Ricardo Machado

É dirigente do Sindicato dos Bancários de Brasília e ex-dirigente da CUT-DF. Integra a Coordenação dos Comitês de Luta do DF e faz parte da Direção Nacional do Partido da Causa Operária (PCO)

Coluna

Ouro de Tolo

As propostas dos banqueiros e cantada como "vitória" pela burocracia sindical vai no sentido de quebrar a mobilização da campanha salarial dos bancários sem nenhuma conquista real

 

 

“SIBILOT – O que fazes aí?

GEOGERS – Escrevo meus ensaios.

SIBILOT – Quê ensaios?

GEORGES – minto a mim mesmo.

SIBILOT – A ti também?

GEORGES – A mim em primeiro lugar. Tenho demasiada inclinação para o cinismo; é indispensável que eu seja meu primeiro enganado” (da peça NEKRÁSSOV, de Jean Paul Sartre).

 

Dado o aceno dos patrões para liquidar com a Campanha Salarial da Categoria Bancária, o conjunto dos dirigentes sindicais saíram prontamente em defender, mais uma vez, o que não se poderia de chamar de migalha caída da mesa de negociação com os banqueiros e sim os seus farelos. 

Querem passar para os bancários que, depois de “13 duras e longas rodadas de negociações…, o Comando Nacional dos Bancários ARRANCOU” uma proposta da Fenaban, ou seja, arrancaram uma “vitória” para os trabalhadores bancários. Ao contrário disso, o que se verifica é a manutenção do arrocho salarial que, se aprovada em assembleia virtual nesta quarta-feira (4), será consolidado, sem luta, mais um ataque dos banqueiros à categoria bancária.

Nas várias rodadas de negociações, os banqueiros sistematicamente enrolavam na tentativa de dobrar os bancários. Primeiramente se recusaram a discutir índice e sugeriram propostas de cortar direitos e salários. Em seguida propuseram reajustar os salários abaixo da inflação (85% do INPC). Em nova mesa, os banqueiros apresentaram a proposta de 100% do INPC. Na 11ª rodada, reajustes por faixas salariais. Por fim, na última rodada de negociação, apresentaram, segundo eles, a “última” proposta, e aceita pelas direções sindicais, do reajuste miserável de 4,64% (3,91% INPC + 0,7% de “ganho real”), sendo que as perdas salariais da categoria ultrapassam 30%. 

Além disso, os banqueiros, mais uma vez, contam logicamente com a colaboração da burocracia sindical, querem a rendição dos trabalhadores bancários com a assinatura do acordo válido por dois anos, onde os salários serão reajustados com o famigerado “ganho real” de 0,6%. Assim, em 2025 os bancários não terão campanha salarial e terão que aceitar mais um farelo sem poder reivindicar mais nada.

As propostas dos banqueiros e cantada como “vitória” pela burocracia sindical vai no sentido de quebrar a mobilização da campanha salarial dos bancários sem nenhuma conquista real e impedir que no próximo ano os bancários saiam à luta. O conjunto dos dirigentes sindicais procuram passar a ideia de que os trabalhadores não querem lutar, de haver na categoria um certo ceticismo devido a atual situação política com o tal suposto avanço da extrema direita ou coisas que o valham. Razões, é evidente, até que existiriam de sobra para este supostas ceticismo, mas isso não é verdade. O ceticismo está nos “dirigentes”, não na categoria. A categoria quer lutar, quem não quer e não deixa são os “dirigentes”. 

Os bancários sempre têm sido um exemplo de combatividade entre todas as categorias atendendo sempre aos chamados de luta em todos o País, organizando grandes e combativas greves nacionais, mas estas têm sido constantemente golpeadas pela política de capitulação e de acordos com os patrões pelas suas direções.

É preciso combater essa política de capitulação das atuais direções das organizações dos trabalhadores, na perspectiva de uma nova direção, classista e de luta, que represente de fato os interesses da categoria.

•⁠ ⁠A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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