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Brasil

Os militares estão cada vez mais presentes no regime

A esquerda precisa resolver seus próprios problemas com independência de classe e não através da submissão ao aparato judicial que já provou seu alinhamento com o imperialismo

Em artigo publicado no portal de esquerda Brasil 247, o colunista Moisés Mendes repete a ladainha de que “Bolsonaro foi o maior perdedor” das eleições municipais de 2024. Intitulado Bolsonaro chega ao estágio sem volta dos últimos estertores, o artigo diz que:

“Os militares, sem o lastro do voto, podem estar num estágio de moribundez mais avançado, mas ainda não bem percebido, porque dependemos de gestos do sistema de Justiça para desanuviar a situação dos golpistas fardados.

E há ainda os ajudantes da estrutura endinheirada do golpe, entre os quais os grandes empresários financiadores (não os laranjas dessa gente), que sumiram antes do 8 de janeiro e ninguém mais fala deles.

Quais já estariam mortos hoje, à espera da pá de cal do Ministério Público e de Alexandre de Moraes? Vamos aguardar. Paciência é uma das poucas coisas que até a desesperança ainda nos oferece de graça.”

Pior loucura do que creditar aos militares um suposto “estágio de moribundez mais avançado”, é declarar que “dependemos de gestos do sistema de Justiça para desanuviar a situação dos golpistas fardados”. A colocação é tão alienada da realidade do País, que ocorre a seis anos de uma demonstração contundente da subserviência do Judiciário às Forças Armadas na hierarquia do poder no Brasil, revelada no famoso episódio do habeas corpus preventivo dado ao então prisioneiro Luiz Inácio Lula da Silva, em julho de 2018. Na época, o então comandante das Forças Armadas general Eduardo Villas Bôas, ameaçou o País com uma intervenção militar caso o Supremo Tribunal Federal (STF) concedesse o direito ao presidente Lula.

Não devemos esquecer ainda o verdadeiro golpe realizado em 2022, durante o segundo turno das eleições presidenciais, quando as Forças Armadas atropelaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e realizaram bloqueios de rodovias junto à PRF, contrariando decisão de sua excelência Alexandre de Moraes (à época, presidente do TSE), que um dia antes havia proibido operações do gênero.

Ao creditar ao “Ministério Público” e a Alexandre de Moraes “a pá de cal” sobre o bolsonarismo, além de aparentar um estado de coma nos últimos anos, Mendes faz um perigoso chamado à inação, difundindo ilusões entre as fileiras da esquerda a ilusão sobre o Judiciário, dominado pelo setor mais importante da burguesia e onde estão os verdadeiros golpistas, diretamente responsáveis pela queda da presidenta Dilma Rousseff em 2016, pela prisão do presidente Lula em 2018 e pela intervenção nas eleições desse ano, que culminaram na proscrição do principal líder popular e na vitória de Bolsonaro.

Acreditar que o Judiciário poderá trazer algum “desanuviamento” na luta contra os golpistas é, no mínimo, uma ingenuidade política. Moisés Mendes, em seu texto, propaga a ilusão de que a esquerda pode confiar em Alexandre de Moraes e no Ministério Público para resolver o que só pode ser solucionado pela própria mobilização popular. Mendes ignora que o Judiciário já demonstrou reiteradas vezes sua aliança com a burocracia armada e os interesses imperialistas, sendo uma ferramenta central nos ataques à esquerda, como na prisão de Lula e no golpe contra Dilma. Essa confiança ingênua no sistema de Justiça apenas enfraquece a capacidade de luta da esquerda, que fica refém de uma burocracia que, quando pressionada, sempre se alinha com o regime militar.

Mais do que isso, a abordagem de Mendes reflete uma capitulação estratégica. A ideia de que se deve “esperar a pá de cal” do Judiciário desarma a esquerda e conduz à passividade. O colunista ignora que cada intervenção judicial na política brasileira não foi para fortalecer nenhum regime minimamente democrático, mas para consolidar o regime autoritário ao lado das Forças Armadas.

É absurdo imaginar que a solução virá dos mesmos tribunais que garantiram a vitória de Bolsonaro e reprimiram a mobilização popular. Essa política de subserviência ao sistema judicial é, na prática, uma traição às necessidades reais da classe trabalhadora e um convite à paralisia diante das agressões da direita.

A esquerda precisa resolver seus próprios problemas com independência de classe e não através da submissão ao aparato judicial que já provou seu alinhamento com o imperialismo. Mendes se equivoca ao difundir essa dependência, que, em última análise, serve apenas para fortalecer os poderes reacionários e as burocracias armadas, não para combater o bolsonarismo.

Enquanto a esquerda depender de Moraes e do Ministério Público, será sempre um joguete na política nacional. A luta política da esquerda não se faz nas cortes, mas nas ruas, na organização e na mobilização direta dos trabalhadores.

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