Venezuela

Oposição tenta matar Nicolás Maduro

Apesar disto, governo brasileiro, através do Ministério das Relações Exteriores, emite nota demonstrando preocupação com Corina Yoris ter perdido prazo para candidatura

Nessa segunda-feira (25), uma tentativa de assassinato do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi desarmada.

Segundo informações de Nahum Fernández, chefe do governo do Distrito Capital de Caracas, três sujeitos foram presos quando se preparavam para atacar Maduro, enquanto o mandatário caminhava em uma mobilização que antecedeu o registro de sua candidatura às eleições presidenciais perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Fernández explicou que os suspeitos estavam posicionados em três pontos estratégicos em meio à multidão, aguardando o momento oportuno para realizar o ataque, que seria feito através do uso de um artefato explosivo.

Segundo detalhes fornecidos por Tarek William Saab, procurador-geral da República da Venezuela, dois dos que foram presos estavam a menos de 20 metros da plataforma presidencial de onde Nicolás Maduro iria realizar um discurso para inúmeros apoiadores, que estavam presentes no local. Os sujeitos, que agiam de forma suspeita, carregavam armas de fogo. 

Saab ainda revelou a identidade deles: Jerry Ostos Perdomo e Carlos Castillo, ambos membros do Vente Venezuela, partido político de María Corina Machado, líder da oposição venezuelana.

Machado foi desqualificada de concorrer às eleições por 15 anos em janeiro de 2024 pelo Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, “por estar envolvida […] no complô de corrupção orquestrado pelo usurpador Juan Guaidó“, que levou a um “bloqueio criminoso da República Bolivariana da Venezuela, bem como a vergonhosa expropriação das empresas e riquezas do povo venezuelano no exterior, com a cumplicidade de governos corruptos”.

Conforme já noticiado por este Diário, Corina Machado, tendo sido uma das líderes das manifestações golpistas de 2014 na Venezuela, tornou-se a herdeira de Juan Guaidó após as inúmeras tentativas do imperialismo de utilizá-lo para derrubar o governo nacionalista de Nicolás Maduro terem falhado.

Ela seria a candidata do imperialismo nas eleições presidenciais venezuelanas deste ano de 2024, que devem acontecer no dia 28 de julho.

Com Machado desqualificada, o imperialismo escolheu, na semana passada, a filósofa e professora universitária Corina Yoris como substituta, pelo partido Plataforma Democrática Unitária (PUD).

Porém, nesta terça-feira (26), Yoris perdeu o prazo para o registro de sua candidatura. Segundo Omar Barboza, líder do PUD, a coalizão não conseguiu registrar Yoris como candidata, pois não teriam conseguido acessar o sistema online do CNE. Acusou o órgão de agir deliberadamente nesse sentido: “eles não nos deixaram entrar”.

Contudo, segundo informações da agência britânica de notícias Reuters, ao menos 10 outros candidatos conseguiram registrar suas candidaturas. Inclusive, um destes é candidato de um partido de oposição, e conseguiu registrar sua candidatura cinco minutos antes do prazo final.

Diante do ocorrido, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil publicou, em seu portal, nota à imprensa, afirmando que “o governo brasileiro acompanha com expectativa e preocupação o desenrolar do processo eleitoral naquele país”, acrescentando que “com base nas informações disponíveis, observa que a candidata indicada pela Plataforma Unitaria, força política de oposição, e sobre a qual não pairavam decisões judiciais, foi impedida de registrar-se, o que não é compatível com os acordos de Barbados“.

Conforme se vê na nota do Ministério das Relações Exteriores, cujo titular é Mauro Vieira, o governo brasileiro está acreditando na versão da oposição venezuelana, que está notoriamente a serviço dos Estados Unidos. Segundo é noticiado em diversos órgãos de imprensa, inclusive na agência de notícia Reuters, do imperialismo britânico, Yoris perdeu o prazo, não havendo nenhuma prova de que ela foi impedida senão alegação do próprio líder da oposição.

Pois bem, primeiramente, o Ministério das Relações Exteriores Brasileiro deveria ter prestado solidariedade a Nicolás Maduro, tendo em vista a tentativa de assassinato que foi desbaratada. Em segundo lugar, precisa começar a se inteirar dos fatos antes de assumir posições.

Antes de publicar notas como esta, condenado um governo nacionalista de um país oprimido e assumindo uma posição favorável ao imperialismo, o governo brasileiro deveria pedir explicações diretamente para o governo venezuelano.

É vergonhoso quando o governo brasileiro dá sua posição oficial sem saber dos fatos e acaba acreditando na versão do imperialismo. O que ocorreu agora com a Venezuela foi exatamente o que ocorreu com o Hamas no dia 7 de outubro, quando o governo condenou o principal partido da resistência palestina, afirmando que cometeu um “ato terrorista”. Até hoje, continua condenado o Movimento de Resistência Islâmica pela operação Dilúvio de Al-Aqsa, sem buscar esclarecer o que realmente aconteceu naquele dia.

Além disso, deve ser frisado que, se houver alguma irregularidade nas eleições venezuelanas, o governo brasileiro não pode acusar o governo de Nicolás Maduro. Afinal, a irregularidade teria ocorrido no âmbito do CNE, que faz parte do Judiciário venezuelano, e não do Executivo.

Quanto a violar o Tratado de Barbados, deve-se lembrar que, na segunda quinzena de janeiro de 2024, outra tentativa de assassinato contra Nicolás Maduro foi descoberta e desorganizada. À época, no dia 25, o mandatário venezuelano declarou que a tentativa havia ferido mortalmente os acordos de Barbados, ante o envolvimento da oposição venezuelana no plano criminoso:

“Os acordos de Barbados estão mortalmente feridos. Eu os declaro em terapia intensiva, os apunhalaram, os chutaram. Talvez possamos salvar esses acordos e avançar através do diálogo com grandes parcerias de consenso nacional, sem planos para me assassinar, para nos assassinar ou para encher o país de violência.”

Dessa forma, a oposição teria violado os acordos.

Ao fim da tarde desta terça-feira (26), o governo venezuelano publicou resposta oficial à nota do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, afirmando que o pronunciamento do governo é intervencionista, “cinzento e parece ter sido ditado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos”.

Além disto, o governo venezuelano reclamou que o governo brasileiro sequer denunciou a tentativa de assassinato feito contra Nicolás Maduro.

Da mesma forma que ocorreu em relação ao Hamas, novamente o governo assumiu a posição do imperialismo contra um país atrasado, no caso, a Venezuela.

Essa forma vergonhosa de agir do Ministério das Relações Exteriores deve ser corrigida imediatamente.

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