O capitão israelense Bar Zonshein declarou ter disparado projéteis de tanques contra veículos que transportavam civis israelenses no dia 7 de outubro. A afirmação foi realizada em depoimento no Canal 13, no programa “Hamakor,” sendo ratificado no dia posterior no portal Ynet. A história foi objeto da coluna de Nadavill, “Uma história de bravura e vergonha”, publicada em 27 de outubro em Ynet e “Yediot Ahronoth”.
טנק אחד שמגן על גזרה שלמה מפני פלישה של האויב למרכז הארץ. לא, לא סיפורו של אביגדור קהלני. הסיפור של בר זונשיין והצוות המדהים שלו, שיצאו סוף סוף מהרצועה ושחזרו למצלמות של ישראל רוזנר את הדברים הבלתי נתפסים שקרו שם. הטנק שדרס מחבלים שוב ושוב ונתקל בדילמה המייסרת האם להפגיז רכב של… pic.twitter.com/WRWejkUNqS
— Raviv Drucker (@RavivDrucker) March 17, 2024
O relato
Em seu depoimento, o comandante de companhia blindada relata te disparado com projéteis de blindados contra dois veículos rumo a Gaza próximo Kisufim, a aproximadamente 2 quilômetros do perímetro de Gaza. “Identificamos dirigindo duas picapes de passageiros, Toyotas e com um grande número de pessoas na cabine, e havia uma pilha de pessoas. Não sei se eram cadáveres ou pessoas vivas… E decido atacar esses veículos”, afirmou Zonshein.
Em sua narrativa, Zonshein esclarece que não conseguia identificar se todos os ocupantes dos veículos estavam vivos. A situação de ignorância era similar quanto a natureza civil ou militar dos mesmos, expondo que muitas das baixas de 7 de outubro — atribuídas ao Hamas — foram executadas pelas Forças de Defesa de Israel (FDI).
Mesmo sob a poeira do confronto e com total escassez de informações, Zonshein deduziu que se tratava de um sequestro. “Atiramos no primeiro veículo, atiramos no segundo veículo”, afirmou ele, “acho que atingimos o primeiro, houve um clarão. O alvo já está muito longe. Acho que atingimos o segundo veículo”, complementou.
Protocolo Aníbal
Mais adiante, indagado, “por que você decidiu atacar as vans?”, Zonshein expõe seu critério para ação: “Porque algo no meu instinto me disse que elas poderiam estar sobre elas”. O capitão se referia à possibilidade de membros capturados das FDI estarem entre os ocupantes.
A essa altura o entrevistado questiona: “Talvez você os tivesse matado. Eles são seus soldados.” Zonshien responde sem hesitar: “Mas decidi que esta era a decisão certa, que era melhor parar o sequestro e que eles não fossem levados.”
O interpelador questiona, retrospectivamente, o julgamento de Zonshein sobre suas ações: “Olhando para trás, você sente que fez a coisa certa?”. Este responde: “Sinto que agi corretamente”.
Em sequência, o entrevistado insiste com uma pergunta direta de resposta obvia: “Essa é a ordem? Uma ordem do [protocolo] Hannibal?” A qual Zonshein responde sugerindo afirmativamente: “No pedido em si, algumas etapas operacionais precisam ser tomadas”. “É preciso disparar contra pontos de concentração centrais e pontos de controle (militares), e em caso de identificação (dos próprios soldados), é preciso também fazer isso”, complementa Zonshein.
A seguir, Zonshein justifica a ação, afirmando: “Não me pesa por causa dessa cena de pessoas sendo levadas por assassinos que as mantêm cativas e sob tortura — isso, eu acho, é um pensamento muito pior”.
O Protocolo Aníbal (traduzido também como Procedimento Aníbal ou Diretiva Hannibal) é um procedimento adotado oficialmente em 1986 pelas FDI. Seu comando seria algo como: “o sequestro de soldados deve ser interrompido por todos os meios, mesmo ao preço de atacar, ferir ou destruir as nossas próprias forças”.
Oficialmente o protocolo foi utilizado em 2000 nas Fazendas Shebaa, em 2006 na Travessia de Kerem Shalom e Ayta ash-Shaab, de 2008 a 2009 em Gaza e na Travessia de Erez, em 2014 em Rafá e Shuja’iyya, em 2016 no Acampamento Qalandia e em 7 de outubro de 2023 contra a Operação Dilúvio de Al-Aqsa.
Tortura e assassinato
Embora o Estado sionista de “Israel” utilize como justificativa para o Protocolo Aníbal, se fala na suposta tortura e assassinato dos israelenses prisioneiros dos combatentes palestinos como o Hamas. Mas a única ocorrência de tortura e assassinato documentados na região é sofrida pelos palestinos cativos em “Israel”. Todas evidências de reféns apontam que os combatentes palestinos dispensam um tratamento humanitário aos seus cativos. Realidade distante do tratamento de tortura sistemática e generalizada dispensada por “Israel” aos seus prisioneiros, algo documentado, até mesmo, pela grande imprensa sionista.
A real política do Protocolo Aníbal
“Israel” mantém uma população gigantesca de palestino prisioneira arbitrariamente, como um aspecto de sua política de ocupação, sendo esta política de captura reféns palestinos, parte relevante do regime de terror da ocupação israelense. Ocorre que israelenses, prisioneiros da resistência armada palestina, são uma moeda de troca importante nesse aspecto, além de fragilizar a campanha militar das FDI. Um exemplo disso foi a troca, em 2011, do cabo israelita Gilad Shalit, que foi capturado em 2006, por 1.027 palestinos reféns do Estado de “Israel”.
Os reféns israelenses distribuídos nas linhas palestinas ainda proporcionam maior desgaste político à prática de destruição indiscriminada de “Israel”. Além de serem utilizados para negociações de cessar-fogo. Por esta razão, “Israel” realizar tem a prática de assassina membros de suas forças e até mesmo civis feitos cativos dos combatentes palestinos.