Os mais de 450 mil trabalhadores bancários encontram-se em mais uma campanha salarial convivendo com uma situação ainda mais dramática do que em anos anteriores.
Arrocho salarial, demissão em massa, adoecimento por motivos laborais, terceirização, fechamento de agências, são alguns dos mecanismos utilizado pelos banqueiros, nacionais e internacionais, num processo de ataques aos trabalhadores bancários para a transferência de fabulosos recursos para os bolsos de meia dúzia de parasitas.
A categoria dos bancários, em virtude de suas características numéricas nacional e sua natureza central na economia capitalista na atual etapa, pode deslanchar um importante movimento nacional de mobilização, unindo inclusive ao conjunto de trabalhadores que hoje se encontram em luta (correios, servidores do INSS, eletricitários) contra os patrões. Somente uma luta unitária dos bancários nacionalmente por suas reivindicações poderá abrir perspectivas de reversão do atual quadro.
No entanto, em função da política de colaboração das atuais direções do movimento dos bancários, não está sendo impulsionada uma campanha salarial realmente de luta pelas reivindicações mais sentidas pelos bancários.
Essa política se materializa, já neste momento, quando as direções aceitaram um acordo ultra rebaixado para os funcionários do Sicoob Norte, em que foi aprovado, no último dia 06 de agosto, um acordo que não recompõem as perdas salariais dos trabalhadores.
A proposta apresentada pelos patrões, que foi aprovada por maioria simples em assembleia dos funcionários do Sicoob Norte, e defendida pela direção da entidade dos trabalhadores, é de um reajuste salarial de 4,5%, composta pela inflação do período, mais 0,57% de “ganho real” e uma esmola de 6,7% de reajuste nos tíquetes alimentação.
A política de colaboração com os banqueiros é uma verdadeira hecatombe para os trabalhadores do ramo financeiro. Mesmo com uma pauta de reivindicação, que já é pra lá de rebaixada (a pauta aprovada na Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro foi de INPC + 5% de “ganho real”), capitulam ainda mais quando aprovam índices ainda mais rebaixados, como foi o caso do Sicoob Norte.
Sempre é bom lembrar que o índice de inflação oficial é calculado através de um emaranhado de índices que não refletem a verdadeira inflação que corrói as condições de vida da classe trabalhadora, como, por exemplo, o índice de alimentação, que pesa muita mais no bolso dos trabalhadores. Para se ter uma ideia, na região metropolitana de Belém, em estudo realizado pelo Dieese, os Paraenses pagaram bem mais caro por hortaliças, verduras e legumes no primeiro semestre de 2024, em comparação ao ano anterior. De acordo com o balanço, a beterraba foi reajustada em 101,18%; cenoura, 99,69%; abóbora, 69,83%; batata, 66,23%; pimentão verde, 58,88%; chuchu, 52,68%; couve maço 45,92%; jambu maço 38,86%; cheiro verde maço 35,11%. Isso sem falar nos reajuste da energia elétrica que teve um aumento de 6%, combustíveis com um reajuste de cerca de 7%, e assim vai.
O acordo com os patrões do Sicoob Norte mostra que, ao invés das direções sindicais impulsionarem uma campanha real buscam acordos que, no frigir dos ovos, beneficia os banqueiros e prejudica a categoria bancária e, nesse caso, terá mais uma vez os seus salários arrochados.
É preciso reverter os rumos da atual campanha salarial dos bancários e colocar como reivindicações centrais desta campanha, além de um verdadeiro reajuste salarial, a reposição de todas as perdas salariais (cerca de 30%) e a sua incorporação, estabilidade no emprego, piso salarial de 7 mil, etc.
Para tal, é preciso combater os setores mais vacilantes à frente das direções sindicais, e lutar para reunir todos aqueles dispostos a construir uma verdadeira campanha salarial pelo atendimento das legítimas reivindicações dos bancários.