Nesta segunda-feira (21), o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) defendeu publicamente a criação de uma nova entidade latino-americana, que substituiria o Foro de São Paulo. Sua proposta seria fundar um “foro democrático de centro”, afastando-se das alianças tradicionais do PT com governos de esquerda da América Latina, como Venezuela e Nicarágua, sob o argumento de que esses países representariam um constrangimento para a “democracia”. Lopes, que já se posicionou contra a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, representa uma ala cada vez mais à direita dentro do PT, que, sob o governo Lula, tem se fortalecido diante da capitulação do partido às pressões do imperialismo.
O fato de um parlamentar do PT defender abertamente um rompimento com o Foro de São Paulo revela um movimento preocupante dentro do partido. Esse movimento é consequência direta da guinada à direita que o governo Lula vem adotando, tanto na política interna quanto na externa. A pressão constante do imperialismo, especialmente na área econômica, tem forçado o governo a adotar medidas que antes seriam inimagináveis para um partido que se posicionava como defensor dos oprimidos e das causas populares. A entrega da política econômica a figuras como Fernando Haddad e Simone Tebet, que age como representante dos interesses financeiros, e a constante submissão do Brasil às pressões internacionais em questões como a Venezuela, mostram o grau de capitulação.
A proposta de Lopes é ainda mais grave porque, ao invés de fortalecer a luta contra o imperialismo, o PT começa a ceder à campanha de que “ditaduras de esquerda” são o principal problema da América Latina. Essa campanha, que serve aos interesses das potências estrangeiras, visa enfraquecer qualquer resistência ao domínio imperialista na região, isolando governos como o de Maduro e Ortega, que estão sob constante ataque dos EUA. Ao se distanciar dessas nações, o PT não só trai seus aliados históricos, como também abre espaço para que figuras de direita como Lopes cresçam dentro do partido.
A situação fica ainda mais alarmante quando analisamos o conjunto de ações de política internacional do governo Lula. A postura supostamente “neutra” que o governo brasileiro tem adotado diante dos grandes conflitos mundiais, especialmente na Venezuela e no Oriente Médio, é um sinal claro de que o país está se afastando dos seus aliados naturais, que lutam contra a opressão imperialista, e se aproximando das grandes potências.
Essa capitulação ao imperialismo não se limita à política internacional. Na área econômica, o governo Lula está cada vez mais alinhado aos interesses do grande capital. As recentes declarações de Haddad, defendendo a limitação de gastos em áreas essenciais como saúde e educação, mostram que o governo está seguindo o mesmo caminho que levou ao desastre da era FHC. Com políticas de austeridade que beneficiam os banqueiros e prejudicam os trabalhadores, o governo Lula está se distanciando da base popular que o elegeu e se aproximando dos inimigos da classe trabalhadora.
A defesa de um novo foro, mais “moderado”, por parte de Lopes é um reflexo dessa nova política do governo. Ao invés de fortalecer os laços com os países que lutam contra o imperialismo, o PT começa a se reconfigurar como uma ferramenta de conciliação com os interesses da burguesia internacional. Se esse movimento continuar, o partido corre o risco de se transformar completamente, abandonando suas bandeiras históricas em nome de uma política que só beneficia os poderosos.