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Caso Elon Musk

Os editoriais da imprensa burguesa contra a ditadura de Moraes

A exemplo de outros juízes-carrascos, a ditadura de Alexandre de Moraes dá todos os indícios de chegar ao fim, restando à esquerda o mico por tê-lo adotado como "protetor"

O imbróglio envolvendo o bilionário sul-africano radicado nos Estados Unidos Elon Musk e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, tem evidenciado um processo de fritura do impopular ministro, que, para atender aos interesses do imperialismo e controlar o bolsonarismo, empreendeu uma caçada judicial ao próprio ex-presidente, Jair Bolsonaro, além de uma parte expressiva de seus seguidores. Ao arrepio da lei, instituiu uma verdadeira ditadura no País, análoga, em diversos aspectos, à tenebrosa Ditadura Militar (1964-1985).

Moraes foi responsável por censura, inquéritos secretos, “penas exemplares”, crimes de opinião, a suspensão de uma série de direitos políticos e democráticos da população por atos monocráticos do juiz careca, entre diversas outras aberrações frontalmente contrárias ao que se entende por Estado Democrático de Direito. Em reação à crise provocada por Moraes, o imperialismo mobilizou seus órgãos de propaganda para decretar o fim da ditadura “alexandrina”. É o que fica claro pelos editoriais dos três principais jornais do País.

“Melhor mesmo seria que suspendesse as proibições”, diz a Folha de S.Paulo, em nota de título taxativo: Censura promovida por Moraes tem de acabar (13/4/2024). O editorial acrescenta ainda ser “um direito inalienável dos imbecis do bolsonarismo propagar as suas asneiras. Expostas à luz do sol, elas tendem a desidratar-se. Silenciadas, apenas alimentam o vitimismo hipócrita dessa franja de lunáticos”.

É uma guinada muito expressiva em relação aos tempos em que escrevia “fez bem”, endossando medidas repressivas de Moraes para centralizar o bolsonarismo, como no editorial abaixo:

“Fez bem o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, em autorizar a abertura de inquérito para apurar a ocorrência de crimes contra a segurança nacional durante manifestação em que se defendeu intervenção militar no domingo (19), em Brasília” (Resposta a Bolsonaro, 24/4/2020).

Um dos mais importantes órgãos da propaganda imperialista no País, o Estado de S. Paulo também saiu à caça do outrora aclamado carrasco de toga. Criticando o que chamou de “transe salvacionista”, o Estadão aponta que o “STF vê extremistas por toda parte, mas nem sempre a crítica é golpismo; ao contrário, há razões genuinamente democráticas para questionar o Supremo”, diz o jornal, ao que acrescenta:

“Pode parecer ocioso dizer que o debate público num ambiente genuinamente democrático presume total liberdade para questionar o poder, mas nos tempos que correm, em que as críticas aos exageros do STF são tomadas como atentados ao Estado Democrático de Direito, é o caso de relembrar que a opinião não pode ser criminalizada” (A legítima crítica ao Supremo, 14/4/2024).

Tal como Folha de S.Paulo, o Estadão também dá uma profunda guinada em sua posição anterior, expressando agora que “quem tem minado a legitimidade do Supremo é o próprio Supremo, quando atropela sua própria jurisprudência, atua de modo claramente político, colabora para a insegurança jurídica e imiscui-se em questões próprias do Legislativo”.

O País já testemunhou a ascensão de juízes repressivos, super-poderosos durante sua campanha de perseguição e implacáveis contra os inimigos do imperialismo, até sua derrocada. Foi o caso de Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, em especial. Ambos foram utilizados para que levassem adiante os interesses do imperialismo e fossem, posteriormente, descartados. A utilidade de Moraes ao imperialismo, nesse sentido, está se esgotando, pois ele já se queimou demais por meio de suas ações ditatoriais.

Aqui, cabe ressaltar, também, que os artigos citados aqui não são meros editoriais. Tratando-se dos principais jornais da burguesia brasileira, estes textos representam a posição da burguesia de conjunto, especificamente, de seu setor mais atrelado ao imperialismo.

Por fim, é preciso destacar o mico com o qual o Partido dos Trabalhadores (PT) e demais setores da esquerda pequeno-burguesa ficaram. Estão abraçados a alguém altamente impopular, desmoralizado pela crise provocada pelas suas arbitrariedades e que, agora, além de não ter um “protetor” contra o bolsonarismo, terá de enfrentá-lo mais forte e contagiado pelo lixo tóxico que virou Moraes. Um erro de cálculo grave e que certamente cobrará um preço elevado muito em breve.

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