Uma matéria publicada pelo sítio de notícias MondoWeiss fezz uma análise sobre os reais interesses que estão por trás da construção do porto flutuante norte-americano ao largo da costa de Gaza. O porto que foi anunciado em março deste ano e iniciou a sua construção em abril sempre foi alvo de muito receio por parte das organizações da resistência palestina.
“Os EUA dizem que o objetivo é levar ajuda humanitária e alimentos ao nosso povo palestino na Faixa, que está exposto a políticas de fome, deslocamento forçado e genocídio levadas a cabo pelo exército israelense com a participação, envolvimento e bênçãos do Administração americana”, declarou de forma sarcástica a administração de Gaza quando do anúncio da construção do porto foi feito.
Oficialmente, a justificativa dos Estados Unidos para a construção do porto é de que ele serviria para levar caminhões de ajuda humanitária para Gaza que chegariam até lá por mar a partir da ilha do Chipre. Entretanto, vem ficando cada vez mais clara a verdadeira razão de ser desse porto: proteger os interesses norte-americanos na região, mas não apenas. Como ficou claro no desenvolvimento do massacre ocorrido no dia 8 de junho no campo de refugiados de Nuseirat, o porto está sendo utilizado para facilitar as ações criminosas do exército israelense.
O massacre de Nuseirat que deixou pelo menos 270 pessoas mortas, dentre elas quase 70 crianças e mais de 400 feridos, foi executado a partir da entrada dos caminhões de ajuda humanitária que estavam sendo comandados por soldados israelenses disfarçados de civis, o que configura um crime de guerra pelo direito internacional. Além de servir como ponto de apoio para os crimes de guerra dos israelenses, segundo o analista político e escritor Nasser Eliwa para o MondoWeiss :
“Os EUA veem Gaza como a última etapa de uma linha de comunicação que se estende entre a Índia, a Ásia e o Golfo Arábico até ao Mar Mediterrâneo. É um porto e um local de recolha, reexportação e reabilitação de gás para a Europa. É também um porto de reserva para suas frotas e porta-aviões.”
Portanto, segundo Eliwa, a preocupação principal dos norte-americanos seria garantir uma base permanente no Mediterrâneo Oriental ou mais precisamente uma base alternativa no caso de uma mudança política brusca em Israel. Eliwa considera também a importância estratégica de Gaza para o curso do gás natural que venha tanto do Mar Mediterrâneo, quanto do Golfo.
“No comércio de gás, a segurança do gás que flui para a Europa é essencial”, afirma. “A América será, portanto, uma guardiã da Europa”. Nesse sentido, a ocupação norte-americana em Gaza deverá aumentar e o porto é apenas o início dessa ocupação.