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Brasil

Ou mobilizar ou defender o STF; fazer os dois é impossível

Apoiar a repressão estatal não é serve "para derrotar o bolsonarismo", mas para a esquerda ser derrotada

O sítio Esquerda Online (EO), que pertence à corrente Resistência, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), publicou um editorial no último dia 9 intitulado Mudar a estratégia para derrotar o bolsonarismo, em que defende que a esquerda tenha uma política de mobilização para enfrentar o bolsonarismo. Até aí, para uma organização de esquerda, é dizer o mesmo que nada, é chover no molhado.

O artigo, no entanto, vale pelo que não diz explicitamente, mas que fica claro ao defender o aparato repressivo do Estado contra o bolsonarismo. Diz Esquerda Online:

Isso passa, entre outras coisas, pela construção da mobilização popular para sustentar a aprovação de medidas sociais e democráticas progressivas. Um dos desafios na disputa pela consciência das massas é, por exemplo, manter e ampliar a maioria social favorável à prisão de Bolsonaro e dos generais envolvidos na tentativa de golpe de Estado. Sem anistia!

Disputar a consciência das massas por meio de medidas repressivas é exatamente o oposto do que diz defender o desorientado órgão. EO praticamente diz “eu autorizo Xandão”, frase popularizada pela esquerda pequeno-burguesa nas redes sociais e que sempre é usada para expressar o apoio desta classe às loucuras repressivas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), quando este realiza algum ataque às liberdades democráticas do povo brasileiro. A política defendida pelo órgão, por sinal, é uma defesa da sanha repressiva adotada pelo juiz ex-PSDB, Alexandre de Moraes. Este, finalmente, é o sujeito oculto no editorial do sítio esquerdista.

Uma das conclusões apresentadas pelo sítio é a de que se trata de “um grave equívoco acreditar que somente com pequenas melhorias econômicas e a ação do STF será possível derrotar a extrema direita e garantir a reeleição de Lula”, diz EO. Ora, o simples fato de considerarem a atuação do STF para qualquer batalha política já estaria errado, mas o órgão vai além. Em diversos outros artigos publicados, os esquerdistas não hesitam em tomar partido do ministro da cabeça lustrosa.

Na coluna “O X da questão” (9/4/2024), o parlamentar Chico Alencar (PSOL-RJ) chama de “ataques” as críticas feitas pelo bilionário imperialista Elon Musk à censura realizada por Moraes.

“Não se trata, aqui, de ‘guerra dos X’ – ‘XMusk x Xandão’ –, por mais que gostemos de super heróis e personalismos. A abordagem é outra”, diz, e acrescenta:

“Na verdade, o que está por trás deste embate é o respeito às leis brasileiras e à nossa Constituição, obrigação de qualquer empresa, estrangeira ou nacional. E de qualquer autoridade pública, em todos os níveis.”

O parlamentar psolista defende também o PL das Fake News, afirmando que “sem regulamentação das redes sociais, o Brasil é terreno fértil para a atuação de bilionários fanfarrões e agressivos ou blogueiros golpistas e irresponsáveis, que só querem lacrar e lucrar com suas fake news, negacionismos e tramas reacionárias.”

No editorial em que defende a repressão aos bolsonaristas, EO repete a farsa do “golpe de 8 de janeiro”, como mostra o trecho abaixo:

“O fato é que a receita adotada até aqui pelo governo está curta, sendo incapaz de diminuir a influência da extrema direita na sociedade e alavancar a aprovação de Lula. O perigo do bolsonarismo segue vivo, mesmo com a derrota do golpe de 08 de janeiro e os processos judiciais em curso. Fortalecido pelo ato na Paulista em fevereiro, Bolsonaro convocou dias atrás manifestação golpista no Rio de Janeiro, dia 21 de abril.”

Ora, o órgão esquerdista critica os acordos do governo Lula com a direita, mas em um tema tão caro à organização dos trabalhadores e à luta contra a burguesa como a repressão estatal, adota a mesma política da direita que jura combater. É a burguesia e seu setor mais poderoso (e reacionário), o imperialismo, que mais defende a tese do suposto golpe dos velhinhos defecadores, o que fazem com um objetivo muito concreto em vista: o recrudescimento do regime político.

Às forças da reação, interessa que o regime seja o mais repressor possível, o que permite atacar seus opositores sem desmascarar totalmente a natureza do Estado burguês, mantendo antes uma certa legitimidade. Para a esquerda e os trabalhadores, o necessário é o oposto, garantir a máxima liberdade de atuação.

O senso comum pequeno-burguês leva alguns esquerdistas a acreditarem que as massas operárias não se importam com o tema das liberdades democráticas, o que é um erro muito explorado pelo bolsonarismo. Ao desprezar a questão democrática, o editorial de EO revela-se uma autêntica propaganda política da esquerda pequeno-burguesa, que relega a questão das liberdades a um plano secundário e apoia entusiasticamente o aparelho repressivo do Estado quando se vê ameaçado.

“Essa avaliação está na base de algumas políticas do governo que não contribuem nem com o aumento da popularidade governo, nem com o enfrentamento necessário ao bolsonarismo. Por exemplo, o ajuste fiscal, a proposta de reajuste zero para o funcionalismo, o silêncio de Lula no aniversário de 60 anos do golpe de 64 e o estímulo às parcerias público-privadas, que resultam em privatizações, vão na contramão do programa que elegeu Lula. Essa estratégia de concessões permanentes à direita desconsidera a importância da construção de mobilizações em defesa de medidas populares, contra as quais o centrão de Lira e a extrema direita agem sistematicamente no Congresso.”

Se políticas desorientadas “não contribuem com o enfrentamento necessário ao bolsonarismo”, críticas vazias como a de EO contribuem menos ainda. Mais do que declamar a importância da mobilização popular, é preciso apoiá-la na prática, o que significa não apoiar a repressão estatal, como faz o órgão esquerdista.

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