Nessa sexta-feira (31), o Estadão publicou um editorial intitulado O liberalismo sob seu maior teste de estresse. No texto, o jornal, principal representante do capital financeiro no Brasil, reproduz a mesma choradeira da imprensa imperialista: o “liberalismo” está perdendo para o “autoritarismo”.
“Não seria exagero dizer que o liberalismo está sob seu maior teste de estresse desde ao menos o fim da guerra fria, há mais de três décadas”, afirma.
Aqui, é preciso entender o tal “liberalismo” como sendo o conjunto dos países imperialistas e “autoritarismo” como sendo o conjunto dos países oprimidos que se opõem aos imperialistas. Em outras palavras, quando o Estadão diz que “o liberalismo está sob seu maior estresse”, quer dizer que o imperialismo está em meio à maior crise de sua história. Consequentemente, o “liberalismo” perder para o “autoritarismo” significa que os países oprimidos estão conseguindo travar uma luta contra a dominação imperialista, como nos casos do Afeganistão, da Ucrânia, do Níger, de Burquina Fasso, do Gabão e, agora, da Palestina.
Este, entretanto, não é um editorial comum que o Estadão publica para caluniar e criticar determinada figura política. É um daqueles artigos ameaçadores que serve como um alerta do grande capital. Algo que fica claro no último parágrafo do texto:
“Para ser fiel aos valores que constituíram esta nação, o presidente Lula da Silva não deveria ter qualquer dúvida sobre de que lado posicionar o País nessa ‘luta central’. Porém, recalcitrante em se libertar do ranço ideológico anti-EUA, o petista tem demonstrado que, entre os interesses nacionais e a visão de mundo do PT, sua escolha foi feita.”
Quer dizer, ao colocar como uma questão dada, para o Estadão – e, consequentemente, para um setor poderoso da burguesia -, Lula já decidiu de que lado está. O jornal estaria afirmando, portanto, que o presidente brasileiro já entrou no chamado “Eixo da Revolta”, termo utilizado pelo New York Times e mencionado no artigo do veículo de imprensa brasileiro.
O problema é que, se Lula já decidiu que, segundo o Estadão, ele será contra os interesses nacionais, ou seja, que será contra a política imperialista para o Brasil; a única solução é derrubar o governo.
Trata-se de uma ameaça ainda mais concreta quando levamos em consideração que o imperialismo, neste momento, parte para uma contraofensiva para impedir que sua crise aumente ainda mais. O editorial do Estadão, nesse sentido, afirma que Lula não serve para este momento no qual o imperialismo precisa “pôr ordem na casa”. Consequentemente, os EUA vão ter que brigar contra o governo Lula.
Temos, portanto, mais um indício de que, no futuro, a burguesia vai dar um golpe contra o governo brasileiro para impor à população uma figura que defende os interesses do imperialismo. A Lula, resta mobilizar os trabalhadores, esta é a única força política que pode e fato enfrentar o imperialismo e sua política de rapina.