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Eleições parlamentares

Para onde vai a França?

A extrema direita será vitoriosa nas eleições parlamentares, a questão agora é o qual o tamanho de sua vitória e como agirá a esquerda e a burguesia francesas

Neste domingo (30), o povo da França vai às urnas após a convocação súbita de eleições ao parlamento pelo presidente Macron no início do mês. A extrema direita, representada pelo partido de Le Pen, RN, teve uma vitória acachapante nas eleições ao Parlamento Europeu, o grande derrotado foi o próprio Macron. O presidente então armou uma manobra, chamou eleições relâmpago, mas nada indica que essa manobra irá salvá-lo. A onda da extrema direita ameaça dominar o parlamento, essas eleições podem mudar os rumos de toda a Europa.

Após a vitória acachapante do partido de Le Pen nas eleições ao Parlamento Europeu, as eleições parlamentares se desenvolveram em três blocos. O partido falido de Macron, o Renascimento, representa o chamado centro. A extrema direita, a todo vapor, com o RN. A novidade é que a esquerda formou um bloco, a Nova Frente Popular (NFP), que unifica a França Insubmissa, a esquerda propriamente, o Partido Comunista Francês, já totalmente decadente. Além desses dois partidos do imperialismo, os Ecologistas, e pior, o Partido Socialista. Este após 100 anos de decadência é praticamente idêntico à Macron. Ele é o grande problema da NFP.

Mas a vitória enorme de Le Pen parece ter criado uma onda da extrema direita em toda a França. Um artigo recente do Le Monde destacou que em um distrito anteriormente identificado com a esquerda, o RN obteve a maior votação, 25% dos votos nas eleições europeias, comparado aos 17% do Partido Socialista (PS). Historicamente, a esquerda havia conquistado mais de 50% dos votos nessa região. Se até mesmo os locais mais esquerdistas tendem dessa forma a Le Pen isso indica que a extrema direita terá uma vitória em todo o país.

As últimas pesquisas apontam também nessa direção. Le Pen lidera com 36% das intenções de voto, seguida pela Nova Frente Popular (NFP) com 26%, e Emmanuel Macron com 22%. Não é possível saber qual corretas estão as pesquisas, mas caso o RN tenha uma vitória ainda maior, com mais de 45% pode muito bem assumir o controle do parlamento francês. Isso se a onda de extrema direita não conquistar a maioria absoluta. A burguesia francesa não está com Le Pen, então os resultados estão em disputa.

Além disso, há eleições de segundo turno nos distritos, o que permite uma maior manipulação a favor de Macron com a política do “mal menor”. Macron virou presidente dessa forma, convencendo a esquerda de votar nele contra Le Pen. A eleição parlamentar opera como diversas mini eleições em cada distrito, essa manobra provavelmente era o grande trunfo que Macron tinha em mente ao convocar as eleições de forma repentina.

A Nova Frente Popular

Como citado na pesquisa acima, toda a esquerda unifica tem menos intenção de voto que a extrema direita. Mas o NFP é uma frente ampla que deve ser bem compreendida. Há um cavalo de troia dentro da NFP, o PS. Esse partido é tão falido que criou junto ao partido tradicional da direita, o PR, o partido de Macron. Sua política é a mesma do presidente francês, o neoliberalismo, a destruição das condições de vida dos trabalhadores franceses, o apoio a OTAN e a guerra contra a Rússia. Ou seja, ele tem todos os pontos negativos que fizeram Macron ser totalmente derrotado pela extrema direita.

A esquerda poderia ganhar muita popularidade diante do avanço do fascismo. É algo natural dada a polarização. Mas ao se alinhar com o PS e com os verdes ela perde essa força. Sua política fica atrelada a mesma política de Macron, ou seja, estão abraçados aos partidos que estão totalmente falidos politicamente. Na questão eleitoral isso impede que ela apareça como uma alternativa a extrema direita. Se a NFP for identificada com Macron então ela perderá votos, e a extrema direita sabe aproveitar bem isso.

Há também uma outra possibilidade importante. Dado que a burguesia francesa não quer a vitória de Le Pen ela pode tentar formar um governo com a NFP, mas ela deve ser domesticada. Isso significa que o candidato propriamente da esquerda, Melenchon, da FI, não deve ser o líder da chapa. A burguesia então vai manobrar para tentar deixar o candidato do PS como líder da chapa. Assim, a burguesia se manteria sobre o controle do parlamento. É uma manobra possível que vai depender do resultado das eleições.

O fascismo na França

Por fim, é preciso destacar a possibilidade da vitória do partido de Le Pen. O partido a princípio não está em acordo com o imperialismo, então ele pode ter um governo semelhante a Donald Trump, um candidato que está contra o regime político. Mas o RN é muito diferente de Trump, ele é de fato um partido fascista tradicional com um histórico que remete ao governo nazista da França, quando a Alemanha ocupava o país.

O RN foi fundado pelo pai de Le Pen, Jean Marie, fundou a Frente Nacional na década de 1970. Ele havia sido um membro da Legião Francesa tanto no Vietnã quanto na Argélia. Ou seja, era o típico militar da ala mais fascista das forças armadas. Ele era um admirador do governo de Vichy, o governo nazista da França na época da Segunda Guerra Mundial. Le Pen apenas maquiou o partido recentemente, mas a extrema-direita francesa é literalmente nazista.

Prova ainda maior disso foi a colocação do candidato de Le Pen sobre a resistência francesa. Ele usou o nome de Jean Moulin, um herói da luta dos franceses contra o nazismo, como comparação pejorativa para atacar um membro do partido socialista. Jordan Bardela, que pode ser o primeiro-ministro da França em breve, basicamente deixou escapar que é um defensor do nazismo.

Ainda não se sabe qual será o resultado das eleições parlamentares. Mas independente do tamanho da vitória da extrema direita a eleição não acabará com a luta política. A extrema direita veio para ficar e a esquerda deve compreender muito bem essa realidade para traçar um plano de luta. A Nova Frente Popular, tal qual a Frente Popular da década de 1930, está fadada ao fracasso.

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