decidir democraticamente qual o posicionamento correto do partido. Ao contrário de como agem os demais partidos, o PCO se estrutura de forma consequente, pois a luta política não começa e nem se encerra nas eleições.