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Eleições

Para derrotar o bolsonarismo “vale tudo”, até voto na direita?

Com o segundo turno se aproximando, esquerda permanece com uma política desesperada e ilusória para tentar derrubar o bolsonarismo

Após um primeiro turno catastrófico, ainda há setores da esquerda iludidos com a disputa eleitoral e adotando uma política de “salve-se quem puder”, um verdadeiro vale-tudo para tentar derrotar o bolsonarismo. Com ênfase no “tentar”, visto que o bolsonarismo teve o melhor resultado até agora nas eleições deste ano.

Podemos ver o desespero desse setor da esquerda em uma matéria publicada no portal Esquerda Online, intitulada “A batalha do 2º turno contra a extrema-direita”. Para os locais onde há uma disputa entre candidatos considerados da esquerda e alguém da direita, o artigo faz um chamado para o voto na esquerda, como no caso de São Paulo, Fortaleza, Porto Alegre, Natal e Cuiabá.

Isso levando em consideração que o “voto na esquerda” serve inclusive para Guilherme Boulos, o homem do “não vai ter Copa” e que possui ligações políticas com setores tenebrosos da direita. Apesar de ser uma posição com um propósito político muito limitado, que não configura um avanço real para a luta dos trabalhadores, o texto do Esquerda Online se preocupa também com as disputas de 32 outras cidades onde não há esse candidato da esquerda:

“Nos municípios em que há duelos entre um candidato da centrão não-bolsonarista e outro da extrema direita, consideramos que a tática correta é o chamado ao voto no candidato da direita para evitar a vitória do bolsonarista, sem depositar nenhuma ilusão ou conferir apoio político a essa alternativa de direita. É o caso, por exemplo, de Belo Horizonte, onde Fuad (PSD) enfrenta Engler (PL); e Belém, onde Igor Normando (MDB) rivaliza com Eder Mauro (PL)”, diz o texto

O chamado a votar em candidatos da direita, como gente do MDB, deixa muito claro que a esquerda pequeno-burguesa perdeu completamente a noção e também qualquer resquício de princípio político. A defesa enfática remete, por exemplo, à eleição da prefeitura do Rio de Janeiro, onde o PT apoiou formalmente a candidatura de Eduardo Paes (PSD), chamando voto no 1º turno e ajudando a elegê-lo com facilidade. Com suposto medo dos candidatos bolsonaristas, a esquerda adotou a política do “menos pior” e considerou jogar toda sua força política para apoiar um inimigo histórico dos trabalhadores na capital carioca.

Essa política desesperada é um problema mais profundo que atinge a esquerda brasileira quase na totalidade.

A primeira confusão é a de que estamos numa disputa entre “democracia” e “fascismo”, onde o fascismo seria representado pelos bolsonaristas e a extrema-direita em geral, o que não é exatamente uma verdade, pois não são exatamente fascistas e as comparações com Hitler e outras figuras são incabíveis. E no lado da democracia estariam as figuras da direita tradicional, do centro político, ou seja, do MDB, do PSDB e vários outros partidos responsáveis pelo golpe de 2016, por prender Lula e por desgraçar a vida dos trabalhadores desde o início de sua existência.

E essa disputa entre “democracia” e “fascismo” se dá no terreno eleitoral. Assim, adota-se a política do “mal menor”, pois o neoliberal que destrói todos os direitos dos trabalhadores parece ser menos nocivo que um bolsonarista que tem discursos mais radicais, que são supostamente homofóbicos, racistas, ou qualquer coisa do tipo.

A segunda confusão é a política de conciliação com esses setores da direita. O PT, PSOL e outros partidos da esquerda se aliam a esses bandidos de carteirinha para tentar derrotar o bolsonarismo, esperando receber como contrapartida apoio para a disputa de outros cargos. Por um lado é puro oportunismo, aspirando posições de destaque e, por outro, é uma ilusão de achar que vão derrotar a extrema-direita e de achar que a direita golpista pode ser um aliado útil para alguma coisa.

O primeiro turno das eleições deixou muito claro que essa política de aliança não está levando a lugar nenhum. Nas principais cidades do País, a esquerda perdeu em todas. E os candidatos bolsonaristas estão ganhando de lavada.

Ou seja, nem do ponto de vista pragmático, da luta pela vitória eleitoral, a aliança não está dando certo, porque a esquerda não ganhou nada com isso. Do ponto de vista dos trabalhadores, nem se fala.

“Mas há cidades nas quais a disputa se dá entre dois candidatos bolsonaristas. Nesses casos, o chamado ao voto nulo é a melhor opção. Mas pode haver situação em que há uma candidatura abertamente fascista contra outra menos reacionária, ainda que possa essa última ter apoio de alguma ala do bolsonarismo. Nestes casos, nos parece válido o chamado a “nenhum voto” no candidato diretamente fascista”, conclui o autor.

A conclusão é que se tiver um candidato “menos fascista”, melhor votar no “menos fascista”.

“Possivelmente, a extrema direita e a direita sairão vitoriosas dessas eleições. O resultado do 1° turno apontou nitidamente nesse sentido. E as disputas de 2° turno seguem mostrando uma realidade política muito difícil para a esquerda”, continua o texto.

Ao menos o autor do texto reconhece que o cenário é muito ruim para a esquerda. Mas ao que indica, não devem aprender e tirar as lições corretas dessa derrota acachapante.

A realidade é que essa política de conciliação, do apoio ao “mal menor” e até mesmo do apoio às políticas identitárias, está levando a esquerda a um declínio sem fim. Enquanto não se apresentarem com uma perspectiva de luta para os trabalhadores, não há como esperar um resultado diferente.

O PT, maior partido da esquerda no Brasil e com uma ampla massa de trabalhadores que o apoia, deixou de lançar candidatos em várias cidades, para apoiar qualquer outra coisa. Ao mesmo tempo, a política adotada nas eleições pelos setores da esquerda pequeno-burguesa foram muito direitistas, como o “amor vai vencer o ódio”, além da demagogia barata com os setores oprimidos como os LGBT, os negros, as mulheres, etc.

Enquanto não se apresentar uma política séria, que procure mobilizar os trabalhadores para conquistar os avanços nos seus direitos, será difícil ver um cenário diferente desse. Na realidade, o povo está cansado de ver os mesmos candidatos, defendendo a mesma baboseira de sempre.

O voto útil é uma ilusão e uma forma de tentar enganar os trabalhadores. Trabalhador tem que votar em trabalhador, tem que votar naquilo que realmente acreditam e possuem uma afinidade ideológica. Se não for um candidato dos trabalhadores, não iremos ganhar nada escolhendo o menos pior, será só uma forma diferente de política, mas os trabalhadores serão massacrados do mesmo jeito.

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