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Estados Unidos

Os ‘trotskistas’ que defendem a ditadura do regime dos EUA

WSWS sai mais uma vez em defesa da "democracia" norte-americana

No dia 2 de julho, o World Socialist Web Site (WSWS), um portal que se reivindica “trotskista”, publicou um artigo intitulado Suprema Corte declara os EUA uma ditadura presidencial, na qual analisa a decisão recente da Suprema Corte norte-americana que forneceu a Donald Trump imunidade para os seus atos considerados “oficiais” – isto é, que foram cumpridos durante o seu mandato presidencial. O artigo, assinado por Eric London e Tom Carter, estabelece que a decisão teria alterado fundamentalmente o caráter do governo norte-americano como existia desde a Revolução Norte-Americana, colocando o presidente acima da lei e transformando efetivamente o “Comandante-Chefe” em um ditador, que pode cometer crimes com impunidade”.

O WSWS não se dá ao trabalho de explicar qual seria o “caráter do governo norte-americano” nem logo após a Revolução Norte-Americana, nem no período imediatamente anterior à decisão da Suprema Corte. No entanto, a própria ideia de que agora, e tão somente agora, o presidente norte-americano teria se transformado em um ditador chama bastante a atenção, pois ela implica que, para o grupo que se diz trotskista, o regime norte-americano seria uma “democracia”, e não uma ditadura brutal. Mesmo sediado nos Estados Unidos, o grupo ignora que, há não muito tempo, um cidadão chamado George W. Bush lançou mão dos chamados “atos patrióticos”, que autorizaram o Estado até mesmo a vasculhar bibliotecas para saber o que as pessoas estavam lendo. Esse mesmo George W. Bush, nada custa lembrar, havia acabado de ser “eleito” em meio a um processo no qual o mundo inteiro acusou de ter sido fraudulento.

Se levássemos a sério o que diz o WSWS, teríamos de considerar figuras como George W. Bush como grandes democratas, que respeitariam o “caráter do governo norte-americano” desde a Revolução Norte-Americana. Se George W. Bush, Barack Obama ou Joe Biden respeitaram algum “caráter” foi o de levar adiante uma ditadura criminosa contra os norte-americanos, incluindo a perseguição de verdadeiros heróis da liberdade de imprensa, como Julian Assange e Edward Snowden, com o único objetivo de esconder os crimes praticados em todo o mundo.

O que também é particularmente curioso no artigo do WSWS é que ele afirma que a Suprema Corte teria transformado Donald Trump em um “ditador” sem que o próprio Trump estivesse no governo! Afinal, o atual presidente é Joe Biden, não Donald Trump. A tese só faria sentido caso o WSWS considerasse que a decisão da Suprema Corte foi um golpe de Estado contra o atual presidente, o que seria tão absurdo que nem mesmo os autores do artigo têm coragem de insinuar.

Para dizer que a decisão é um golpe de Estado contra Biden, os autores precisariam demonstrar que o conjunto do regime político norte-americano – ou, ao menos, parte expressiva dele – estaria a favor de Donald Trump. No entanto, não há nem mesmo a mais remota prova de algo nesse sentido. Pelo contrário: os grandes meios de comunicação estão contra Trump, os cem maiores bilionários dos Estados Unidos estão contra Trump, os setores majoritários do Judiciário estão contra Trump, os serviços de inteligência estão contra Trump. A decisão da Suprema Corte não revela um apoio do regime ao trumpismo, mas tão somente uma contradição, resultado do aprofundamento da crise do próprio regime.

Esse seria o problema central para que qualquer marxista discutisse a situação dos Estados Unidos. Isto é, qual o caráter de classe da decisão da Suprema Corte? Quais classes estão envolvidas no conflito? O WSWS se abstém de fazer essa discussão porque substituiu qualquer tentativa de uma análise materialista do problema por uma mera defesa da “democracia”. Isto é, uma defesa dos interesses daqueles que controlam o regime norte-americano.

Não bastasse tudo isso, ainda é preciso levar em consideração o próprio mérito da decisão. Segundo o WSWS, o que a Suprema Corte teria estabelecido seria o “direito do presidente cometer crimes”. É uma infantilidade pensar algo assim, pois a especialidade de todo presidente norte-americano é cometer crimes. Desde crimes de guerra, até mesmo crimes comuns, como resultado do processo inevitável de corrupção para garantir que os projetos mais macabros possíveis sejam levados adiante. O fato é, na verdade, que a Suprema Corte, neste caso, agiu conforme a própria Revolução Norte-Americana citada pelos autores.

Ao dizer que Trump não poderia ser julgado até a data das eleições deste ano pelos supostos crimes cometidos durante seu mandato, o Judiciário está dizendo algo que deveria ser sagrado quando o assunto são os direitos democráticos: ninguém deverá ser impedido de participar do processo eleitoral por causa de sua ficha criminal. A “imunidade” aqui não é um aval para que Trump cometa crimes – até porque, supostamente, esses “crimes” já teriam ocorrido. Trata-se do contrário: de uma tentativa de impedir que um crime ainda maior seja cometido, que é o de impedir que dezenas de milhões de norte-americanos possam votar em seu candidato.

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