A imprensa capitalista tem feito um esforço tremendo para comprovar que técnico estrangeiro é melhor que os técnicos brasileiros, e o principal fundamento para isso é o trabalho de Abel Ferreira no Palmeiras nesses últimos anos.
Segundo Walter Casagrande, colunista da Folha de S. Paulo, “o trabalho dele é espetacular. Não tem um trabalho igual ao do Abel em não sei quanto tempo. Desde que ele chegou, todos os anos teve título. […] Espero que ele não saia porque pessoas competentes fazem bem para o futebol brasileiro”
Muitos profissionais da bola discordam dessa avaliação, apesar da pressão da imprensa. Tempos atrás, Dorival Júnior, ex-treinador do São Paulo atual técnico da seleção brasileira, após a vitória contra o Palmeiras na Copa do Brasil, fez duras críticas sobre como os técnicos brasileiros são tratados.
“O treinador brasileiro nunca tem valor. A gente conquista resultados e as coisas acabam caindo no nosso colo. Isso é um aspecto interessante. Raramente as pessoas percebem que essa equipe tem um padrão, assim como a grande maioria das equipes nas quais trabalhei e deixei algo”, afirmou Dorival em coletiva após o jogo.
A posição de Casagrande, na verdade, revela a concepção de colônia expressada pela imprensa nacional. Os colunistas desportivos da imprensa capitalista são os representantes dos interesses internacionais contra o futebol brasileiro. É de conhecimento público sua posição contra a Seleção brasileira e contra seu camisa 10, Neymar.
No tocante ao comando da Canarinho, em outras oportunidades foi cogitado a presença de um técnico estrangeiro na seleção. O nome aventado foi o de Carlo Ancelotti, que se mostrou hostil e relutante sobre a ideia de treinar o Brasil, dando a impressão de que realmente não teria interesse no cargo. Foi, na verdade, uma humilhação.
O debate em torno de Abel Ferreira desenterra o problema Carlo Ancelotti e todo o processo para tentar trazer Ancelotti para a Seleção, marcado por humilhações sucessivas. O treinador italiano demonstrou uma postura arrogante (que também caracteriza Abel Ferreira), enquanto a imprensa brasileira tratou como algo normal essa forma de tratamento, seja de Ancelotti, seja da própria CBF, que tem se mostrado desastrosa em suas ações.
O irônico da situação é que a Itália esteve fora de duas edições da Copa do Mundo, a de 2022 e 2018. E em 2024 caiu nas oitavas para a Suíça. Os portugueses, de Abel Ferreira e Cristiano Ronaldo, tão amados e idolatrados pela imprensa brasileira, nunca ganharam uma Copa do Mundo.
Esse tratamento desdenhoso aos técnicos brasileiros faz parte de uma estratégia maior de desmoralização do futebol e do povo brasileiro em si, uma campanha que visa passar a mensagem de que tudo o que é brasileiro é inferior, especialmente aquilo em que somos os melhores do mundo e por muito tempo: o futebol.
O projeto geral dessa política é acabar com o futebol brasileiro. A valorização do técnico estrangeiro é parte da mesma política que defende a privatização dos clubes, a transformação dos estádios em “arenas” e, em especial, o banimento e perseguição judicial contra as torcidas organizadas, que é quem pode colocar em marcha um movimento contra essas medidas.