São as tardes de inverno chegando. A fria face e o calor do chá das cinco. Quão bom são os cafés e lareiras. Lembrança dos pássaros indo cedo pelo anoitecer logo, as folhagens sibilando ao sussurro da gélida brisa. O rosto na vidraça vendo mais que apenas o deitar do dia. Tingindo-se de morte, vinha em lugar a lua plácida, das noites estreladas de Minas. O infinito de tão a fazer-nos pequenos sob; em revelações, das fugazes histórias do tempo. Como luz de tarde, era a estrada ao luar cheio. Pés altos, no saltitar da cantiga. A casinha quente das nuvens de sonho e chuvas de estrelas.
Então vinham as fogueiras, danças e risos; quão! Amigos-irmão e campo junto, a relva crescia sobre alvas canelas das botas azuis. Curtos espaços mais, ia-se ao além dourado, montanhas longe do fruir juventude. O vale das fadas.
Eram-se vagas memórias de um passado ido. Talvez aqueles olhos de fogo ainda estivessem aqui, talvez os campos ainda fossem o inteiro todo. Talvez, os passos largos seguissem ao longe; mas nunca deixassem aquilo passar. A eternidade faz-se no existir, sua continuidade é a febre dos desejos.
Ainda me lembro do fogão a lenha sentada, de certas palavras ao vento e promessas ao futuro. O futuro chega, mais que nunca passa o antes, quem sabe o agora? Se ocorreram fatos já não sei, mas estes sonhos são as vagas das águas minhas.
Escrito em 21/5/2012