A taxa de desempregos entre os negros brasileiros (conjunto de pretos e pardos) é maior que a média nacional. A taxa de desocupação no último trimestre de 2023 alcançou o índice de 7,4%. Considerando o recorte racial, os “brancos” apresentaram a taxa de desocupação de 5,2%, enquanto pretos 8,9% e pardos 8,5%, superando a média nacional. Os negros sofrem mais com o desemprego, da mesma maneira que ocupam a maioria das funções menos remuneradas.
A diferença salarial entre brancos e negros acompanha a tendência geral de desfavorecimento do negro na sociedade capitalista brasileira. Mesmo ocupando mesmos cargos, os negros tendem a receber bem menos. Uma pesquisa do portal Vagas revelou que a diferença salarial entre negros e brancos pode chegar a 42,3% em cargos de gerência.
Além dos dados econômicos, a perseguição ao negro pelos aparatos estatais é bastante evidente. A maioria da população na prisão brasileiras é negra, assim como a maioria das vítimas da ação violenta da polícia. O índice de condenações é maior entre negros do que entre brancos. Um levantamento da Pública mostrou que 71% dos negros acusados de tráfico de drogas são condenados em São Paulo, já entre os brancos, índice é um pouco menor, 67%. A esmagadora maioria, se não a totalidade, obviamente pobres.
A questão do negro, portanto, está intimamente ligada à posição que ocupa na sociedade capitalista e essa é a base fundamental que sustenta a ideologia racista. A opressão do negro se liga ao fato de ter entrado no sistema capitalista moderno, no pós-abolição, como a parte mais baixa da classe operaria brasileira, tendo sido uma parte significativa do contingente dessa população, empurrado também para o lumpemproletariado.
Para manter o negro nessa situação, assim como parte do proletariado não negro que compartilha do mesmo local, consolidou-se um regime político e instituições autoritárias que perseguem sistematicamente tais populações, assim como a mercado estabelece que o preço da mão de obra negra, entre outras que compartilham situação similar, é mais barato que a branca, haja vista a diferença de posição social de cada setor.
O racismo contra o negro, realidade cruel no país, é derivada de uma situação de opressão real, análoga à opressão de classe, como se essa população configura-se uma mesma classe social oprimida. Não é o racismo que cria uma situação de opressão, apenas é expressão dela.