Nas últimas semanas, a burguesia tem lançado uma nova “bateria” de ataques ao governo Lula. Além do indiciamento do ministro de Comunicações e da rejeição da Medida Provisória 1.227/2024, temos, também, os casos do leilão de arroz e do suposto “gabinete do ódio” formado pelo PT, manchete do Estadão por alguns dias.
O governo passa por um momento frágil e, ao que tudo indica, será obrigado a tomar alguma medida em breve caso não queira que sua situação piore rumo, até mesmo, à sua derrubada.
A imprensa burguesa, como mostra o caso do “gabinete do ódio”, tem se empenhado e muito para criar uma imagem cada vez mais negativa e desmoralizada de Lula. Qualquer medida mais progressista tomada pelo presidente é duramente criticada, enquanto que a política neoliberal defendida por figuras como Simone Tebet (MDB), ministra do Planejamento e Orçamento, é exaltada.
O mesmo ocorre em relação à política internacional de Lula e, mais especificamente, em relação à sua posição sobre a Palestina. Há alguns meses, quando comparou acertadamente o genocídio perpetrado por “Israel” em Gaza ao Holocausto da Alemanha Nazista, tanto a extrema direita brasileira quanto a direita tradicional ligada ao sionismo não pararam de berrar contra o presidente.
Essa colocação é a mais radical que fez desde 7 de outubro de 2023. Mas os ataques contra Lula são feitos independente de quão esquerdista é a sua política, basta defender o povo palestino ou criticar minimamente o Estado nazista de “Israel” que, prontamente, ele é criticado. Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha de S.Paulo, por exemplo, é um claro exemplo disso. Abaixo, citamos duas de suas últimas publicações em sua conta no X (antigo Twitter):
“Lula, o antissemita número 1, chama de ‘falecimento’ o assassinato de um brasileiro pelo Hamas. E por que? Porque o Hamas é parceiro ideológico e espiritual do PT. Mais um ‘presente’ para os judeus idiotas que votam no PT.”
“Lula deixa a embaixada em Telavive vazia. Isso sinaliza uma crise diplomática grave. Parabéns aos judeus petistas pela sua estupidez. Mais atos antissemitas por parte do governo petista virão.”
Quer dizer, para este representante da imprensa burguesa no Brasil, qualquer coisa que Lula faça ou deixe de fazer é “antissemitismo”. Mostrando que o problema aqui é se ele defende ou não o Estado genocida de “Israel”.
Nesse sentido, uma das formas de furar o cerco que a burguesia está impondo contra ele, Lula deve travar uma luta política decidida contra o sionismo. Ao mobilizar a população em defesa do povo palestino e contra o genocídio que a ocupação sionista perpetra em Gaza, Lula estaria se colocando em contradição direta com toda a burguesia que, enquanto classe, defende os sionistas. Estaria se colocando em contradição com o próprio bolsonarismo, com o qual a burguesia indica ter fechado um acordo.
Assim, fortaleceria o governo e sua possibilidade de tomar medidas de força em prol dos interesses da população, ao mesmo tempo em que estaria contribuindo em muito para a luta do povo palestino contra “Israel”.