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Venezuela

Os assassinos de crianças defensores dos ‘direitos humanos’

Jornal O Globo sai ao ataque contra chavismo

Em um editorial publicado no dia 20 de outubro, o jornal O Globo comenta um relatório da ONU que aponta para supostos crimes cometidos pelo governo de Nicolás Maduro contra a população venezuelana, o que levou a apelos do jornal para a diplomacia brasileira “romper o silêncio e a denunciar a ditadura de Maduro em defesa dos direitos humanos.”.

A matéria se trata de um ataque à soberania venezuelana e também à soberania brasileira, já que propõe ao Brasil, um país historicamente aliado da Venezuela e sem nenhum tipo de problema com o país vizinho, a se aliar aos interesses imperialistas, sobretudo os norte-americanos.

Nada de novo vindo da imprensa burguesa. A mesma imprensa que ajudou a dar o golpe de estado em Dilma Rousseff em 2016, a entregar os direitos trabalhistas, as empresas públicas e a aposentadoria da população brasileira e elegeu Bolsonaro em 2018.

No entanto, a situação se torna bizarra, já que O Globo  apela para ataques contra o país caribenho, mas esconde o genocídio perpetrado por Israel contra a Palestina e o Líbano, enquanto o planeta todo assiste a cenas que podem ser consideradas as mais chocantes de toda a história por sua brutalidade, sangue frio e alcance, já que, com a internet, não há sequer uma pessoa minimamente conectada e lúcida que não tenha visto as cenas de horror feitas pelos mísseis e armas israelenses contra mulheres, crianças e idosos, as vítimas preferenciais dos sionistas.

A imprensa burguesa no Brasil não é nada mais do que uma porta-voz dos interesses imperialistas em nosso país. É por isso que a Rússia, a Venezuela, o Irã e a China aparecem como vilões agora, enquanto Israel e Ucrânia são tratadas como as vítimas de regimes sanguinários.

O editorial começa dizendo que, com as provas apresentadas pela ONU em seu relatório, não seria mais possível por parte de Lula e de Celso Amorim, assessor internacional de Lula, insistirem na “tática de apaziguamento”(sic), o que nos levaria a crer que o Brasil deveria endurecer contra a Venezuela e, possivelmente, romper relações com o país vizinho. Em seguida, o editorial acusa a Venezuela de fraude eleitoral.

Aqui há uma clara inversão do que deve ser a justiça. Em primeiro lugar, a direita e sua imprensa acusam a Venezuela de fraude por não apresentar o resultado eleitoral de acordo com as regras que lhe impôs o imperialismo. Nada mais aberrante e antidemocrático do que isso, já que a Venezuela é um país soberano e não está sob a tutela de nenhum outro Estado. Além disso, qual é a prova que O Globo possui de que Maduro fraudou as eleições em seu país?  Segundo a lei internacional e, inclusive, segundo a Constituição Brasileira, o ônus da prova cai sobre quem acusa, não sobre quem é acusado. Sendo assim, antes de dizer abertamente que Maduro fraudou as eleições na Venezuela, O Globo deveria provar a fraude. Esperamos pela publicação das atas eleitorais  que somente O Globo deve possuir.

Fora isso, o argumento inicial de que Maduro não apresentou as atas eleitorais, não faz sentido, pois O Globo não cobra atas de nenhum outro governo do mundo e, mesmo na ausência de sua publicação, não vemos editoriais de O Globo pedindo as atas das eleições na Argentina de Milei, da Ucrânia do presidente sem eleições Zelensky e nem de Dina Boluarte da ditadura peruana. Fica a dúvida se o jornal pedirá as atas dos Estados Unidos nas eleições que se aproximam e, na eventualidade da não publicação, se pedirá para que o governo brasileiro endureça contra Washington.

Também seria mais fácil pedir para que Edmundo Gonzales, o presidente venezuelano escolhido pelos EUA, publicasse as atas que provam sua vitória na Venezuela, o que também não aconteceu, mas o editorial não faz questão de lembrar. Ora, se Edmundo Gonzáles foi de fato eleito na Venezuela, ele que prove que há a fraude nas eleições através dos mecanismos internos da própria Venezuela.

Também é engraçado pensar que, por diversas vezes, O Globo disse que questionar a validade das eleições aqui no Brasil seria um crime, mesmo depois do golpe de estado, da impossibilidade de Lula concorrer ao pleito de 2018 e após uma série de desmando antidemocráticos por parte da justiça eleitoral, como, por exemplo, a liberação do Fundo Eleitoral do PCO apenas com 11 dias antes das votações. No entanto, quando se trata de um país atacado pelo imperialismo, essas eleições podem ser colocadas em dúvida.

O editorial segue com acusações de desrespeito contra os direitos humanos apontados nos relatórios, como torturas, sequestros, prisões e violência sexua, além de dizer que qualquer tolerância em relação à Venezuela deveria ser tomada como “anuência” aos supostos crimes. No entanto, diferente do genocídio na Palestina e no Líbano, em que é possível ver inúmeros vídeos nas redes sociais dos flagrantes crimes cometidos por Israel, crimes que possuem a anuência do jornal em questão, na Venezuela, os vídeos apontavam para outra coisa: a violência da extrema direita contra a população venezuelana.

A extrema direita venezuelana, inclusive, é famosa por sua atuação violenta. O democratíssimo presidente eleito pelos EUA, Edmundo Gonzáles, por exemplo, participou com grande destaque da Operação Centauro em El Salvador, à época da guerra civil no país. Marina Corina Machado participou do governo golpista que derrubou Hugo Chávez em 2002, antes que o povo o devolvesse à presidência em meio a uma revolução. Também são muito documentados crimes como o que aconteceu em 2017, quando as guarimbas (apelido para as ações dos fascistas venezuelanos) colocaram fogo em pessoas vivas durante protestos contra Maduro.

As acusações contra a extrema direita venezuelana são muito documentadas. No entanto, os “flagrantes delitos contra os direitos humanos” por parte do governo bolivariano, não vêm à público, a não ser por meio da palavra de relatores da ONU, a mesma que até agora não fez nada contra Israel, mesmo com Israel atacando suas posições e matando seus soldados e seus colaboradores tanto na Palestina ocupada quanto no Líbano.

É preciso lembrar também que a justiça venezuelana permitiu que Marina Corina Machado e Edmundo Gonzáles apresentassem as provas de que venceram as eleições (diferente do jornal O Globo que não foi atrás de pedir o mesmo), mas os opositores do chavismo se negaram a apresenta-las.

Por fim o relatório reclama do “estado policial” (sic) e diz que o judiciário, aparelhado com Maduro, trataria os opositores como terroristas. Novamente, posições diferentes das quais O Globo sugere ao Brasil, já que não se importou com a prisão forjada contra Lucas Passos Lima, acusado pelo Mossad e pela Polícia Federal de pertencer ao Hesbolá e de planejar atos terroristas no Brasil, destruindo sinagogas, o que, além de ser mentira, não seria crime, já que o Hesbolá não é considerado uma organização terrorista em nosso país e não explodiu sequer uma única sinagoga em todo o planeta, por que faria isso justamente no Brasil? No entanto, a lógica  não vale para o jornal. Se está contra Israel, é terrorista. Se está contra o governo democraticamente eleito da Venezuela, é um lutador pela liberdade. O Globo também viu com bons olhos as leis antiterrorismo aprovadas no Brasil.

O motivo verdadeiro do editorial não é o de combater a inexistente ditadura venezuelana, mas sim, forçar o governo Lula a capitular diante da pressão imperialista contra o país vizinho, vítima de anos de embargo econômico que forçou um deslocamento em massa (crime, segundo a ONU e o Tribunal de Haia, que julgou Putin culpado na Ucrânia, mas não fez nada contra Israel) de cidadãos venezuelanos para outros países da América Latina.

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