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HISTÓRIA DA PALESTINA

Os britânicos, os sionistas, a esquerda e a partilha da Palestina

Antes da criação de "Israel" toda a esquerda mundial era contra o sionismo, a criação de "Israel" e a mudança da política do stalinismo normalizou a existência do Estado sionista

Antes da criação do Estado de “Israel” quase toda a esquerda se opunha ao movimento sionista, até mesmo os setores menos radicais que faziam alguma concessão ao movimento. Fora da própria Palestina, a esquerda inglesa era a mais atenta a questão, pois era o imperialismo britânico que controlava a Palestina. O Partido Socialista da Grã-Bretanha publicou o texto “Dividir e conquistar na Palestina” no ano de 1937, quando a Revolução Palestina enfrentava o sionismo e os britânicos.

Em 1936 começou um enorme processo revolucionário na Palestina que colocou em xeque a dominação imperialista do país. A Palestina era uma colônia dos ingleses desde 1917 e a brutal dominação gerou em menos de 20 anos essa gigantesca revolta. Isso fez com que os ingleses traçassem um novo plano de dominação. O texto do PSGB comenta: “a proposta da Comissão Real para resolver os problemas da Palestina por meio da partição foi recebida de maneira mista. A recomendação é dividir a Palestina em três partes: um Estado Árabe, um Estado Judeu e uma porção que permanecerá sob o Mandato Britânico”.

Ou seja, na década de 1930 ainda se estava em discussão como seria feita essa dominação da Palestina. Quando o Estado de “Israel” foi criado, a partilha foi feita em 2 partes, não em três. Até o movimento sionista estava dividido: “no recém concluído Congresso Sionista, a opinião foi muito dividida. Uma maioria de dois terços, liderada pelo Presidente Sionista, Dr. Weizmann, votou a favor do princípio da partição, em grande parte com base no argumento de que era o melhor que se poderia esperar do Governo Britânico dadas as circunstâncias. A decisão só foi tomada após longas e acaloradas discussões, e a notícia provocou protestos de alguns líderes sionistas nos EUA e em outros lugares”.

A esquerda, até mesmo ligada ao stalinismo (algo que mudou 10 ano depois), estavam contra a partilha da Palestina: “escritores comunistas, que afirmam que os judeus na Palestina têm construído um negócio próspero sob a proteção do Governo Britânico, apoiam os árabes. Eles incentivam a resistência à proposta de partição e a criação de um Estado Árabe independente na Palestina, do qual os judeus fariam parte em igualdade de condições. Os comunistas defendem isso com base em dois argumentos: o direito dos árabes à autodeterminação e a necessidade de conter o imperialismo britânico”.

O PS então se confunde com a propaganda sionista, o que é interessante, pois é uma propaganda feita até os dias de hoje. O artigo cita: “para o judeu, a interferência na imigração teria consequências graves. A Palestina é talvez o único lugar ao qual ele tem acesso livre. Uma grande proporção dos imigrantes são representantes de famílias que foram deixadas para trás em outros países em dificuldades extremas, sem dinheiro e quase sem oportunidade de ganhar a vida. Para essas famílias, o imigrante envia contribuições que permitem aos parentes comprar o necessário para viver. Assim, como um escritor coloca, se os árabes conseguirem parar a imigração judaica para a Palestina, isso significará fome para milhões de judeus”.

Na década de 1930, de fato os judeus eram perseguidos na Europa. Mas a imigração para a Palestina não era seu principal objetivo. A minoria dos judeus foram para a Palestina, pois, sendo uma população de europeus, preferiam imigrar para os Estados Unidos ou até mesmo para a Argentina. A imigração para a Palestina era feita sob o jugo do sionismo, ou seja, criando um verdadeiro apartheid no país, por isso a população se revoltou. O golpe do sionismo é, falar, que é preciso que a Palestina seja o refúgio dos judeus invés de lutar contra a opressão dos judeus onde eles viviam, na Europa. Por isso o sionismo sempre foi minoritário entre a população de judeus da Europa.

Mas depois de cair parcialmente na campanha de propaganda sionista, o texto volta a comentar os objetivos reais do imperialismo: “a atitude do Governo Britânico baseia-se em princípios simples: a proteção dos interesses dos capitalistas britânicos, representados por coisas como o oleoduto entre Mosul e Haifa; a segurança das rotas aéreas imperiais, comunicações através do Canal de Suez, e assim por diante. Sua política de dividir para governar leva-os a favorecer diferentes lados em diferentes momentos e a manter as animosidades raciais vivas, contanto que não se tornem muito perigosas”.

Antes da partilha de fato, o imperialismo trabalhava com a aristocracia dos palestinos e com os dirigentes do movimento sionista. Mas, na prática, os sionistas eram totalmente alinhados com o imperialismo, enquanto os árabes eram ambíguos. Houve revoltas da aristocracia em diversos momentos, alguns setores inclusive se tornaram muito radicais, apesar da maioria pender para acordos com o imperialismo. Essa questão também é o princípio de outro mito, que os sionistas lutaram contra os britânicos.

E o texto conclui: “o Mandato evidentemente superou sua utilidade para o capitalismo britânico, e o sistema de partição deve tomar seu lugar. Isso dará ao árabe e ao judeu (como o Norte e o Sul da Irlanda) algo para brigar por anos, dificultando a propaganda pela solidariedade da classe trabalhadora contra a classe capitalista internacional”. O modelo citado é o da partilha da Irlanda, que certamente foi um exemplo para o imperialismo britânico.

No entanto, a partilha não aconteceu da mesma forma, pois a população sionista era muito mais artificial do que os protestantes do norte da Irlanda. Os britânicos então realizaram uma das maiores monstruosidades do século para garantir a partilha, a limpeza étnica de 800 mil palestinos. Esse evento é conhecido como a Naqba, a catástrofe palestina. O interessante é que antes da criação de “Israel” nenhum setor da esquerda defendia sua existência, algo que a luta do povo palestino está trazendo de volta para toda a esquerda mundial.

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