O anúncio do pacote de corte de gastos feito pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada foi elogiado – e não poderia ser diferente – pelos banqueiros da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Em nota, a Febraban reconhece que “o anúncio de um novo pacote fiscal mostra que o país, não só a equipe econômica e o governo, reconhece a criticidade do quadro fiscal e a premente necessidade de um ajuste mais forte para que seja perseguido e alcançado maior e sustentável equilíbrio das contas públicas. Considerando o contexto desafiador da crescente trajetória da dívida pública e sem entrar nos detalhes do efeito das medidas anunciadas nos gastos – análise que a Febraban ainda irá se aprofundar –, o pacote fiscal está na direção correta. Ele indica a urgência da adoção de medidas adicionais ao arcabouço fiscal, sem as quais não conseguiremos ter um ambiente estrutural de juros menores, menos pressão na inflação e no câmbio”. (Site da Febraban, 28/11/2024)
Como se pode verificar, o pacote de Haddad agradou os banqueiros, mas mesmo assim eles querem mais, e muito mais.
Na mesma nota, esses que são os maiores parasitas da economia nacional destacam que retirar o reajuste do salário mínimo – reajuste esse que impactará também os trabalhadores aposentados pela Previdência Social –, de aplicar regras de acesso ao abono salarial, ao BPC (Benefício de Prestação Continuada) e caçar a concessão do Bolsa Família, da população mais necessitada do país, é uma medida positiva. Além disso, orientam o governo de que o “pacote fiscal não deveria perder a oportunidade de incluir a revisão dos pisos dos gastos com saúde e educação, que têm tido crescimento acima dos limites do arcabouço”. (Idem)
“Coincidentemente”, logo após a divulgação da nota da Febraban, no dia 30 de novembro o governo publicou no Diário Oficial (DOU) mais um decreto que estabeleceu um novo corte no orçamento público de 2024 na ordem de R$ 5,5 bilhões, corte esse que atinge justamente as áreas sociais, como a saúde e a educação.
Não há dúvida de que os banqueiros acharam positivo o pacote de cortes de gastos, já que as medidas do Ministro da Fazenda/Planejamento implementam a política do Robin Hood às avessas, quando se tira da população mais pobre para beneficiar meia dúzia de parasitas especuladores financeiros e os banqueiros. Segundo os cálculos feitos pela equipe econômica, serão cerca de R$ 370 bilhões retirados, nos próximos 5 anos, dos pobres coitados dos cidadãos que sobrevivem com a Bolsa Família, do Benefício Continuado, do pobre aposentado, com o maior sucateamento do sistema de saúde, da educação, transporte, infraestrutura, etc., direcionando-os diretamente para os cofres dos banqueiros.
No ano de 2023, os banqueiros abocanharam 43,23% do orçamento federal, ou seja, R$ 1,89 trilhão, enquanto as pastas de saúde e educação ficaram com 3,69% e 2,97%, respectivamente (números que foram diminuídos com os cortes deste ano de 2024).
E, mesmo assim, os banqueiros criminosos, que lesam toda a nação, não estão satisfeitos e querem mais, muito mais.
Não pode haver dúvida de que, se os banqueiros consideram que as medidas da equipe econômica de cortes de gastos são positivas, os trabalhadores devem repudiá-las. São os banqueiros um dos principais causadores do atraso econômico do país, impondo a política do Banco Central de juros altos e roubando quase metade do orçamento público, quando esses recursos deveriam ser utilizados em benefício do povo brasileiro.
É preciso que as organizações de luta dos trabalhadores, a CUT, os sindicatos de trabalhadores, os movimentos sociais, repudiem o Plano Haddad e exijam a sua retirada. Essa luta não irá enfraquecer o governo Lula; ao contrário, irá salvá-lo da desmoralização que, consequentemente, com sua implantação, irá fortalecer a extrema-direita e o imperialismo.