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São Paulo

‘Operação Dilúvio de Al-Aqsa é o acontecimento mais importante, mais revolucionário desde a Segunda Guerra Mundial’

Em evento marcante, organizado pelo PCO, militantes e ativistas comemoraram ação do 7 de outubro

No dia 7 de outubro, durante o aniversário de um ano da Operação Dilúvio de Al-Aqsa, marco de uma verdadeira revolução na Palestina, o Partido da Causa Operária, ao lado de outras organizações de defesa da luta contra o sionismo, organizou um ato-debate dedicado a analisar e traçar as perspectivas da luta travada pela resistência palestina e árabe contra o Estado de “Israel”. O evento conta com a participação de Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, Ahmed Shehada, presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), Reda Soueid, dirigente do Campo Progressista Árabe, e do analista militar Robinson Farinazzo.

A atividade ocorreu às 19h, no Auditório do Sindicato dos Bancários (Rua São Bento, 413), localizado próximo à estação São Bento do metrô, em São Paulo.

A atividade foi transmitida integralmente pela Causa Operária TV.

O primeiro palestrante da noite foi Reda Sued, que é do Líbano, país que hoje vive sob intensos bombardeios dos assassinos covardes de “Israel”.

“Ao falar do primeiro aniversário da inundação [dilúvio], o significado dessa data é de extrema importância, não só para o povo palestino, mas para o povo árabe em geral e para o Sul Global”, começou Soueid. “Ela aconteceu num momento em que o Ocidente praticamente tinha achado que o domínio sobre o que eles chamam de Oriente Médio — e a gente chama de Oeste da Ásia, que é o leste árabe — tinha sido praticamente tomado“.

Soueid, então, explicou que a ofensiva do imperialismo na região não se dá apenas na Palestina, mas contra todos os povos que resistem à tentativa de dominação por parte das grandes potências. Lembramos que, no caso, destruíram a Líbia, o Sudão, a Síria, o Iraque e o Iêmen. Restaram os países vassalos que faziam a política norte-americana e que financiavam as riquezas, financiavam as guerras do Ocidente”.

E é justamente por isso que a operação de 7 de outubro de 2023 ganhou tamanha importância: “ele praticamente virou de ponta cabeça todo o planeta Terra, trouxe à tona um problema que o Ocidente insistia em esconder, trouxe à tona toda uma memória que tentaram apagar, um crime ocorrido há mais de 75 anos”.

Após a saudação de Soueid, foi a vez do Comandante Robinson Farinazzo fazer a sua análise. “Eu lembro que, quando aconteceu [a Operação Dilúvio de Al-Aqsa], fui chamado em diversos órgãos de comunicação, principalmente na televisão. O pessoal pedia um prognóstico. Falei: eu acho muito difícil a gente fazer um prognóstico de uma campanha rápida, porque não há histórico, né? Nos relatórios militares, nos compêndios militares, não há histórico de uma campanha contra túneis que tenha dado resultado”.

Farinazzo, então, apresentou um balanço da situação catastrófica do exército israelense. “Passado um ano, o Hamas teve, lógico, grandes perdas, teve o seu enfraquecimento, mas continua lá. Não há nenhuma perspectiva de ‘Israel’ tirar o Hamas da Palestina. Eu acho, em termos militares, isso é quase que impossível. Passado mais de um ano, [Benjamin] Netaniahu parece perdido, porque, quando começou a guerra, ele falava que o objetivo era destruir o Hamas e salvar os reféns. O Hamas continua lá, os reféns continuam nos túneis, e agora ele mudou de objetivo. Ele diz que o objetivo dele é trazer de volta os colonos para o norte de Israel, que era um problema que ele não tinha no ano passado”.

O comandante, então, passou a debater o atual conflito no sul do Líbano. Segundo ele, o objetivo dos sionistas não seria acabar com o Hesbolá, visto que tal meta seria inviável. Precisaria de uma força militar de, pelo menos, meio milhão de homens, e Netanyahu sabe que ele não tem capacidade para isso”. Para o analista militar, o objetivo seria provocar uma convulsão social no Líbano.

Eu penso que a ideia é realizar uma série de bombardeios, ao mesmo tempo em que faz um ataque diversional contra o Hamas no sul. Dessa forma, provocar uma cisão. Já há movimentações do governo americano no sentido de pressionar por eleições no Líbano. Parece que eles têm até um candidato favorito. Eu não vejo perspectiva de vitória de Israel, mas, infelizmente, eu acredito que eles vão trazer muito sofrimento ao povo do Líbano.”

Farinazzo também aproveitou o momento para cobrar uma posição firme do governo brasileiro. “Há uma diferença muito grande entre uma operação militar e o moedor de carne com civis, que foi o que aconteceu em Gaza. Então, acho que o Brasil precisa fazer essa pressão. Eu penso que nós, como sociedade organizada, temos que pressionar o governo nesse sentido também para ser mais proativo. Porque a atitude do governo brasileiro, em alguns setores, tem sido bastante dúbia com relação a Israel. Acho que isso não pode continuar dessa forma”.

Após Farinazzo, foi a vez do presidente do Ibraspal tomar a palavra. Ahmed Shehada iniciou sua fala agradecendo os presentes “para comemorar a ação heroica de 7 de outubro de 2023”. Shehada classificou a ação das forças de resistência como “a operação de comando mais profissional, mais perfeita e mais sucedida na era moderna”.

O último palestrante da noite foi Rui Costa Pimenta. O presidente do PCO iniciou seu discurso dizendo que, como bem colocou o companheiro Ahmed, a operação “não terminou e não vai terminar até a vitória definitiva do povo palestino, do povo árabe e dos povos do mundo contra o imperialismo”.

“Para nós, é importante ressaltar a importância política, porque é a política que move o desenvolvimento da sociedade, é a luta política”, começou Pimenta. “Mas, devido à peculiaridade da campanha sionista, da campanha imperialista, que procurou colocar as pessoas contra a parede na questão do que aconteceu na Palestina, nós temos que ver também o aspecto moral”.

O presidente do PCO, então, dedicou a primeira parte de sua fala à crítica às posições desastrosas assumidas pelo governo brasileiro. “Todo mundo sabe que o Lula é um homem de esquerda, que sempre apoiou a Palestina, e quando vemos essa declaração, nós podemos sentir o peso da campanha, da pressão diplomática, da pressão política que está colocada sobre o mundo”. Ele, então, esclareceu: “nós, que temos uma concepção revolucionária do mundo, temos que dizer muito claramente que não apenas a ação dos palestinos é uma ação legítima, como também é um exemplo para todos os povos do mundo que lutam pela sua libertação. Os homens que em Gaza lutam contra a ferocidade do exército sionista são os heróis dos dias de hoje”.

Segundo o presidente do PCO, “a ideia de que essas pessoas [os combatentes palestinos] podem ser classificadas como criminosos é uma ideia que só pode passar pela cabeça de reais criminosos. Um povo que enfrenta um exército de ocupação, várias vezes, milhares de vezes superior em termos de armamentos e recursos, que tem o apoio de todos os países imperialistas que mandam dinheiro, que mandam armas e que providenciam serviços de inteligência”.

Rui Pimenta, então, continuou: “nunca, na história da humanidade, ninguém cobrou do oprimido. Ninguém cobrou da população escrava do Haiti, por exemplo, que simplesmente eliminou fisicamente toda a população branca da ilha essa ação. Porque são oprimidos. Os oprimidos têm direito. Eles conquistaram esse direito pelo fato de serem oprimidos. Considerar que a luta do oprimido contra o opressor é uma luta de fanáticos ou é uma luta criminosa é uma coisa que só pode passar pela cabeça do imperialismo criminoso. Infelizmente, nós vimos o presidente da República repetir essa barbaridade”.

Após a discussão sobre o aspecto moral, Pimenta passou a tratar do aspecto político. “Depois da Segunda Guerra Mundial, a Operação Dilúvio de Al-Aqsa e os acontecimentos que ela desencadeou são o acontecimento político mundial mais importante, mais revolucionário que nós assistimos. E veja que eu não estou falando isso de uma maneira leviana. Eu presenciei a Revolução Portuguesa, a Revolução Iraniana, a Revolução Sandinista, grandes lutas em vários países do mundo. Nós conhecemos a história toda: a luta dos argelinos, a derrota do imperialismo no Vietnã, a derrota do imperialismo na Argélia foram importantes, mas o que está acontecendo na Palestina, o que já aconteceu e continua acontecendo, é um golpe mortal ao imperialismo”.

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