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Oriente Médio

Para o sionismo, é melhor um Jesus negro que palestino

"Africanizar" Jesus Cristo, agora, é uma ótima saída para quem não o quer vê-lo palestino

Em um momento no qual o genocídio palestino está sendo visto pelo mundo inteiro, no que poderia ser mais uma oportunidade de fazer campanha em defesa daquele povo, o identitarismo surge para “africanizar” Jesus Cristo e retirar, por ora, a defesa de sua origem palestina.

Afora toda polêmica ao redor da raça de Jesus Cristo (se isso – raça – ainda é possível dizer), o fato é que o fundador de boa parte das religiões não foi aquele louro famoso das escolas e das igrejas. Mas, ao que tudo indica, foi um palestino típico.

Mas, surgiu o identitarismo para tentar ofuscar essa questão, ao afirmar que Jesus Cristo era negro e, por consequência lógica, não era nem branco, nem palestino. A questão identitária surge justamente para tirar da atenção aquilo que realmente importa, no caso, agora, a luta dos palestinos contra o genocídio perpetrado por “Israel”.

A Folha de S. Paulo, uma das defensoras de todos os golpes que o Brasil sofreu, é uma das mais ardentes identitárias quando se trata da imprensa capitalista, e sempre saca do bolso uma nova tese, uma nova “narrativa”.

O Pastor e teólogo Ronilso Pacheco foi o escolhido da vez, tendo cedido uma entrevista para o jornal golpista com o intuito de “destacar Cristo como homem africanizado”, pois, segundo ele, “por muito tempo, o povo negro foi alijado da possibilidade de fazer uma leitura da Bíblia a partir da sua história. A teologia negra recupera o protagonismo desse povo para a história do cristianismo. Não é trivial destacar a existência de personagens bíblicos como pessoas negras de território africano”.

Uma primeira explicação é que essa teologia em nada tem a ver com a luta do negro por seus direitos. Na verdade, se adotarmos o ponto de vista do Pastor Ronilso, grande parte do identitarismo é uma teologia. As “releituras”, “desconstruções”, e toda a parafernália literária apresentada pelos identitários é, no fundo, um problema da teologia. Por isso, a tentativa de culpar os presentes por crimes de séculos atrás. 

Mas o interessante, mesmo, é que essas discussões aparecem em momentos fundamentais, como, agora, na luta do povo palestino contra o genocídio israelense. Ou seja, trata-se do melhor momento para advogar a cidadania palestina de Jesus Cristo, não sua raça negra. 

Belém, onde teria sido a cidade natal de Jesus, é hoje uma cidade localizada na Cisjordânia, um território ocupado pelos nazistas de “Israel”, e fica cerca de dez quilômetros ao sul de Jerusalém. Jesus era palestino sem a menor sombra de dúvida.

Ora, se Jesus é o salvador da religião hebraica, um palestino em último caso, é o salvador dos judeus, o que não deixa de ser irônico, pelo menos para os sionistas que massacram faz mais de 100 anos o povo palestino. 

Apontado como pastor progressista, essa “leitura racial” de Ronilso Pacheco também não surpreende. Afinal, a influência de “Israel” sobre as religiões evangélicas brasileiras é gigantesca, seja pela tradição religiosa do uso de adereços de “Israel”, seja pelos escritos em si, que tratam do “povo de ‘Israel’” como o povo a ser salvo. 

Coube ao identitarismo dar a conotação racial para o sionismo, “africanizar” Jesus Cristo e, assim, oferecer mais um argumento para o folclórico Estado de “Israel”, em última instância, dar mais uma justificativa ao genocídio perpetrado pelos sionistas.

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