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Brasil

Os fanáticos do ‘xandonismo’ pedem punição a Bolsonaro

Um setor da esquerda pequeno-burguesa ainda não compreendeu não só que não haverá punição a Bolsonaro, como que a tentativa de puni-lo só aumenta sua popularidade

A esquerda pequeno-burguesa, em sua maioria, já compreende que o método Alexandre de Moraes de combate ao bolsonarismo não funciona. Primeiro porque nunca funcionou, o bolsonarismo se fortaleceu ao ser perseguido pelo STF. Segundo porque acabou a “era Xandão”. Mas há alguns retardatários na esquerda, e um deles é Eduardo Guimarães, que escreveu o texto Bolsonarismo precisa ser proibido no Brasil 247.

O texto começa: “jamais imaginei que escreveria frase como a que intitula este texto. O direito a divergir é a base da democracia. Esta, para ser real, requer a convivência pacífica ampla entre as correntes de pensamento, entre todas as culturas, gêneros, etnias, credos etc.”.

Ele começa descrevendo a posição natural da esquerda, a defesa dos direitos democráticos e do debate. Mas, obviamente, o bolsonarismo teria um motivo muito bom para ser diferente.

Ele então afirma: “a questão é que é virtualmente impossível a convivência pacífica com a ideologia derivada dos, vá lá, ‘pensamentos’ de um homem que pregava tortura e genocídio de ‘ao menos trinta mil pessoas’, arrematando que se morressem ‘alguns inocentes, tudo bem’“.

O problema é que esse é o mesmo argumento usado pela direita para tornar o comunismo ilegal. Eles alegam que o comunismo é o regime da União Soviética de Stálin, ou seja, o assassinato de dezenas de milhares e a prisão de centenas de milhares. Por isso, deveria ser ilegal. Não adianta falar de proibição da direita quando é a direita que controla do Estado.

Ele segue: “o Bolsonarismo também matou pessoas através da ignorância que espalha. No mínimo, dezenas de milhares delas – há quem fale em centenas de milhares pregando infração de medidas sanitárias durante uma pandemia e uso de medicamentos ineficazes e mentiras contra vacinas”.

A culpa das mortes durante a pandemia da COVID-19 não é apenas de Bolsonaro. Em São Paulo foi onde mais morreram pessoas, o estado mais rico do País. De quem é a culpa? Do PSDB, com destaque para o governo Doria. Mas falar em proibir a defesa dos tucanos já começa a parecer absurdo. E por quê? Porque, no fundo, ele sabe que são os tucanos que tem o poder de proibir algo.

O argumento dele, então, é de tentar equiparar o bolsonarismo ao nazismo porque, supostamente, seria correto proibir o nazismo. “Boa parte do ideário bolsonarista pode ser facilmente encontrado no infame ‘Mein Kampf’“, diz. O problema aqui é que essa tese se comprovou como farsa no caso do próprio nazismo. Quando ele foi proibido, quando Hitler foi preso, isso fez o movimento crescer e se tornar ainda mais popular na Alemanha. Depois de 10 anos na prisão de Hitler, ele tomou o poder, com ajuda daqueles que o prenderam.

O autor cita algumas leis que indicariam que o bolsonarismo seria um movimento ilegal. O problema é que não é assim que funciona a legislação. A pessoa tem o direito de falar o que quiser, ela é presa caso cometa o crime. Se um bolsonarista comete um crime, ele pode ser preso; caso ele defende algo que é considerado crime em palavras, ele não pode ser preso. A liberdade de organização é um direito democrático dos mais importantes, não se pode proibir um movimento alegando que seus membros possam ser criminosos. O mesmo vale para se um membro comete um crime, a organização inteira não pode ser responsabilizada.

Ele segue: “o bolsonarismo é antissocial. O mero estudo superficial da obra infame de Adolf Hitler contém coincidências assustadoras entre o nazismo e o bolsonarismo. A maior de todas é a de que Adolf Hitler começou sua odisséia de ódio utilizando suas hordas de apoiadores — que, em lugar de usarem camisas amarelas, usavam-nas pardas — para constranger e, em seguida, agredir e até matar quem pensava diferente”.

Seria possível fazer comparações entre o movimento nazista e o movimento bolsonarista, mas o autor deveria ser mais honesto. Os camisas pardas de Hitler eram uma milícia armada organizada para atacar as organizações da esquerda. Atacavam sindicatos, manifestações, associações rurais e todo tipo de estrutura do movimento operário. Eram inspirados nos camisas negras de Mussolini, conhecidos por incendiar diversos sindicatos rurais como forma de impedir o avanço da luta dos camponeses italianos. Os manifestantes bolsonaristas podem se organizar para fazer isso, mas, até agora, essa não é uma característica do movimento. E isso é valido para quase o mundo inteiro.

Qual o lugar onde os nazistas se organizaram em milícias para a tacar a esquerda? A Ucrânia. Lá, eles foram financiados pelos EUA e, assim, adquiriram essa estrutura. Ou seja, a extrema direita mundial assume a sua forma mais violenta quando é apoiada pelo imperialismo. Outro caso claro disso é o Estado de “Israel”. O fascismo mais violento do mundo, apoiado diretamente pelos EUA.

O colunista, então, coloca um paralelo muito mais interessante entre o nazismo e o bolsonarismo: “a centro-direita e a burguesia alemãs, que acabaram sendo vitimadas por Hitler, acharam que poderiam usá-lo para acabar com os comunistas e, depois, o controlariam ou descartariam. Onde foi que já vimos essa ilusão estúpida tomar os donos do capital?”.

O problema aqui é que ele interpreta de forma totalmente errada como se deu a ascensão do nazismo. A esquerda alemã se tornava cada vez mais forte, mesmo com sua política muito perdida. De um lado, os social-democratas, que haviam se tornado um apêndice do imperialismo alemão; do outro, o Partido Comunista, seguindo a política de Stálin, que também não fazia sentido. Mas o movimento operário era gigantesco, os dois partidos juntos eram muito mais poderosos que o nazismo. Porém, do ponto de vista da direita, não havia outra opção viável que não os nazistas.

Então a burguesia, que estava segurando aquele movimento, reprimindo quando necessário e o utilizando quando era útil, finalmente se decidiu: era a hora de Hitler assumir o governo. A questão é que a burguesia alemã escolheu o nazismo quando achou apropriado. O mesmo vale para o Brasil. Em 2018, foi apropriado o bolsonarismo, e agora, se desejarem mais uma vez, vão chamar o bolsonarismo ao governo para 2026. Os trabalhadores, portanto, devem lutar contra toda a direita e não se aliar a essa direita, achando que uma hipotética proibição a salvará do bolsonarismo.

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