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Oriente Próximo

ONU: crise na Síria pode levar a ‘consequências dramáticas’

Futuro do nordeste da Síria permanece incerto, com a possibilidade de novas ofensivas militares e uma escalada no sofrimento da população civil

A tensão cada vez maior entre militantes curdos liderados pelas Forças Democráticas da Síria (SDF) e grupos apoiados pela Turquia no nordeste da Síria foi classificada como uma ameaça grave pelo enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir Pedersen. Em declaração à imprensa na última segunda-feira (23), Pedersen enfatizou que a má gestão da situação pode gerar impactos devastadores para todo o país.

“Se falharmos aqui, as consequências serão dramáticas, especialmente no que diz respeito ao deslocamento de pessoas”, afirmou Pedersen em entrevista telefônica à agência britânica Reuters. Ele também destacou que a única saída para evitar novos desastres humanitários seria uma solução política que exigirá “compromissos sérios” de todas as partes envolvidas.

Desde o golpe de Estado contra o governo de Bashar al-Assad em 8 de dezembro, os conflitos no nordeste da Síria têm se intensificado. Grupos armados apoiados pela Turquia assumiram o controle da cidade de Manbij em 9 de dezembro e preparam-se para avançar sobre Ayn al-Arab (Kobani), um ponto estratégico na fronteira com o país governado por Recep Erdogan.

A SDF, que tem apoio militar dos Estados Unidos e é liderada pela milícia curda YPG, já sinalizou a disposição de retirar suas forças do local em troca de um cessar-fogo completo. Contudo, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, rejeitou a proposta, exigindo o desmantelamento total da YPG, que Erdogan considera ser uma extensão do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O PKK, por sua vez, é classificado como organização terrorista pelo governo turco.

A situação ocorre em meio a uma mudança significativa no panorama político da Síria. Após a captura de Damasco por mercenários da Al-Qaeda, liderados pelo sionista Abu Mohammad al-Julani, um novo governo de transição começou a se consolidar.

Durante reuniões com o enviado da ONU em Damasco na semana passada, Julani teria garantido que o governo de transição seria “inclusivo para todos”, tentando acalmar os temores de grupos curdos sobre possíveis represálias.

Enquanto a Turquia busca eliminar a influência curda na região, os Estados Unidos continuam a apoiar a SDF, complicando ainda mais a situação. Por outro lado, o novo governo tenta consolidar seu domínio em meio a uma instabilidade cada vez maior.

O futuro do nordeste da Síria permanece incerto, com a possibilidade de novas ofensivas militares e uma escalada no sofrimento da população civil. Ao que tudo indica, o caos reinará no país após a derrubada de Assad.

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