Oriente Médio

Operação sionista para controlar Cisjordânia é a maior em 24 anos

Ferocidade das forças sionistas reflete o temor de que a Cisjordânia seja arrastada na luta revolucionária iniciada na Faixa de Gaza

Soldados israelenses vistos vagando pela Cisjordânia em busca de captura a um palestino acusado de matar um colono israelense e ferir outros dois, em dois ataques diferentes em Ramallah, Cisjordânia, 17 de março de 2019

A operação militar em Gaza, deflagrada pela ocupação israelense, ainda é assunto nos jornais do mundo inteiro. No entanto, parte deste conflito também se estende para a Cisjordânia, território com quase três milhões de palestinos e mais de meio milhão de colonos israelenses em assentamentos que mesmo para os padrões do chamado do “direito internacional”, ditado pelo imperialismo, são considerados ilegais.

Após falhar miseravelmente em sua missão declarada de “erradicar o Hamas de Gaza”, o Estado sionista iniciou, em 28 de agosto, uma verdadeira guerra na Cisjordânia, batizada de “Operação Campos de Verão”. Esta é a maior ação militar do Estado sionista na região desde 2002, com milhares de soldados mobilizados, apoiados pela força aérea e carros de combate, invadindo as cidades do Norte da Cisjordânia, tendo como eixo de operação os campos de refugiados de Jenin, Tubas e Tulkarem.

No mesmo dia em que a “operação Campos de Verão” foi iniciada, a organização sem fins lucrativos Monitor Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos relatou:

Imediatamente após entrar na Cisjordânia, o exército israelense começou a sitiar hospitais, ambulâncias e centros de emergência, replicando sua política horrível e sistemática de invadir e assumir o controle das instituições de saúde que tem empregado na Faixa de Gaza.

Simultaneamente à invasão dessas áreas, campanhas de invasão e prisão foram realizadas na maioria das cidades da Cisjordânia em meio a tiroteios que feriram muitos palestinos. Desde outubro do ano passado, 660 palestinos na Cisjordânia foram mortos em decorrência dos ataques sistemáticos e em grande escala do exército israelense.

O Monitor Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos possui sede em Genebra, Suíça e vem divulgando informações sobre a situação palestina desde 2011. Richard Falk, ex-Relator Especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados desde 1967, é presidente do Conselho de Administração do Monitor Euro-Mediterrâneo de Direitos Humanos, que junto de diversos atores internacionais acompanha o drama da ocupação israelense da Cisjordânia.

As organizações independentes, contudo, não são as únicas que denunciam a brutalidade da ação israelense na Cisjordânia. O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários – ENUCAH (OCHA em inglês), denunciou que entre 27 de agosto e 2 de setembro, as forças israelenses mataram 30 palestinos na região, incluindo sete crianças, o maior número de mortes semanais desde novembro de 2023 (em 6 de setembro, o número havia aumentado para 39 palestinos mortos, incluindo oito crianças, e aproximadamente 145 feridos).

Recuperando a curta memória da imprensa capitalista, vemos como a ação israelense para as denúncias é sangrenta. Ainda em julho, mais uma escola da Organização das Nações Unidas – ONU, foi atacada em Gaza, dezenas de vítimas foram relatadas no local que abrigava quase 2 mil pessoas. A tragédia ocorreu em meio ao processo de retomada das negociações de cessar-fogo e libertação de reféns, que fracassaram por sabotagem israelense.

Além disso, o ENUCAH relata que, entre 7 de outubro de 2023 e 2 de setembro deste ano, “652 palestinos foram mortos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental”.

A brutalidade não vem apenas dos militares israelenses, mas também dos colonos judeus ilegais que têm carta-branca para atacar e matar palestinos, como fazem há décadas. Conforme o ENUCAH, no mesmo período, houve “cerca de 1.300 ataques de colonos israelenses contra palestinos, dos quais mais de 120 resultaram em mortes e ferimentos de palestinos”.

Para exemplificar de forma mais granular, entre as pessoas assassinadas, observa o ENUCAH, está um homem palestino de 82 anos, baleado e morto quando tentava comprar pão. As forças israelenses também teriam atirado e matado dois meninos palestinos, de 13 e 16 anos, “que estavam sendo perseguidos pelas forças israelenses quando tentavam distribuir pão para famílias sitiadas perto do bairro oriental da cidade de Jenin”. Os relatos incluem acusações de que soldados israelenses sequestraram e torturaram até a morte um civil de 50 anos.

Tal ferocidade das forças sionistas demonstra um profundo temor de que a Cisjordânia, território densamente povoado por assentamentos israelenses ilegais, seja arrastada na luta de libertação nacional palestina. Neste sentido, o que os israelenses fazem nada mais é que uma campanha de terror, objetivando tomar posições estratégicas e amedrontar a população para que estes não sejam tentados a somar forças com os palestinos de Gaza. Tal operação, no entanto, parece ser um tiro que saiu pela culatra, tendo em vista que a violência israelense e a conivência dos colaboracionistas do governo da Autoridade Palestina, apenas lograram aumentar a popularidade do Hamas na região.

A Cisjordânia é hoje o território mais desenvolvido sob o controle (mesmo que parcial) da população palestina. Um levante neste região, somando-se na luta de Gaza, seria um desenvolvimento que colocaria o Estado israelense em cheque, cercado em praticamente todos os lados.

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