Um dos principais jornais da burguesia imperialista norte-americana conclamou os eleitores norte-americanos a repudiar o republicano Donald Trump e, consequentemente, votar na democrata Kamala Harris nas eleições presidências. O conselho editorial do The New York Times, em artigo de opinião publicado no último sábado (2), afirmou que Trump não é “apto para liderar” e é uma “ameaça à democracia”. Na opinião do jornal, Trump é corrupto, e perseguirá uma política “cruel de deportação em massa” e prejudicará os “pobres, a classe média e os empregadores” e fortalecerá “autocratas”.
A opinião contundente do jornal imperialista, embora apresente características verdadeiras da personalidade política de Trump e de sua política de Estado, somente é exposta por considerar o republicano de extrema-direita como uma nota dissonante na sinistra sinfonia imperialista. Boa parte das críticas realizadas servem também para Harris, beneficiária da posição do jornal, quantos autocratas o governo Biden-Harris colocaram no poder?
O governo Biden-Harris é o principal inimigo da democracia e da paz não apenas nos EUA como no mundo. Tal governo promove um dos mais cruéis genocídios que o mundo já conheceu, são responsáveis e participes do genocídio palestino. Dão suporte para a ditadura supremacista de Israel e para a ditadura de Zelensky na Ucrânia. Aliás, a destruição da Ucrânia é de inteira responsabilidade do governo Biden-Harris.
A condenação a Trump é somente sincera se vir a acompanhada da condenação de Biden-Harris, contudo, aqui, trata-se de um mero artifício. Não se ouviu nada do referido jornal em relação à brutal e antidemocrática repressão do aparato norte-americano contra aos estudantes que exercem seu direito de protestaram contra o genocídio palestino e nem se viu a condenação, com o mesmo empenho, do financiamento e participação direita do governo Biden-Harris no genocídio palestino, que é sem dúvida um crime monstruoso.
A acirrada eleição norte-americana expressa a crise do sistema imperialista, que não encontra espaço para elementos que destoam, ainda que apenas em parte, da política do imperialismo, contestada hoje no mundo inteiro. Embora, Trump seja um representante da burguesia imperialista dos EUA, representa um setor marginal e, além disso, acaba expressando interesses de setores que condenam a política de guerra do imperialismo. O imperialismo necessita da mais completa coesão e Trump é visto como um elemento de desacordo no bloco imperialista, sendo profundamente atacado. Harris é justamente a continuidade da mesma política de guerra do imperialismo. A campanha da mulher negra existe apenas para esconder que Harris é a representante do sistema imperialista internacional.
Ambos são inimigos das massas oprimidas do mundo, porém Trump acentua a desarmonia nas fileiras do imperialismo.